quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Poesia Concreta


Ao trabalhar de forma integrada o som, a visualidade e o sentido das palavras, a poesia concreta propõe novos modos de fazer poesia, visando a uma ‘arte geral da palavra’. A expressão joyceana verbivocovisual sintetiza essa proposta que, desde os anos 1950, foi colocada em prática pelos poetas Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, José Lino Grünewald e Ronaldo Azeredo, desdobrando-se até hoje, ao longo de mais de cinco décadas de produção em suportes e meios técnicos diversos – livro, revista, jornal, cartaz, objeto, lp, cd, videotexto, holografia, vídeo, internet.

Concebida no calor do empreendimento mais geral de construção de um Brasil moderno, como um projeto em desenvolvimento, esta poesia coloca em jogo formas renovadas de sensibilidade e de experiência. Alarga, ao mesmo tempo, os parâmetros de discussão de poesia, ultrapassando o âmbito literário.

Os poetas concretos estabeleceram, desde o início, ligações entre a sua produção, a música contemporânea, as artes visuais e o design de linhagem construtivista. Reprocessaram elementos dessas artes em seus poemas e mantiveram extensa colaboração com artistas e designers, compositores e intérpretes, seja na esfera da música erudita, seja na da música popular, sem falar de outros poetas e críticos, tanto do Brasil quanto do exterior.

Além de sua própria produção e da atividade teórica, empenharam-se ainda na constituição de um amplo repertório de formas poéticas, por meio da revisão crítica de autores e da tradução de uma grande variedade de obras de outros idiomas para o português, sob o parâmetro da invenção estética.

Características

A poesia concreta surgiu com o Concretismo, fase literária voltada para a valorização e incorporação dos aspectos geométricos à arte (música, poesia, artes pláticas).

Em 1952, a poesia concreta tem seu marco inicial através da publicação da revista “Noigrandes”, fundada por três poetas: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.

Contudo, é em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo, que a poesia concreta se consolida como uma nova e inusitada vertente da literatura brasileira.

O poema do Concretismo tem como característica primordial o uso das disponibilidades gráficas que as palavras possuem sem preocupações com a estética tradicional de começo, meio e fim e, por este motivo, é chamado de poema-objeto.

Outros atributos que podemos apontar deste tipo de poesia são:

- a eliminação do verso;
- o aproveitamento do espaço em branco da página para disposição das palavras;
- a exploração dos aspectos sonoros, visuais e semânticos dos vocábulos;
- o uso de neologismos e termos estrangeiros;
- decomposição das palavras;
- possibilidades de múltiplas leituras.

A comunicação através do visual era a forma de expressão de todas as poesias concretas. No entanto, houve particularidades que diferenciavam os poemas deste período em tipos de poesias. Vejamos:

● Poesia-Práxis: movimento liderado por Mário Chamie, que a partir de 1961 começou a adotar a palavra como organismo vivo gerador de novos organismos vivos, ou seja, de novas palavras.

● Poesia social: movimento de reação contra os formalismos da poesia concreta, os quais eram considerados exagerados por um grupo de artistas. Estes lutavam para o retorno e a inclusão de uma linguagem simples e de temas direcionados à realidade social. Artistas como Ferreira Gullar e Thiago de Mello foram adeptos dessa visão.

● Tropicalismo: movimento advindo do universo musical dos anos 67 e 68, que retomava as propostas de Oswald de Andrade com o Manifesto Antropófago e adotou o pensamento de aproveitar qualquer cultura, independente de onde viesse.

● Poesia Marginal: surgiu na década de 70 e é chamada de “marginal” porque não possuía vínculos com editoras ou distribuidoras para edição e/ou publicação, ou seja, era produção independente.

Fontes:
http://www.mundoeducacao.com.br/literatura/poesia-concreta.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia_concreta
http://www.poesiaconcreta.com.br/

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