VOZES DO VENTO
Quando te disse
Que era da terra selvagem
Do vento azul
E das praias morenas...
Do arco-íris das mil cores
Do Sol com fruta madura
E das madrugadas serenas....
Das cubatas e musseques
Das palmeiras com dendém
Das picadas com poeira
Da mandioca e fuba também...
Das mangas e fruta pinha
Do vermelho do café
Dos maboques e tamarindos
Dos cocos, do ai u'é...
Das praças no chão estendidas
Com missangas de mil cores
Os panos do Congo e os kimonos
Os aromas, os odores...
Dos chinelos no chão quente
Do andar descontraído
Da cerveja ao fim da tarde
Com o Sol adormecido...
Dos merenges e do batuque
Dos muquixes e dos mupungos
Dos imbondeiros e das gajajas
Da macanha e dos maiungos.
Da cana doce e do mamão
Da papaia e do caju...
Tu sorriste e sussurraste
"Sou da mesma terra que tu!"
“NENHUM VERSO…”
Nenhum verso fala de mim
nem do que eu penso
nem do que eu sinto
nem do que eu sou.
Na realidade,
as palavras são apenas
um jogo de letras
mais ou menos cinzelado
ao gosto de cada um.
E poucos, muito poucos
fazem delas seres vivos e humanos.
Eu não lhes dou vida.
Trabalho-as com mais ou menos nexo
ou talvez sem nexo,
porque dele não sinto falta
nem faz falta o que sou!
“CÁLICE DE PORTO”
Hoje já não pergunto porque não voltas.
Apresso-me apenas para chegar a destino nenhum
e apagar as luzes que te vestiram.
Depois permaneço deste lado do palco. Este lado
que se mantém inalterável e escuro, onde a vida
não é mais que um reflexo isento de espelhos.
Quisera ter-te… mas não passei de um adereço
dispensável na representação.
Resta-me apenas o cenário onde ainda te revejo
e vou confundindo a realidade para que o sonho
não se suicide.
De alma nua, amo apenas o mar que nos uniu
e odeio a mar que nos afastou.
Havíamos ficado, noites inteiras depois de um brinde
onde juramos eternidade. Perdidos no riso
ou exaustos na paixão, deixamos vazios, todos os cálices
daquele Porto que escolhias por amor.
As horas morriam no silêncio dos nossos corpos
emudecidos de prazer, numa cama
que ficou gravada pelas nossas mãos.
Se a morte chegasse, pediria apenas um cálice
de Porto dourado. E morreria bebendo cada beijo teu!
À NOITE…PARA TI
Rendi-me ao encanto da noite e olhei-te.
Como se olha uma aguarela pintada nas cores do oceano,
deixei que a minha vontade se pintasse na mesma cor.
Esqueci os segredos,
troquei as memórias por um pedaço de mar
e sonhei-te. Sonhei-te nas palavras
de um sonho ainda por escrever,
e deixei que a dança me levasse, esquecendo
que quando a lua adormece
todos os sonhos podem acabar.
Desprendi os gestos, soltei a atitude
e reinventei cada pedaço de mim
para que as palavras não se esgotassem no tempo .
E aos primeiros raios de sol, fechei os olhos
e prolonguei o sonho,
sucumbindo a cada lembrança de um beijo teu.
MOMENTO
A cada momento a vida surpreende-me
e atraiçoa-me as forças.
Não é justo.
Até as palavras deixam de ter atitude
e o sentido passa a ser por conta de outrem.
Acendi a luz do candeeiro de pé
mas as paredes continuaram vazias.
Um silêncio ensurdecedor, arrepiante.
Quisera ouvir a tua voz…
mas até a memória me atraiçoa!
ALI O VERDE É MAIS VERDE
Ali o verde cheira a verde
Ali tudo é verde
O ar cheira a verde
O Arco-íris é verde
Em tantos tons de verde
Que até o Sol seria verde
Fontes:
http://www.minhaangola.org/#/ana-paula-lavado/4538290896
http://www.estudioraposa.com/index.php/category/poetas/ana-paula-lavado/
http://ferrao.org/2008/04/ana-paula-lavado-vozes-ao-vento.html
Quando te disse
Que era da terra selvagem
Do vento azul
E das praias morenas...
