quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Erasmo Pilotto (1910 – 1992)


Erasmo Pilotto nasceu em Rebouças, no Paraná no dia 21 de outubro de 1910. Seu pai era telegrafista e sua mãe, professora primária. Fez o curso primário em várias escolas públicas de Curitiba, como: Grupo Escolar Xavier da Silva, Grupo 19 de dezembro, e na Escola de Júlio Teodorico Guimarães instalada onde hoje funciona a escola de Belas Artes, na rua Emiliano Perneta. Fez o Curso secundário no Ginásio Paranaense . O ginásio oferecia excelentes oportunidades para o aprimoramento cultural. Não havia promoções por média. Na época das provas, eram examinados dez alunos diariamente: prova escrita pela manhã e oral à tarde, sob a fiscalização de três examinadores.

Erasmo considerava-se um aluno médio. Criou um sistema próprio de estudo: antes da aula estudava a matéria a ser prelecionada, para melhor compreender e aprender. Concluído o curso ginasial, pensava em cursar Engenharia. Menino ainda, embarca, sozinho para o Rio e Janeiro, arranja emprego para manter-se e na época de matricular-se na Escola Politécnica, se depara com sua primeira grande frustração: para o ingresso na Faculdade de engenharia passara-se a exigir latim, até então só exigido no Curso de Direito. Não estudara essa matéria e volta à Curitiba, considerando esse tempo, de ter de viver e agir sozinho na cidade grande uma valiosa experiência para sua vida. Ao tempo de seu curso ginasial, com mais três colegas forma uma patrulha de escoteiros isolados, onde estudam e praticam o que lêem e aprendem sobre escotismo. Considera esse período importante na sua formação moral.

Seu pai deixara uma série de livros mas dois foram marcantes em sua formação: O Petit Larousse e uma Bíblia onde em sua última página havia registrado a hora e o dia de seu nascimento.

Perdeu o pai ainda bem pequeno . Foi criado pela mãe que soube enaltecer a imagem do pai, comunicar-lhe o amor e o devotamento ao estudo e à Escola.

Em 1927 matriculou-se na Escola Normal de Curitiba. Esta por sua vez, não se coadunava com os anseios das modernas técnicas pedagógicas da época, tornando o padrão de ensino da Escola Normal, praticamente nulo, principalmente se comparado com o que lhe oferecera o ginásio. Funda o Centro de Cultura Filosófica e com os colegas de normal, o Centro de Cultura Pedagógica.

Caíram-lhes nas mãos, nesse tempo, os primeiros livros sobre a Escola Nova. Iniciou, um movimento de rebeldia, pregando a Escola Nova, fundamentada em obras pedagógicas que eram avidamente "devoradas" pelo grupo.Concluindo a escola Normal submeteu-se a concurso para ingressar na carreira de Professor Primário do Estado. Ao finalizar a prova foi imediatamente convidado para lecionar a cadeira de Português na Escola Normal de Paranaguá. Tinha então dezessete anos. De volta a Curitiba permaneceu algum tempo como Diretor do Grupo Brandão. Nessa época conheceu Anita Camargo que exercia as funções de professora, com que veio a se casar no dia 22 de abril de 1933. Em Ponta Grossa exerceu o cargo de Diretor da Escola Normal e continuou lecionando Português.

Posteriormente prestou concurso para a cadeira de Pedagogia e logo após transferiu-se para Curitiba para lecionar essa matéria na Escola Normal. Em 1934 é nomeado para reger, em comissão a cadeira de Psicologia, Biológica Aplicada à Educação e História da Educação Normal secundária de Curitiba. Catedrático das referidas cadeiras, concursado em primeiro lugar.

Nomeado Assistente Técnico da Escola Normal de Curitiba, imprimiu ao ensino orientação segura, tornando-a bastante dinâmica. Estabeleceu para as cadeiras do currículo escolar um rodízio semestral dos professores, objetivando a sua evolução cultural em todas as áreas. Ao mesmo tempo que orientava e incentivava os professores, procurava estimular os alunos com os quais, vencendo inúmeras dificuldades fundou a "VOZ DA ESCOLA", jornal escolar .Sua popularidade entre os alunos e a admiração que estes lhe devotavam podem ser evidenciados pelo carinho com que anos consecutivos foi convidado para paraninfar as turmas que concluíam o curso de professores.

Em abril de 1943 cria o Instituto Pestalozzi, a primeira escola que o Paraná teve, dentro de normas metodológicas avançadas e modernas... Foi sua primeira sede a casa, ainda hoje existente na Rua comendador Araújo ao lado do templo protestante. O emblema da escola, executado por Guido Viaro, mostra uma criança brincando e construindo figuras com cubos... No segundo plano erguiam-se suntuosas catedrais... "Ad templa erigenda exeo" (Eu saio para construir catedrais) lia-se no dístico aos pés da figura.

