Pedra do Segredo
Esses dias estava percorrendo os livros de minha biblioteca nas prateleiras e encontrei um volume de saudosa memória, autografado pelo autor, intitulado Bom Dia, Juventude ! Trata-se da obra do inspirado poeta de Caçapava do Sul – RS, hoje falecido, Francisco Guarany De Bem. O autógrafo é de 17 de maio de 1982, quando ele já andava beirando os 80 anos, pois sua data natalícia é 16 de abril de 1903.
Lembro-me que o conheci na sede da Casa do Poeta-Riograndense, que naquela época funcionava nos Altos do Mercado Público, Sala nº 119, que bem poderia continuar até hoje naquele local, s.m.j., pois ele já escreveu naquela ocasião: “Em agradecimento aos relevantes serviços prestados pelo nosso incansável Fachinelli, inclusive a sua incessante batalha para que tenhamos um salão próprio, e que este salão nos seja doado pela Prefeitura de Porto Alegre. Espero que muito em breve vejamos a nossa bandeira tremulando sob o caloroso aplauso dos Srs. Vereadores e hasteada pelas mãos do nosso digno Prefeito.”
Todavia, como escreveu no prefácio o literato Hugo Ramírez, ilustre membro da Academia Rio-Grandense de Letras, a respeito, num texto lapidar, o seguinte: “São versos tocados de simplicidade e pureza de alma. Inspirados por distintos momentos e motivos, inebriam-se de romantismo e saturam a atmosfera de todo o volume com seu aroma amoroso. Os versos de amor são os mais significativos do caráter e da experiência do autor. Atingir a seu estágio com esta exuberância de bem querer é privilégio que Deus a poucos concede, tão sáfaros são freqüentemente os corações que muito viveram, eivados de amargura.”
O ponto máximo de sua criação literária, está nas páginas 34 e 35, que aqui transcrevo como uma homenagem ao saudoso poeta amigo:
“Pedra do Segredo – Prólogo –
“Lá na escarpada da serra, ao lado da altaneira cidade de Caçapava do Sul, meu querido torrão natal, há uma pedra lendária em seus assombros. Lembro-me, quando pequenino ainda, passava as noites sem poder dormir pelo medo que eu sentia, horrorizado das assombrações que no galpão um pardo velho me contava dela. Hoje, para me redimir do mal que ela me fez sem ter nenhuma culpa, aqui estou eu convidando a todos para oportunamente se dignarem conhecê-la. E, tenho a certeza absoluta que, ao defrontarem-se com aquela grandiosidade que lá está encravada, assim como eu o fiz quando a conheci, também todos vós ao conhecê-la primeiro se curvarão, respeitosamente, para depois beijá-la.””
E para complementar, transcrevo abaixo também, o soneto que ele dedicou ao saudoso amigo poeta e declamador Hugo Britto, e com o qual ficou conhecido como o poeta da Pedra do Segredo:
“Muito longe daqui, lá em Caçapava,
Há uma pedra lendária em seus assombros.
Ouviam nela um arrulhar de pombos,
Ou os gemidos de uma antiga escrava.
Na medida que a serra se desbrava,
A lenda morre num montão de escombros.
Sonhando, um peso me saiu dos ombros:
A história dela mal contada estava.
E lá está a pedra majestosa e bela !
Ninguém sabe dizer que pedra é aquela,
Todos a chamam Pedra do Segredo.
É um diamante engastado lá na serra,
Que Deus, olhando para minha terra,
Deixou por gosto lhe cair do dedo.”
Hoje, decorridos tantos anos, ainda me assaltam aqueles dias em atropelo na lembrança do que não volta mais. Mas este viver me ensinou que a convivência poética permanece, como naquele autógrafo:
“Para o prezado amigo..., com um caloroso abraço, subscrevo-me. Ass. ... Porto Alegre, 17-5-82”, em sua letra tremida e miúda prestes a octogenário. Que Deus vele por ele, enquanto eu recito minha quadra:
Os versos que a gente escreve,
mesmo que sejam banais,
é um pouco da vida breve
que não volta nunca mais !
