ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP
O profeta idealiza
o futuro, em previsões…
E o poeta o finaliza
colorindo-o de ilusões…
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Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES
Visível
Choro lágrimas de saudade...
não há lenço que resista
a minha necessidade
de mantê-lo no bolso,
seco e limpo... limpo e seco...
A todo instante
aumenta a ausência de você...
e todo mundo percebe
Somente você não vê,
A dor imensa que sinto.
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Trova de
LEÔNCIO CORREIA
Paranaguá/PR
Se o beijo guarda o perfume
de estranha, esquisita flor
é porque o beijo resume
a vida e a glória do amor.
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Soneto de
VICENTE DE CARVALHO
Santos/SP (1866 – 1924)
Velho tema (II)
Eu cantarei de amor tão fortemente
Com tal celeuma e com tamanhos brados
Que afinal teus ouvidos, dominados,
Hão de à força escutar quanto eu sustente.
Quero que meu amor se te apresente
— Não andrajoso e mendigando agrados,
Mas tal como é: — risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.
Nem ele mais a desejar se atreve
Do que merece: eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se me deve.
Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
À galharda conquista do teu beijo.
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Cartas de amor, esquecidas,
contendo um pouco do Céu!
Dois corações, duas vidas
resumidas num papel!
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
A Rua dos Cata-ventos (VI)
Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...
Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.
Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente...
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Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN
A existência é dividida
em dois extremos da idade:
um, alvorada da vida,
outro, arrebol de saudade!
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Poema de
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/Portugal
Não domino…
Não domino o vento,
os sonhos,
o mar.
Não domino o tempo,
os dias
que teimam em passar.
Não domino a saudade
que, entretanto,
nasceu em mim.
Não domino a liberdade,
sou flor eternamente presa
ao teu jardim.
Não domino o ar que respiro
e as muitas vezes
que por ti suspiro.
Não domino o teu coração,
nem o meu coração domino,
quanto mais.
Porque se o dominasse,
e um dia te chamasse,
não fugirias jamais.
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Trova de
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG
A realidade transponho
e vivo em mundo ideal...
Quero as mentiras do sonho,
não as da vida real!
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Cor de brasa
Num canto do jardim de minha casa
duas roseiras crescem, majestosas,
com flores rubras, lindas, cor de brasa
e aveludadas pétalas cheirosas.
Quem as plantou, não sei, mas bem me apraza
exaltar o valor das laboriosas
mãos que, com amor e jeito, deram asa
a que vingassem em formas primorosas.
Pois aprecio muito a mão que planta
e só por isso a entendo como santa,
merecedora de me abençoar!
Plantar é um beijo dado à Natureza,
que fica à nossa espera, com certeza,
para o mundo crescer e embelezar!
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Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
A cadeira de balanço
balançou toda a família...
meu avô, no sono manso,
meu neto, em louca vigília!
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Hino de
BENTO GONÇALVES/RS
Bento Gonçalves querida,
Bordada de parreirais,
Terra estuante de vida
Origem de nossos pais.
Bento Gonçalves querida,
Bordada de parreirais,
Onde o vinho borbulhante
Jorra jorra em cascatas reais.
Salve esta terra fecunda,
Que a mão divina criou
E com trabalho e fé profunda
O imigrante desbravou.
Bento Gonçalves querida,
Meu desejo é teu progresso
É ver-te de fronte erguida, Altiva,
No tribunal do universo!
Nome de grande vulto,
Que o Rio Grande soube honrar,
Meu rincão é meu culto
Do Brasil é meu altar.
Uvas de várias castas,
Enriquecem a região,
Com teu doce vinho afastas
As mágoas do coração.
A ti meu melhor carinho,
Linda Capital do Vinho.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Ante a bandeira hasteada
revendo as lutas, conceitos,
o pobre sem pão, sem nada
pede à pátria os seus direitos.
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Recordando Velhas Canções
INSENSATEZ
(samba bossa, 1961)
Tom Jobim e Vinícius de Moraes
A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o meu amor
Um amor tão delicado
Ah! Porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah! Meu coração quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai meu coração, usa a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai meu coração
Pede perdão, perdão apaixonado
Vai porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado
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Trova de
VANDA FAGUNDES QUEIROZ
Curitiba/PR
Onde a sombra cobre e embaça
o sol que anima e clareia,
eu quisera ser quem passa
e reacende a luz alheia.
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