À tarde no mesmo instituto funcionava um curso de extensão cultural para as alunas do Curso Normal. Manoel Ribas, governador do estado, entusiasmado com o Instituto cedeu uma propriedade na rua visconde de Guarapuava, para onde foi transferida a Escola ao mesmo tempo que se criava ali a primeira escola de Surdos Mudos do Paraná.

Lamentavelmente, com mudanças verificadas no governo e a morte de Manoel Ribas, não podendo superar uma série de dificuldades, a escola encerrou definitivamente suas atividades. Do Instituto Pestalozzi Erasmo só guardou, o "Dunga", doado, entre outros de seus pertences ao Museu Paranaense, após a sua morte, para o espaço, que recebeu o nome do mestre. Em "Prática da Escola Serena", obra de notável atualidade, embora publicada há 40 anos, o Professor Erasmo nos dá os fundamentos filosóficos e metodológicos do Intituto Pestalozzi.

Em 1944 ajuda o professor Raul Rodrigues Gomes a fundar o Grupo Editorial Renascimento do Paraná (GERPA), publicando no ano seguinte, Emiliano.Em 1946 ajuda Dalton Trevisan a fundar a revista Joaquim.Em 1949, assumiu a Secretaria de Educação e Cultura. Como Secretário de Educação, visitou várias escolas em todo o Paraná, inclusive escolas isoladas, ouvindo e orientando professores. O trabalho nessa época desenvolvido está contido em seu livro " Educação é Direito de Todos". Alguns anos mais tarde reuniu sobre sua orientação um grupo de professores e criou a "Associação Paranaense de Estudos Pedagógicos" que realizou pesquisas educacionais em diversas áreas. Inúmeros e valiosos trabalhos foram produzidos nessa época. A maioria deles pode ser encontrada em várias monografias e em diversos números da "Revista de Pedagogia", publicados por aquela Associação.

Aposentado de suas atividades públicas, nunca deixou de exercer atividades no magistério; na escola de Surdos e Mudos, no Centro Israelita, na Escola Normal do Colégio Novo Ateneu etc, de pesquisar e estudar incessantemente.

Esteve por duas vezes na Europa, principalmente na França, com objetivos exclusivamente culturais.

Devotado inteiramente à cultura, sempre disposto a ajudar, respondia pequenas consultas sobre os mais diversos assuntos com verdadeiras aulas, cedendo livros de sua volumosa biblioteca, sua casa na Rua Ângelo Sampaio, se transformou na Meca da cultura paranaense.

Em 1973 no dia do professor, recebeu homenagem em sua residência, sendo saudado pelo Secretário de Educação em nome do Governo do Estado por ter sido o seu nome escolhido "para simbolizar o mestre paranaense", em agradecimento por tudo o que fez pela causa educacional do Paraná.

Em 1982 recebe da Universidade Federal do Paraná o título de Professor Honoris Causa como reconhecimento de sua importância e de sua valiosa contribuição na educação do Paraná.

Além das obras já citadas, escreveu: João Turin -1953, A Educação no Paraná-1954, Problemas abertos no Estudo dos Sistemas Escolares para o Brasil - 1958, Situações do Desenvolvimento Brasileiro e Educação -1959, Organização e Metodologia do Ensino na Primeira Série Primária nos países em desenvolvimento -1964, Graal, Fatos e Expectativas na Educação na América Latina -1965, Problemas de Educação 1966, Que se exalte em cada Mestre um Sonho! 1967, Para um Humanismo Individualista, Theodoro De Bona-1968, Dario Vellozo -1969, Mallarmé, Obras -V.1-1973, Obras -V.2 - 1976, Informe sobre Treinamento de Mestres e Alfabetização -1980, O Mural Redondo, 1987.

Faleceu em maio de 1992. Sua Biblioteca foi doada inteiramente à Universidade Federal do Paraná.

Modesto, tímido, extremamente sensível, era uma sinceridade a toda prova.

Em que pese sua sobriedade aparente, aqueles que o conheceram mais de perto e gozaram de sua afabilidade natural, sabem-no uma criatura extremamente alegre, com notável senso de humor, que amava intensamente a vida e respeitava profundamente o sentimento e a personalidade dos outros, o que demonstrava sempre, através da filosofia humanística que adotava , pregava e vivenciava em todas as oportunidades que a vida lhe ofereceu.

No dia 10 de novembro de 2004, por iniciativa de Anita Pilotto e um grupo de ex alunas, com o apoio das Secretarias de Educação do Estado e do Município, referendada pela Universidade Federal do Paraná, é realizado o lançamento do livro: "Autobiografia" de Erasmo Pilotto, o último presente deixado por ele , como contribuição à cultura e à educação do Paraná.

FONTE:
www.ieppepoficial.kit.net/erasmopilotto.htm

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