PARANAGUADAS
Que importa que tu fales
Que importa que tu files
Que importa que não cales,
Que importa que tu fales
Que importa que te rales,
Que importa-me essa bílis
Que importa que tu fales
Que importa que tu files.
QUESTÃO BROCARDO
— Pife, pufe, pafe, pefe
Pafe, pefe, pife, pufe —
A cacholeta no chefe —
— Pife, pufe, pafe, pefe
Estoure como um tabefe
E o ventre de raiva entufe —
— Pife, pufe, pafe, pefe
Pafe, pefe, pife, pufe!
SEMPRE
Se é certo que o amor é um bem profundo
Se é certo que o amor é um sol ardente,
Eu hei de amar-te sempre neste mundo
E sempre, sempre, sempre — eternamente.
BEIJOS
Nesta Tebaida infinita
Da vida, na sombra oculto,
Eu gosto de olhar o vulto
De uma criança bonita.
Porque afinal as crianças,
Como eu deslumbro-me ao vê-las,
Cintilam como as estrelas,
Florescem como esperanças.
Dentro de mim se projeta
A luz cambiante dos prismas
E batem asas as cismas
Qual passarada irrequieta.
E batem asas e ruflam,
Pelas artísticas plagas,
As auras que as grandes vagas
Dos fundos mares insuflam.
E digo, ó mães, se uma aurora
Fosse a minh’alma sincera,
Os clarões todos eu dera
A uma criança que chora.
Porque se a luz fortalece
Arbustos e as andorinhas,
Também por certo às criancinhas
Conforta, avigora, aquece.
E eu que aplaudo e que rimo
Tudo isso que à luz se regre,
Na vibração mais alegre
As criancinhas estimo.
Portanto, assim, sem refolhos
Beijando a Olga, beijando
Meus sonhos vão, irradiando,
Se derramar em seus olhos!
QUESTÃO BROCARDO
Triolé fura essa pança
Do Delegado — és um russo,
Revolução n’esta dança...
Triolé fura essa pança,
Fura, fura como a lança
Ou como no boi um chuço;
Triolé fura essa panca
Do Delegado — és um russo.
AS DEVOTAS
I
Enquanto o sino bimbalha,
Bimbalha, bimbalha e tine,
Lançai do olhar a migalha
— Enquanto o sino bimbalha —
À raça que se amortalha
No horror que não se define...
Enquanto o sino bimbalha
Bimbalha, bimbalha e tine.
II
Perto da Igreja a senzala,
O Cristo junto aos escravos
E, pois, deveis visitá-la,
Perto da Igreja, a senzala
E procurar transformá-la
Da luz às palmas, aos bravos!...
Perto da Igreja a senzala,
O Cristo junto aos escravos.
III
E tão-somente por isto
Enquanto o sino bimbalha,
Bem antes de terdes visto
— E tão-somente por isto —
Todo o martírio do Cristo,
O vosso amor que lhes valha,
E tão-somente por isto,
Enquanto o sino bimbalha.
[DE CLAQUE, CASACA E LUVA]
De claque, casaca e luva,
De luva, casaca e claque
Ao rendezvous da viúva,
De claque, casaca e luva,
Tu vais — arrostas a chuva
No macadam — plaque, plaque...
De claque, casaca e luva,
De luva, casaca e claque.
[MEUS ESPLÊNDIDOS DESEJOS]
Meus esplêndidos desejos
Emigram, como beijos,
Pelo azul espaço, em curvas,
Rasgando essas brumas turvas;
Pelo sol das primaveras,
Batendo as asas brancas,
Como, batem, quimeras...
.........................
Voai, andorinhas francas!
[NUNCA SE CALA O CALLADO]
Nunca se cala o Callado
E sempre o Callado, fala
Callado que não se cala,
Nunca se cala o Callado,
Callado sem ser calado,
Callado que é tão falado...
Nunca se cala o Callado
E sempre o Callado, fala.
[ESTOURE COMO O CHAMPAGNE]
Estoure como o champagne
O triolé — pule e salte
E como os gatos arranhe,
Estoure como o champagne
E a cara dos erros lanhe
E como o sol nunca falte...
Estoure como o champagne
O triolé — pule e salte.
