Na pequena aldeia judaica no sul da Rússia, a cada sexta-feira, na festa do Shabat, a cena se repetia na casa de Itzik Nussembaum. Esther, sua mulher, apresentava ao marido e aos dois filhos o dedo anular – segundo ela, apenas um dedo feio e maltratado em mãos feias e matratadas – e, num gesto reverente, solene, orgulhoso, coloca nele o velho anel da família. Que tem um belíssimo diamante engastado.
É este diamante o centro de uma história fascinante que começa em 1662 numa vila escondida de Minas Gerais, onde é encontrado. Do século XVII, o diamante é levado do Arraial da Cabra Branca por um cristão-novo que foge da Inquisição para a Holanda. Na Europa, a pedra é lapidada por um discípulo do Spinoza - numa das mais belas passagens do livro, em que se associam as idéias geniais do filósofo ao valor de mercadorias e ao sentido da própria vida.
Roubada por outro discípulo de Spinoza, o diamante chega à Rússia, onde se torna herança de família e passar a ser usado por Esther Nussembaum. Quando esta família decide fugir da Rússia, já no começo do século XX, para tentar vida nova no Brasil, se dão conta de que a única coisa valiosa que possuem é o diamante. Com medo dos bandidos na fronteira, fazem com que um dos filhos engula o aro do anel e, o outro, a pedra preciosa. Este último, Gregório, fica com o diamante preso no intestino, o que gera terríveis dramas familiares.
Numa narrativa engenhosa, Moacyr Scliar traz à cena figuras como o padre Antonio Vieira e o filósofo Spinoza, tornando o leitor cúmplice de um saboroso jogo entre realidade e ficção e conduzindo-o a um final absolutamente inesperado.
Há muitos anos Scliar tinha em mente a história de um diamante viajando no tempo e no mundo. O convite para que assinasse o livro inspirado no dedo anular caiu, literal e metaforicamente, como luva - e assim Na Noite do Ventre, o diamante encerra de forma brilhante a coleção Cinco Dedos de Prosa.
Moacyr Scliar é também médico, membro da Academia Brasileira de Letras, autor de 73 livros, bem como professor na área de saúde pública no Rio Grande do Sul, seu estado natal.
Fonte:
Editora Objetiva
É este diamante o centro de uma história fascinante que começa em 1662 numa vila escondida de Minas Gerais, onde é encontrado. Do século XVII, o diamante é levado do Arraial da Cabra Branca por um cristão-novo que foge da Inquisição para a Holanda. Na Europa, a pedra é lapidada por um discípulo do Spinoza - numa das mais belas passagens do livro, em que se associam as idéias geniais do filósofo ao valor de mercadorias e ao sentido da própria vida.
Roubada por outro discípulo de Spinoza, o diamante chega à Rússia, onde se torna herança de família e passar a ser usado por Esther Nussembaum. Quando esta família decide fugir da Rússia, já no começo do século XX, para tentar vida nova no Brasil, se dão conta de que a única coisa valiosa que possuem é o diamante. Com medo dos bandidos na fronteira, fazem com que um dos filhos engula o aro do anel e, o outro, a pedra preciosa. Este último, Gregório, fica com o diamante preso no intestino, o que gera terríveis dramas familiares.
Numa narrativa engenhosa, Moacyr Scliar traz à cena figuras como o padre Antonio Vieira e o filósofo Spinoza, tornando o leitor cúmplice de um saboroso jogo entre realidade e ficção e conduzindo-o a um final absolutamente inesperado.
Há muitos anos Scliar tinha em mente a história de um diamante viajando no tempo e no mundo. O convite para que assinasse o livro inspirado no dedo anular caiu, literal e metaforicamente, como luva - e assim Na Noite do Ventre, o diamante encerra de forma brilhante a coleção Cinco Dedos de Prosa.
Moacyr Scliar é também médico, membro da Academia Brasileira de Letras, autor de 73 livros, bem como professor na área de saúde pública no Rio Grande do Sul, seu estado natal.
Fonte:
Editora Objetiva
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