Até outra oportunidade.
Fonte:
http://ialmarpioschneider.blogspot.com/
Lembro-me que o conheci na sede da Casa do Poeta-Riograndense, que naquela época funcionava nos Altos do Mercado Público, Sala nº 119, que bem poderia continuar até hoje naquele local, s.m.j., pois ele já escreveu naquela ocasião: “Em agradecimento aos relevantes serviços prestados pelo nosso incansável Fachinelli, inclusive a sua incessante batalha para que tenhamos um salão próprio, e que este salão nos seja doado pela Prefeitura de Porto Alegre. Espero que muito em breve vejamos a nossa bandeira tremulando sob o caloroso aplauso dos Srs. Vereadores e hasteada pelas mãos do nosso digno Prefeito.”
Todavia, como escreveu no prefácio o literato Hugo Ramírez, ilustre membro da Academia Rio-Grandense de Letras, a respeito, num texto lapidar, o seguinte: “São versos tocados de simplicidade e pureza de alma. Inspirados por distintos momentos e motivos, inebriam-se de romantismo e saturam a atmosfera de todo o volume com seu aroma amoroso. Os versos de amor são os mais significativos do caráter e da experiência do autor. Atingir a seu estágio com esta exuberância de bem querer é privilégio que Deus a poucos concede, tão sáfaros são freqüentemente os corações que muito viveram, eivados de amargura.”
O ponto máximo de sua criação literária, está nas páginas 34 e 35, que aqui transcrevo como uma homenagem ao saudoso poeta amigo:
“Pedra do Segredo – Prólogo –
“Lá na escarpada da serra, ao lado da altaneira cidade de Caçapava do Sul, meu querido torrão natal, há uma pedra lendária em seus assombros. Lembro-me, quando pequenino ainda, passava as noites sem poder dormir pelo medo que eu sentia, horrorizado das assombrações que no galpão um pardo velho me contava dela. Hoje, para me redimir do mal que ela me fez sem ter nenhuma culpa, aqui estou eu convidando a todos para oportunamente se dignarem conhecê-la. E, tenho a certeza absoluta que, ao defrontarem-se com aquela grandiosidade que lá está encravada, assim como eu o fiz quando a conheci, também todos vós ao conhecê-la primeiro se curvarão, respeitosamente, para depois beijá-la.””
E para complementar, transcrevo abaixo também, o soneto que ele dedicou ao saudoso amigo poeta e declamador Hugo Britto, e com o qual ficou conhecido como o poeta da Pedra do Segredo:
“Muito longe daqui, lá em Caçapava,
Há uma pedra lendária em seus assombros.
Ouviam nela um arrulhar de pombos,
Ou os gemidos de uma antiga escrava.
Na medida que a serra se desbrava,
A lenda morre num montão de escombros.
Sonhando, um peso me saiu dos ombros:
A história dela mal contada estava.
E lá está a pedra majestosa e bela !
Ninguém sabe dizer que pedra é aquela,
Todos a chamam Pedra do Segredo.
É um diamante engastado lá na serra,
Que Deus, olhando para minha terra,
Deixou por gosto lhe cair do dedo.”
Hoje, decorridos tantos anos, ainda me assaltam aqueles dias em atropelo na lembrança do que não volta mais. Mas este viver me ensinou que a convivência poética permanece, como naquele autógrafo:
“Para o prezado amigo..., com um caloroso abraço, subscrevo-me. Ass. ... Porto Alegre, 17-5-82”, em sua letra tremida e miúda prestes a octogenário. Que Deus vele por ele, enquanto eu recito minha quadra:
Os versos que a gente escreve,
mesmo que sejam banais,
é um pouco da vida breve
que não volta nunca mais !
Até outra oportunidade.
Fonte:
http://ialmarpioschneider.blogspot.com/
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