[PARECE UM CÉU ESTRELADO]
Parece um céu estrelado
Esta vida de nós dois
Depois d’aquele passado...
Parece um céu estrelado
Largo, puro, undiflavado
Depois do pesar, depois,
Parece um céu estrelado
Esta vida de nós dois.
[LEVANTEM ESTA BANDEIRA]
Levantem esta bandeira
Da posição de farrapo;
Da terra azul brasileira
Levantem esta bandeira
Que sente o horror da esterqueira
Da escravidão — negro sapo.
Levantem esta bandeira
Da posição de farrapo.
OLHARES
Teus traquinantes olhinhos
Continhas, Ziza, parecem;
Zigzagam sempre, tontinhos
Teus traquinantes olhinhos;
Tão pretos, tão redondinhos
Olhinhos que me embevecem,
Teus traquinantes olhinhos
Continhas, Ziza, parecem.
[NAS EXPLOSÕES DE BONS RISOS]
Nas explosões de bons risos
Os triolés petulantes
Chocalhem, tinam, precisos
Nas explosões de bons risos,
Tilintem como mil guisos
Sonoros, raros, vibrantes
Nas explosões de bons risos,
Os triolés petulantes.
[PRESO AO TRAPÉZIO DA RIMA]
Preso ao trapézio da rima
Triolé — pega estes zotes
E dá-lhes de baixo acima
Preso ao trapézio da rima
Na mais artística esgrima
D’estouros e piparotes,
Preso, ao trapézio da rima
Triolé — pega estes zotes.
GRITO DE GUERRA
Aos senhores que libertam escravos
Bem! A palavra dentro em vós escrita
Em colossais e rubros caracteres,
É valorosa, pródiga, infinita,
Tem proporções de claros rosicleres.
Como uma chuva olímpica de estrelas
Todas as vidas livres, fulgurosas,
Resplandecendo, — vós tereis de vê-las
Rolar, rolar nas vastidões gloriosas.
Basta do escravo, ao suplicante rogo,
Subindo acima das etéreas gazas,
Do sol da idéia no escaldante fogo,
Queimar, queimar as rutilantes asas.
Queimar nas chamas luminosas, francas
Embora o grito da matéria apague-as;
Porque afinal as consciências brancas
São imponentes como as grandes águias.
Basta na forja, no arsenal da idéia,
Fundir a idéia que mais bela achardes,
Como uma enorme e fúlgida Odisséia
Da humanidade aos imortais alardes.
Quem como vós principiou na festa
Da liberdade vitoriosa e grande,
Há de sentir no coração a orquestra
Do amor que como um bom luar se expande.
Vamos! São horas de rasgar das frontes
Os véus sangrentos das fatais desgraças
E encher da luz dos vastos horizontes
Todos os tristes corações das raças...
A mocidade é uma falena de ouro,
Dela é que irrompe o sol do bem mais puro:
Vamos! Erguei vosso ideal tão louro
Para remir o universal futuro...
O pensamento é como o mar — rebenta,
Ferve, combate — herculeamente enorme
E como o mar na maior febre aumenta,
Trabalha, luta com furor — não dorme.
Abri portanto a agigantada leiva,
Quebrando a fundo os espectrais embargos,
Pois que entrareis, numa explosão de seiva,
Muito melhor nos panteões mais largos.
Vão desfilando como azuis coortes
De aves alegres nas esferas calmas,
Na atmosfera espiritual dos fortes,
Os aguerridos batalhões das almas.
Quem vai da sombra para a luz partindo
Quanta amargura foi talvez deixando
Pelas estradas da existência — rindo
Fora — mas dentro, que ilusões chorando.
Da treva o escuro e aprofundado abismo
Enchei, fartai de essenciais auroras,
E o americano e fértil organismo
De retumbantes vibrações sonoras.
Fecundos germens racionais produzam
Nessas cabeças, claridões de maios...
Cruzem-se em vós — como também se cruzam
Raios e raios na amplidão dos raios.
Os britadores sociais e rudes
Da luz vital às bélicas trombetas,
Hão de formar de todas as virtudes
As seculares, brônzeas picaretas.
Para que o mal nos antros se contorça
Ante o pensar que o sangue vos abala,
Para subir — é necessário — é força
Descer primeiro a noite da senzala.
