Um cantinho e um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você, eu conheci
O que é felicidade, meu amor
O que é felicidade, o que é felicidade
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você, eu conheci
O que é felicidade, meu amor
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A Serenidade do Amor em 'Corcovado’
Provedor de melodias para versos alheios, Tom Jobim é também o autor das letras de alguns de seus maiores sucessos. Este é o caso do samba “Corcovado, um cartão postal do Rio de Janeiro, poética e musicalmente impregnado pelo espírito da bossa nova: “Um cantinho, um violão /esse amor, uma canção / pra fazer feliz a quem se ama / muita calma pra pensar / e ter tempo pra sonhar / da janela vê-se o Corcovado / o Redentor, que lindo.”
Sobre esta letra há duas curiosidades a assinalar: originalmente o primeiro verso dizia: “um cigarro, um violão.” Nos ensaios para a gravação, João Gilberto convenceu Tom Jobim a mudá-lo para “um cantinho, um violão”. Já os versos “da janela vê-se o Corcovado / o Redentor, que lindo”, foram inspirados pela paisagem vista das janelas do apartamento em que o autor morava na ocasião. “Pouco depois, a construção de um edifício em frente acabou com a paisagem”, comenta Paulo Jobim, filho de Tom. Por sua vez, esse apartamento, situado na Rua Nascimento Silva, 107, em Ipanema, acabou entrando para a letra do samba “Carta ao Tom 74”, de Toquinho e Vinícius de Moraes.
Começando com uma introdução que o identifica de imediato e é parte integrante da composição — um desenvolvimento melódico sobre a harmonia dos compassos iniciais do tema principal — , “Corcovado” encantou dezenas de músicos e cantores no Brasil e no exterior. Daí a sua vasta discografia, que o faz figurar entre as canções mais conhecidas de Antônio Carlos Jobim, destacando-se entre os seus intérpretes João Gilberto (o primeiro), o próprio Tom (em quatro versões, uma delas com a participação de Elis Regina) e, com o título de “Quiet Nights of Quiet Stars”, um vasto elenco de cantores (Sinatra, Ella Fitzgerald) e músicos de jazz (Stan Getz, Miles Davis, Teddy Wilson).
Em 1987, num levantamento realizado por Jairo Severiano e Vera de Alencar, “Corcovado” ostentava a terceira colocação entre as canções mais gravadas de Jobim, superado apenas por “Garota de Ipanema” e “Samba de uma Nota Só” (A Canção no Tempo - Vol. 2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello- Ed. 34).
A música 'Corcovado', composta por Tom Jobim, é uma das pérolas da Bossa Nova, gênero musical que surgiu no final dos anos 50 e início dos anos 60 no Brasil. A letra da canção reflete uma simplicidade serena e um contentamento profundo com as coisas simples da vida, como um cantinho, um violão e a companhia de alguém amado. A referência ao Corcovado, com a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, evoca uma imagem icônica de beleza e tranquilidade, que se alinha ao estado de espírito proposto pela canção.
A música também aborda a transformação pessoal do eu lírico, que de uma condição de tristeza e descrença no mundo, passa a conhecer a felicidade ao encontrar o amor. Essa mudança é um testemunho do poder do amor de transformar a visão de mundo de uma pessoa, trazendo um novo significado à existência. A repetição da pergunta 'O que é felicidade?' sugere uma reflexão sobre a natureza da verdadeira felicidade, que, na perspectiva da música, parece estar nas pequenas coisas e momentos compartilhados com quem se ama.
A canção é um convite à apreciação dos momentos de calma e contemplação, longe da agitação do dia a dia. A imagem do 'apagar da velha chama' pode ser interpretada como o fim de um período de vida menos feliz, que se encerra com a chegada do amor. 'Corcovado' é uma ode à beleza da vida cotidiana e ao amor como fonte de alegria e significado, encapsulando a essência da Bossa Nova com sua melodia suave e poesia lírica.
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