quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas III)


A minha infância tão pobre
com tantas dificuldades,
mas não deixou de ser nobre,
pois dela sinto saudades.

Amor de triste memória
que me envolveu tantos dias,
hoje é uma simples estória
de falsas alegorias...

Ando à procura de alguém
que me venha dar carinho,
como estou não me convém,
não quero viver sozinho.

À noite sonho contigo
em meu céu de fantasia,
mas depois pra meu castigo
não te encontro noutro dia.

A noite toda em vigília
esperando amanhecer,
pois quando enfim o sol brilha
hei de te ouvir e te ver.

A poesia que me invade
em horas de inspiração,
além de cantar saudade,
também canta solidão!

As cartas que me escrevias
com tanto amor e saudade,
acalentavam meus dias
cheios de felicidade.

As trovas que aqui deponho
à apreciação dos leitores,
são os frutos do meu sonho
que colhi nos meus amores...

Cada dia uma rotina
que devo sempre seguir,
entretanto a vida ensina
que não posso desistir.

Certa saudade descobre
o que ficou à distância:
velha esperança de pobre
dos tempos da minha infância...

“C’est la vie!”, diz o francês
em meio do burburinho...
“Time is money!”, diz o inglês
ao seguir o seu caminho...

Contigo no pensamento
não lembro de mais ninguém:
és meu prazer e tormento,
mas algo que me faz bem...

Contigo no pensamento
tento dormir e esquecer;
no entanto, pra meu tormento
tu não sais do meu viver...

Dediquei-me tanto ao estudo
que quase fiquei mais louco,
procurando saber tudo,
vejo que aprendi tão pouco...

Deve a trova ser singela
e atingir os corações;
quanto mais simples mais bela,
embora tenha “chavões”.

És a musa dos meus versos
que me inspira quando canto
e nos momentos adversos
o motivo do meu pranto.

Esperava compreender
o que me causa aflição,
para não permanecer
nesta horrível confusão.

Esperava o teu sorriso
em teus lábios e nos olhos;
quase perdi o juízo
quando me lançaste abrolhos...

Esta grande desventura
que me causa tanta dor;
eu já creio: não tem cura...
pois perdi o teu amor.

Eu faço trovas sentidas
nestas noites de luar:
são as “paixões recolhidas”
que não consigo olvidar.

Eu que já fiz do meu sonho
um castelo de ilusão,
hoje somente componho
pra matar a solidão.

Faze o verso sem barulho
de trovador solitário,
que se usares falso orgulho
não passarás de um otário.

Já fiz trovas de improviso,
mas com muita reflexão,
pois de uma coisa preciso:
é não perder a razão...

Meus versos estão presentes
na tristeza e na alegria,
e nisso são procedentes
da luta do dia-a-dia.

Minha vida está repleta
de amores incompreendidos
que me fazem ser poeta
de versos arrependidos.

Não adianta querer tanto,
nem amar sem ser amado,
foi assim meu desencanto
ao me sentir desprezado.

Não tarda vir a alvorada
trazendo nova esperança
de prosseguir na jornada
com mais fé e mais confiança.

Não te direi novamente
de minha mágoa sem causa,
ficarei indiferente
como quem pede uma pausa.

Nesta vida quotidiana
cuja rotina me cansa,
apesar do que me engana
sempre resta uma esperança.

No “Meu Caminho até Ontem”
busquei no amor esperanças,
pretendendo que despontem
“Minhas Amáveis Lembranças”.

Nosso amor sem persistência
teve pouca duração,
assim foi sua existência
como chuva de verão.

No tumulto desta vida
nos encontramos um dia,
e sendo minha escolhida
você não me escolheria.

Ouvindo o rumor das águas
eu me ponho a suplicar:
que levem as minhas mágoas
e as afoguem lá no mar.

O verso nasce espontâneo
quando surge a inspiração;
é tal qual um ritmo estranho
a formar uma canção.

Pablo Neruda, o cantor
que leio de madrugada:
“Veinte Poemas de Amor”
e a “Canción Desesperada”.

Perambulando sozinho,
andando por aí a esmo,
eu vejo que este caminho
me faz fugir de mim mesmo.

Por que será que a saudade
traz tanta contradição?!
Pode ser felicidade
e também desilusão...

Quando te vi num relance
meu coração despertou,
sonhando um novo romance
que não se concretizou.

“Quem ama sempre perdoa...”
diz um dito popular,
mas o desprezo magoa
por mais que se queira amar.

“Quem canta os males espanta...”;
certo ditado assim diz,
porque chorar não adianta
e torna o ser infeliz...

Quem ler meus versos verá
que procurei ser feliz;
e afinal entenderá
que nunca tive o que quis.

Se a tristeza me visita
canto uma trova somente,
e desta forma a desdita
foge e me torno contente.

Sou um simples trovador
que vive cantando ao léu
e faço apenas do amor
o meu precioso troféu.

Tantas trovas, tantos versos...
afinal me convenci,
que embora sejam diversos
são dedicados a ti.

Tens razão quando me dizes
que não queres meu amor,
para os pobres infelizes
existe somente a dor.

Uma trova pequenina
demonstra como um teorema,
a realidade que ensina
e diz mais do que um poema.

Vamos em frente, vencendo
as agruras da jornada
e estaremos compreendendo
que não lutamos por nada.

Vem reclinar-te em meus braços
para que eu sinta em meu peito
o calor dos teus abraços
e viva assim... satisfeito.

Viver contigo não posso,
te deixar é o meu destino;
pois quero ver se remoço
e retorno a ser menino.

Vou cantar a noite inteira
até surgir a alvorada,
que minh’alma seresteira
vive sonhando acordada.

Fonte:
Colaboração do Trovador

Um comentário:

ialmar pio disse...

Boa noite, amigo e confrade José Feldman.
Agradeço-lhe a poestagem de minhas trovas. Ficou ótimo. Abraços,

Ialmar Pio Schneider