[DA LUA AOS RAIOS PRATEADOS]
Da Lua aos raios prateados
Que no horizonte se espargem,
Como fulguram os prados
Da lua aos raios prateados,
Há vagos silfos alados
Do rio azul pela margem
Da lua aos raios prateados
Que no horizonte se espargem.
[TEUS OLHOS BELOS POR DENTRO]
Teus olhos belos por dentro
De grandes colorações,
Parecem ter pelo centro
Teus olhos belos por dentro
A luz vital onde eu entro
E saio imerso em clarões...
Teus olhos belos, por dentro
De grandes colorações.
[TEUS OLHOS — ESSES CARINHOS]
Teus olhos — esses carinhos,
Esse casal de ilusões
Tão doces como os arminhos,
Teus olhos — esses carinhos
Parecem ser os dois ninhos
Das minhas consolações,
Teus olhos — esses carinhos
Esse casal de ilusões!...
[ENQUANTO ESTE SANGUE FERVE]
Enquanto este sangue ferve
Com força, com toda a força,
Palpite a fibra da verve
Enquanto este sangue ferve
Esmague-se o que não serve
Na treva o Mal se contorça,
Enquanto este sangue ferve,
Com força, com toda a força.
[MERECE O BOM DO VIDAL]
Merece o bom do Vidal
Que é mesmo um Joca de truz,
Ter também com o seu Fiscal,
Merece o bom do Vidal
Um banquete bambual,
De cem milhões de bambus
Merece o bom do Vidal
Que é mesmo um Joca de truz!
[QUANDO ELA ESTÁ DE COLETE]
Quando ela está de colete,
Espartilhada, irradiante
Vestida de azul-ferrete
Quando ela está de colete
Em mim cruzando o florete
Do seu olhar — que elegante
Quando ela está de colete,
Espartilhada, irradiante.
[EMBORA EU NÃO TENHA LOUROS]
Embora eu não tenha louros
Como esses grandes heróis
E nem da idéia os tesouros,
Embora eu não tenha louros,
Talvez nos tempos vindouros
Traduza o poema dos sóis,
Embora eu não tenha louros
Como esses grandes heróis.
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Que importa que tu fales
Que importa que tu files
Que importa que não cales,
Que importa que tu fales
Que importa que te rales,
Que importa-me essa bílis
Que importa que tu fales
Que importa que tu files.
QUESTÃO BROCARDO
— Pife, pufe, pafe, pefe
Pafe, pefe, pife, pufe —
A cacholeta no chefe —
— Pife, pufe, pafe, pefe
Estoure como um tabefe
E o ventre de raiva entufe —
— Pife, pufe, pafe, pefe
Pafe, pefe, pife, pufe!
SEMPRE
Se é certo que o amor é um bem profundo
Se é certo que o amor é um sol ardente,
Eu hei de amar-te sempre neste mundo
E sempre, sempre, sempre — eternamente.
BEIJOS
Nesta Tebaida infinita
Da vida, na sombra oculto,
Eu gosto de olhar o vulto
De uma criança bonita.
Porque afinal as crianças,
Como eu deslumbro-me ao vê-las,
Cintilam como as estrelas,
Florescem como esperanças.
Dentro de mim se projeta
A luz cambiante dos prismas
E batem asas as cismas
Qual passarada irrequieta.
E batem asas e ruflam,
Pelas artísticas plagas,
As auras que as grandes vagas
Dos fundos mares insuflam.
E digo, ó mães, se uma aurora
Fosse a minh’alma sincera,
Os clarões todos eu dera
A uma criança que chora.
Porque se a luz fortalece
Arbustos e as andorinhas,
Também por certo às criancinhas
Conforta, avigora, aquece.
E eu que aplaudo e que rimo
Tudo isso que à luz se regre,
Na vibração mais alegre
As criancinhas estimo.
Portanto, assim, sem refolhos
Beijando a Olga, beijando
Meus sonhos vão, irradiando,
Se derramar em seus olhos!
QUESTÃO BROCARDO
Triolé fura essa pança
Do Delegado — és um russo,
Revolução n’esta dança...
Triolé fura essa pança,
Fura, fura como a lança
Ou como no boi um chuço;
Triolé fura essa panca
Do Delegado — és um russo.
