domingo, 15 de agosto de 2010

José Feldman (Lágrimas de um Coração Sofredor)



Sentado na varanda da casa fico a olhar a rua. Pela mente passaram-se muitos anos felizes da vida.

Os passeios com a minha esposa pelo Jardim da Luz. As tardes que sentavamos juntos no banco da praça e ficavamos a olhar as árvores e trocávamos palavras de amor, e sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

Lembro-me das noites que ficávamos sentados nas mesas da esquina de um bar no Bom Retiro, onde comiamos porções e tomávamos cervejas, e sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

As caminhadas que faziamos pelo Bom Retiro, percorrendo ruas e ruas, e conversavamos e sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

Lembro-me da primeira casa que moramos no bairro do Bexiga, uma kitinete, que mal dava para se mexer, mas moravamos os dois e a gata persa. E sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

A gatinha estava grávida e deu filhotinhos, e ficamos com um todo cinza. Nasceu no dia que o Robert Plant e Jimmy Page se apresentaram no Pacaembu. Foi só alegria. E sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

Trabalhavamos o dia inteiro, mas tinhamos toda a noite a nossa disposição. Riamos, brincavamos, faziamos amigos. E sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

Mudamos para uma cidade proxima a São Paulo, depois para Curitiba. A situação estava negra, mas nos viravamos. E sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

Novos gatos, uma cachorra. Novos amigos, novos passeios, novos caminhos, mas sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

E assim foi, aos trancos e barrancos, mudando de endereços, de cidades, ora se acertando, ora se desesperando, a vida caminhou e caminhamos em direção a nossos sonhos. E sonhavamos, nos amávamos e namorávamos.

Um dia…apenas eu sonhava, amava e queria namorar. Ela cansou de sonhar, de lutar, de amar e de namorar e foi embora. Só ficou um vazio enorme dentro do peito, um coração fragilizado que sofre por amor, e a noite escura que parece não ter fim.

Nunca mais sonhamos, nem amamos e nem namoramos...

2 comentários:

Unknown disse...

O tempo não cura tudo, mas tira o incurável do centro das atenções.

josé roberto balestra disse...

Ela'inda não sabia o qu'era amar um coração poeta; só ser amada. Na floresta cada árvore tem sua história; todo dia nasce outra... O chão tem d'encantos; pela estrada que s'vai também s'vem o novo em flor.
abs