terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lairton Trovão de Andrade (Baú de Trovas)


Faço trovas noite e dia,
minto à imaginação...
Vivo, então, minha alegria
na magia da ilusão.

Quão exímia pensadora
é a coruja que se cala.
É tão nobre esta doutora,
que besteira nunca fala.

Dinheiro e felicidade
são coisas que nos convém;
sem ele a calamidade
nos leva cedo pro além.

Que coisa descomunal
aquele curvo nariz
que, ao assoar, é um temporal...
- e escorrer qual chafariz

Naqueles tempos de antanho,
ninguém era assim tão homem:
Havia pavor tamanho
das noites de lobisomem.

Há coisa que não te explico
na desditosa paixão:
Com quem me quer eu não fico,
com quem quero me diz “não”.

Com seu instinto de fome,
no casório está o glutão;
guloso, tudo consome
e cobre de ossos meu chão.

Mulher é anjo da guarda,
seiva de vida na terra;
em tudo, sempre vanguarda,
pomba de paz e...de guerra.

O tal velhaco, ao comprar,
é labioso em sua história;
mas, depois, não quer pegar,
diz até não ter memória.

Na trova – mau aprendiz,
na bola – perna de pau,
na foice – quebra os quadris,
mas toca bem berimbau!

Minha cara, dá-me a mão,
é por ti que vivo e morro!
Dá-me afeto, sim, do cão,
Não, porém, de um “cão cachorro”

As horas todas do mundo
pertencem ao joão-preguiça;
dá vida em ser vagabundo,
- nem por viver tem cobiça.

Nos horários de verão,
os galos em trapalhada,
sem saber que horas são,
cantam sempre em hora errada.

Vive o invejoso feliz
com toda alheia desgraça;
fingindo, é o que sempre diz:
- “Coitado! Ele é boa praça”!
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Fonte:
ANDRADE, Lairton Trovão de. Sinos de Trovas II. Portal CEN, 2006. Livro inteiro disponível em http://www.caestamosnos.org

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