AS DEVOTAS
I
Enquanto o sino bimbalha,
Bimbalha, bimbalha e tine,
Lançai do olhar a migalha
— Enquanto o sino bimbalha —
À raça que se amortalha
No horror que não se define...
Enquanto o sino bimbalha
Bimbalha, bimbalha e tine.
II
Perto da Igreja a senzala,
O Cristo junto aos escravos
E, pois, deveis visitá-la,
Perto da Igreja, a senzala
E procurar transformá-la
Da luz às palmas, aos bravos!...
Perto da Igreja a senzala,
O Cristo junto aos escravos.
III
E tão-somente por isto
Enquanto o sino bimbalha,
Bem antes de terdes visto
— E tão-somente por isto —
Todo o martírio do Cristo,
O vosso amor que lhes valha,
E tão-somente por isto,
Enquanto o sino bimbalha.
[DE CLAQUE, CASACA E LUVA]
De claque, casaca e luva,
De luva, casaca e claque
Ao rendezvous da viúva,
De claque, casaca e luva,
Tu vais — arrostas a chuva
No macadam — plaque, plaque...
De claque, casaca e luva,
De luva, casaca e claque.
[MEUS ESPLÊNDIDOS DESEJOS]
Meus esplêndidos desejos
Emigram, como beijos,
Pelo azul espaço, em curvas,
Rasgando essas brumas turvas;
Pelo sol das primaveras,
Batendo as asas brancas,
Como, batem, quimeras...
.........................
Voai, andorinhas francas!
[NUNCA SE CALA O CALLADO]
Nunca se cala o Callado
E sempre o Callado, fala
Callado que não se cala,
Nunca se cala o Callado,
Callado sem ser calado,
Callado que é tão falado...
Nunca se cala o Callado
E sempre o Callado, fala.
[ESTOURE COMO O CHAMPAGNE]
Estoure como o champagne
O triolé — pule e salte
E como os gatos arranhe,
Estoure como o champagne
E a cara dos erros lanhe
E como o sol nunca falte...
Estoure como o champagne
O triolé — pule e salte.
[PARECE UM CÉU ESTRELADO]
Parece um céu estrelado
Esta vida de nós dois
Depois d’aquele passado...
Parece um céu estrelado
Largo, puro, undiflavado
Depois do pesar, depois,
Parece um céu estrelado
Esta vida de nós dois.
[LEVANTEM ESTA BANDEIRA]
Levantem esta bandeira
Da posição de farrapo;
Da terra azul brasileira
Levantem esta bandeira
Que sente o horror da esterqueira
Da escravidão — negro sapo.
Levantem esta bandeira
Da posição de farrapo.
OLHARES
Teus traquinantes olhinhos
Continhas, Ziza, parecem;
Zigzagam sempre, tontinhos
Teus traquinantes olhinhos;
Tão pretos, tão redondinhos
Olhinhos que me embevecem,
Teus traquinantes olhinhos
Continhas, Ziza, parecem.
[NAS EXPLOSÕES DE BONS RISOS]
Nas explosões de bons risos
Os triolés petulantes
Chocalhem, tinam, precisos
Nas explosões de bons risos,
Tilintem como mil guisos
Sonoros, raros, vibrantes
Nas explosões de bons risos,
Os triolés petulantes.
[PRESO AO TRAPÉZIO DA RIMA]
Preso ao trapézio da rima
Triolé — pega estes zotes
E dá-lhes de baixo acima
Preso ao trapézio da rima
Na mais artística esgrima
D’estouros e piparotes,
Preso, ao trapézio da rima
Triolé — pega estes zotes.
GRITO DE GUERRA
Aos senhores que libertam escravos
Bem! A palavra dentro em vós escrita
Em colossais e rubros caracteres,
É valorosa, pródiga, infinita,
Tem proporções de claros rosicleres.
Como uma chuva olímpica de estrelas
Todas as vidas livres, fulgurosas,
Resplandecendo, — vós tereis de vê-las
Rolar, rolar nas vastidões gloriosas.
Basta do escravo, ao suplicante rogo,
Subindo acima das etéreas gazas,
Do sol da idéia no escaldante fogo,
Queimar, queimar as rutilantes asas.
Queimar nas chamas luminosas, francas
Embora o grito da matéria apague-as;
Porque afinal as consciências brancas
São imponentes como as grandes águias.
