sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Vereda da Poesia = 163 =


Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

O profeta idealiza
o futuro, em previsões…
E o poeta o finaliza
colorindo-o de ilusões…
= = = = = =

Poema de 
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES

Visível

Choro lágrimas de saudade...
não há lenço que resista
a minha necessidade
de mantê-lo no bolso,
seco e limpo... limpo e seco... 

A todo instante
aumenta a ausência de você...
e todo mundo percebe
Somente você não vê,
A dor imensa que sinto.
= = = = = = 

Trova de
LEÔNCIO CORREIA
Paranaguá/PR

Se o beijo guarda o perfume
de estranha, esquisita flor
é porque o beijo resume
a vida e a glória do amor.
= = = = = = 

Soneto de
VICENTE DE CARVALHO
Santos/SP (1866 – 1924)

Velho tema (II)

Eu cantarei de amor tão fortemente
Com tal celeuma e com tamanhos brados
Que afinal teus ouvidos, dominados,
Hão de à força escutar quanto eu sustente.

Quero que meu amor se te apresente
— Não andrajoso e mendigando agrados,
Mas tal como é: — risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.

Nem ele mais a desejar se atreve
Do que merece: eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se me deve.

Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
À galharda conquista do teu beijo.
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Cartas de amor, esquecidas,
contendo um pouco do Céu!
Dois corações, duas vidas
resumidas num papel!
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

A Rua dos Cata-ventos (VI)

Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.

Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...

Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente...
= = = = = = = = = 

Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN

A existência é dividida
em dois extremos da idade:
um, alvorada da vida,
outro, arrebol de saudade!
= = = = = = 

Poema de 
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/Portugal

Não domino…

Não domino o vento,
os sonhos,
o mar.

Não domino o tempo,
os dias
que teimam em passar.

Não domino a saudade
que, entretanto,
nasceu em mim.

Não domino a liberdade,
sou flor eternamente presa
ao teu jardim.

Não domino o ar que respiro
e as muitas vezes
que por ti suspiro.

Não domino o teu coração,
nem o meu coração domino,
quanto mais.

Porque se o dominasse,
e um dia te chamasse,
não fugirias jamais.
= = = = = = 

Trova de 
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG

A realidade transponho
e vivo em mundo ideal...
Quero as mentiras do sonho,
não as da vida real!
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Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Cor de brasa

Num canto do jardim de minha casa
duas roseiras crescem, majestosas,
com flores rubras, lindas, cor de brasa
e aveludadas pétalas cheirosas.

Quem as plantou, não sei, mas bem me apraza
exaltar o valor das laboriosas
mãos que, com amor e jeito, deram asa
a que vingassem em formas primorosas.

Pois aprecio muito a mão que planta
e só por isso a entendo como santa,
merecedora de me abençoar!

Plantar é um beijo dado à Natureza,
que fica à nossa espera, com certeza,
para o mundo crescer e embelezar!
= = = = = = 

Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP

A cadeira de balanço
balançou toda a família...
meu avô, no sono manso,
meu neto, em louca vigília!
= = = = = = 

Hino de 
BENTO GONÇALVES/RS

Bento Gonçalves querida,
Bordada de parreirais,
Terra estuante de vida
Origem de nossos pais.

Bento Gonçalves querida,
Bordada de parreirais,
Onde o vinho borbulhante
Jorra jorra em cascatas reais.

Salve esta terra fecunda,
Que a mão divina criou
E com trabalho e fé profunda
O imigrante desbravou.

Bento Gonçalves querida,
Meu desejo é teu progresso
É ver-te de fronte erguida, Altiva,
No tribunal do universo!

Nome de grande vulto,
Que o Rio Grande soube honrar,
Meu rincão é meu culto
Do Brasil é meu altar.

Uvas de várias castas,
Enriquecem a região,
Com teu doce vinho afastas
As mágoas do coração.

A ti meu melhor carinho,
Linda Capital do Vinho.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO 
Ribeirão Preto/SP

Ante a bandeira hasteada
revendo as lutas, conceitos,
o pobre sem pão, sem nada
pede à pátria os seus direitos.
= = = = = = 

Recordando Velhas Canções
INSENSATEZ 
(samba bossa, 1961) 
Tom Jobim e Vinícius de Moraes

A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o meu amor
Um amor tão delicado

Ah! Porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah! Meu coração quem nunca amou
Não merece ser amado

Vai meu coração, usa a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade

Vai meu coração
Pede perdão, perdão apaixonado
Vai porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado
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Trova de
VANDA FAGUNDES QUEIROZ
Curitiba/PR

Onde a sombra cobre e embaça
o sol que anima e clareia,
eu quisera ser quem passa
e reacende a luz alheia.
= = = = = = = = = 

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