Do arco-íris das mil cores
Do Sol com fruta madura
E das madrugadas serenas....
Das cubatas e musseques
Das palmeiras com dendém
Das picadas com poeira
Da mandioca e fuba também...
Das mangas e fruta pinha
Do vermelho do café
Dos maboques e tamarindos
Dos cocos, do ai u'é...
Das praças no chão estendidas
Com missangas de mil cores
Os panos do Congo e os kimonos
Os aromas, os odores...
Dos chinelos no chão quente
Do andar descontraído
Da cerveja ao fim da tarde
Com o Sol adormecido...
Dos merenges e do batuque
Dos muquixes e dos mupungos
Dos imbondeiros e das gajajas
Da macanha e dos maiungos.
Da cana doce e do mamão
Da papaia e do caju...
Tu sorriste e sussurraste
"Sou da mesma terra que tu!"
“NENHUM VERSO…”
Nenhum verso fala de mim
nem do que eu penso
nem do que eu sinto
nem do que eu sou.
Na realidade,
as palavras são apenas
um jogo de letras
mais ou menos cinzelado
ao gosto de cada um.
E poucos, muito poucos
fazem delas seres vivos e humanos.
Eu não lhes dou vida.
Trabalho-as com mais ou menos nexo
ou talvez sem nexo,
porque dele não sinto falta
nem faz falta o que sou!
“CÁLICE DE PORTO”
Hoje já não pergunto porque não voltas.
Apresso-me apenas para chegar a destino nenhum
e apagar as luzes que te vestiram.
Depois permaneço deste lado do palco. Este lado
que se mantém inalterável e escuro, onde a vida
não é mais que um reflexo isento de espelhos.
Quisera ter-te… mas não passei de um adereço
dispensável na representação.
Resta-me apenas o cenário onde ainda te revejo
e vou confundindo a realidade para que o sonho
não se suicide.
De alma nua, amo apenas o mar que nos uniu
e odeio a mar que nos afastou.
Havíamos ficado, noites inteiras depois de um brinde
onde juramos eternidade. Perdidos no riso
ou exaustos na paixão, deixamos vazios, todos os cálices
daquele Porto que escolhias por amor.
As horas morriam no silêncio dos nossos corpos
emudecidos de prazer, numa cama
que ficou gravada pelas nossas mãos.
Se a morte chegasse, pediria apenas um cálice
de Porto dourado. E morreria bebendo cada beijo teu!
À NOITE…PARA TI
Rendi-me ao encanto da noite e olhei-te.
Como se olha uma aguarela pintada nas cores do oceano,
deixei que a minha vontade se pintasse na mesma cor.
Esqueci os segredos,
troquei as memórias por um pedaço de mar
e sonhei-te. Sonhei-te nas palavras
de um sonho ainda por escrever,
e deixei que a dança me levasse, esquecendo
que quando a lua adormece
todos os sonhos podem acabar.
Desprendi os gestos, soltei a atitude
e reinventei cada pedaço de mim
para que as palavras não se esgotassem no tempo .
E aos primeiros raios de sol, fechei os olhos
e prolonguei o sonho,
sucumbindo a cada lembrança de um beijo teu.
MOMENTO
A cada momento a vida surpreende-me
e atraiçoa-me as forças.
Não é justo.
Até as palavras deixam de ter atitude
e o sentido passa a ser por conta de outrem.
Acendi a luz do candeeiro de pé
mas as paredes continuaram vazias.
Um silêncio ensurdecedor, arrepiante.
Quisera ouvir a tua voz…
mas até a memória me atraiçoa!
ALI O VERDE É MAIS VERDE
Ali o verde cheira a verde
Ali tudo é verde
O ar cheira a verde
O Arco-íris é verde
Em tantos tons de verde
Que até o Sol seria verde
Fontes:
http://www.minhaangola.org/#/ana-paula-lavado/4538290896
http://www.estudioraposa.com/index.php/category/poetas/ana-paula-lavado/
http://ferrao.org/2008/04/ana-paula-lavado-vozes-ao-vento.html
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