Na Câmara de Lobos, na ilha da Madeira, existe um antigo convento de franciscanos, o primeiro a ser construído fora do Funchal, conhecido como Convento de S. Bernardino.
Conta uma lenda que, em 1485, entrou nesse convento um monge humílimo que tomou por nome frei Pedro da Guarda. Foi-lhe distribuído como encargo o serviço da cozinha conventual, ofício que frequentemente se esquecia por anseio místico de oração no coro da igreja, onde ficava horas sem fim mergulhado em profundíssima meditação.
Acontecia, porém, que, apesar do esquecimento constante dos seus deveres comunitários, nunca faltava uma refeição nas escudelas dos monges às horas devidas, de tal modo que se gerou entre os franciscanos a ideia de que eram os anjos do Céu quem vinha cozinhar as refeições para que frei Pedro pudesse entregar-se à oração. E durante muitos anos se prolongou este maravilhoso viver do frade, ao qual começaram a chamar Santo Servo de Deus.
A sua figura tornou-se lendária aos olhos dos contemporâneos e conforme o tempo ia passando ia aumentando a sua aura de mistério. Assim, em breve o povo assegurava que o popular frei Pedro era profeta e por isso tinha conhecimento das mortes dos conterrâneos que morriam longe de Câmara de Lobos, ao que constava por conversar com as almas dos mortos que vinham pedir-lhe remédio para o que haviam deixado por fazer na sua terra.
Um outro dom maravilhoso deste homem era o de domar e reter consigo não só aves como animais bravios.
Quando, vinte anos depois de ter recolhido ao convento de S. Bernardino, o Santo Servo morreu, eram-lhe atribuídos, já então, muitos milagres. Diz-se que na hora da sua morte os sinos do mosteiro repicaram sem que mãos humanas lhes tocassem.
Frei Pedro, entretanto, havia previsto o dia e hora da sua morte. O seu cadáver, ao contrário do que seria natural, não exalou qualquer cheiro putrefacto e assim, muitos anos passados, mercê de umas luminárias estranhas que apareciam sobre o seu túmulo, abriram-no e encontraram corpo e hábito incorruptos, tal como, há perto de meio século, fora enterrado.
Durante os cerca de noventa e dois anos em que o corpo do Santo Servo esteve sepultado em S. Bernardino, nunca lhe faltaram fiéis, e diz-se que nesse prazo lhe atribuiu o povo para cima de seiscentos milagres.
Fonte:
Lendas Portuguesas da Terra e do Mar, Fernanda Frazão, disponível em Estúdio Raposa
Conta uma lenda que, em 1485, entrou nesse convento um monge humílimo que tomou por nome frei Pedro da Guarda. Foi-lhe distribuído como encargo o serviço da cozinha conventual, ofício que frequentemente se esquecia por anseio místico de oração no coro da igreja, onde ficava horas sem fim mergulhado em profundíssima meditação.
Acontecia, porém, que, apesar do esquecimento constante dos seus deveres comunitários, nunca faltava uma refeição nas escudelas dos monges às horas devidas, de tal modo que se gerou entre os franciscanos a ideia de que eram os anjos do Céu quem vinha cozinhar as refeições para que frei Pedro pudesse entregar-se à oração. E durante muitos anos se prolongou este maravilhoso viver do frade, ao qual começaram a chamar Santo Servo de Deus.
A sua figura tornou-se lendária aos olhos dos contemporâneos e conforme o tempo ia passando ia aumentando a sua aura de mistério. Assim, em breve o povo assegurava que o popular frei Pedro era profeta e por isso tinha conhecimento das mortes dos conterrâneos que morriam longe de Câmara de Lobos, ao que constava por conversar com as almas dos mortos que vinham pedir-lhe remédio para o que haviam deixado por fazer na sua terra.
Um outro dom maravilhoso deste homem era o de domar e reter consigo não só aves como animais bravios.
Quando, vinte anos depois de ter recolhido ao convento de S. Bernardino, o Santo Servo morreu, eram-lhe atribuídos, já então, muitos milagres. Diz-se que na hora da sua morte os sinos do mosteiro repicaram sem que mãos humanas lhes tocassem.
Frei Pedro, entretanto, havia previsto o dia e hora da sua morte. O seu cadáver, ao contrário do que seria natural, não exalou qualquer cheiro putrefacto e assim, muitos anos passados, mercê de umas luminárias estranhas que apareciam sobre o seu túmulo, abriram-no e encontraram corpo e hábito incorruptos, tal como, há perto de meio século, fora enterrado.
Durante os cerca de noventa e dois anos em que o corpo do Santo Servo esteve sepultado em S. Bernardino, nunca lhe faltaram fiéis, e diz-se que nesse prazo lhe atribuiu o povo para cima de seiscentos milagres.
Fonte:
Lendas Portuguesas da Terra e do Mar, Fernanda Frazão, disponível em Estúdio Raposa
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