Basta na forja, no arsenal da idéia,
Fundir a idéia que mais bela achardes,
Como uma enorme e fúlgida Odisséia
Da humanidade aos imortais alardes.
Quem como vós principiou na festa
Da liberdade vitoriosa e grande,
Há de sentir no coração a orquestra
Do amor que como um bom luar se expande.
Vamos! São horas de rasgar das frontes
Os véus sangrentos das fatais desgraças
E encher da luz dos vastos horizontes
Todos os tristes corações das raças...
A mocidade é uma falena de ouro,
Dela é que irrompe o sol do bem mais puro:
Vamos! Erguei vosso ideal tão louro
Para remir o universal futuro...
O pensamento é como o mar — rebenta,
Ferve, combate — herculeamente enorme
E como o mar na maior febre aumenta,
Trabalha, luta com furor — não dorme.
Abri portanto a agigantada leiva,
Quebrando a fundo os espectrais embargos,
Pois que entrareis, numa explosão de seiva,
Muito melhor nos panteões mais largos.
Vão desfilando como azuis coortes
De aves alegres nas esferas calmas,
Na atmosfera espiritual dos fortes,
Os aguerridos batalhões das almas.
Quem vai da sombra para a luz partindo
Quanta amargura foi talvez deixando
Pelas estradas da existência — rindo
Fora — mas dentro, que ilusões chorando.
Da treva o escuro e aprofundado abismo
Enchei, fartai de essenciais auroras,
E o americano e fértil organismo
De retumbantes vibrações sonoras.
Fecundos germens racionais produzam
Nessas cabeças, claridões de maios...
Cruzem-se em vós — como também se cruzam
Raios e raios na amplidão dos raios.
Os britadores sociais e rudes
Da luz vital às bélicas trombetas,
Hão de formar de todas as virtudes
As seculares, brônzeas picaretas.
Para que o mal nos antros se contorça
Ante o pensar que o sangue vos abala,
Para subir — é necessário — é força
Descer primeiro a noite da senzala.
[DA LUA AOS RAIOS PRATEADOS]
Da Lua aos raios prateados
Que no horizonte se espargem,
Como fulguram os prados
Da lua aos raios prateados,
Há vagos silfos alados
Do rio azul pela margem
Da lua aos raios prateados
Que no horizonte se espargem.
[TEUS OLHOS BELOS POR DENTRO]
Teus olhos belos por dentro
De grandes colorações,
Parecem ter pelo centro
Teus olhos belos por dentro
A luz vital onde eu entro
E saio imerso em clarões...
Teus olhos belos, por dentro
De grandes colorações.
[TEUS OLHOS — ESSES CARINHOS]
Teus olhos — esses carinhos,
Esse casal de ilusões
Tão doces como os arminhos,
Teus olhos — esses carinhos
Parecem ser os dois ninhos
Das minhas consolações,
Teus olhos — esses carinhos
Esse casal de ilusões!...
[ENQUANTO ESTE SANGUE FERVE]
Enquanto este sangue ferve
Com força, com toda a força,
Palpite a fibra da verve
Enquanto este sangue ferve
Esmague-se o que não serve
Na treva o Mal se contorça,
Enquanto este sangue ferve,
Com força, com toda a força.
[MERECE O BOM DO VIDAL]
Merece o bom do Vidal
Que é mesmo um Joca de truz,
Ter também com o seu Fiscal,
Merece o bom do Vidal
Um banquete bambual,
De cem milhões de bambus
Merece o bom do Vidal
Que é mesmo um Joca de truz!
[QUANDO ELA ESTÁ DE COLETE]
Quando ela está de colete,
Espartilhada, irradiante
Vestida de azul-ferrete
Quando ela está de colete
Em mim cruzando o florete
Do seu olhar — que elegante
Quando ela está de colete,
Espartilhada, irradiante.
[EMBORA EU NÃO TENHA LOUROS]
Embora eu não tenha louros
Como esses grandes heróis
E nem da idéia os tesouros,
Embora eu não tenha louros,
Talvez nos tempos vindouros
Traduza o poema dos sóis,
Embora eu não tenha louros
Como esses grandes heróis.
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Fonte:
Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional.
Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional.
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