terça-feira, 15 de março de 2011

Irene Zanette de Castañeda (Poeta, o que é Poetar?)


“O coração do poeta é complexo/Sem coerência e sem nexo/Ora se mostra agnóstico/Disfarça sua emoção.../Ora se rende/Ao deus da sua razão/ Ora se torna pernóstico,/Mente com todo o cinismo/ A dor do seu coração/Finge sofrer de amor/Perde-se em seu ilogismo/Simulando sua dor.” (Lenya Terra)

Poetar é revelar comportamentos poéticos. É um eu lírico construindo poemas. É criar e reagir ao que lê, vivendo.É movimentar os sentimentos, a memória, as ideias, as fantasias. É penetrar nos arquétipos. É engrenar a sensibilidade com a maça encefálica mediada pela espiritualidade. É afugentar as neuroses invertendo a ordem das palavras. É criar um produto elevado, dinâmico, interno que se chama alma do verbo e com ele crescer como ser humano. É liberar os sentimentos lubrificados pelas ideias. É expressar os pensamento sem espasmos, em gemidos eternizados num respirar carregado da mais sublime emoção. É saborear em sonhos, mesmo cansado, o calor no labirinto de doces beijos. É abrigar o fogo, a sedução dentro do peito. É juntar corpo e alma num enlace musical como as cordas de uma mágica harpa produzindo o encanto, a doce melodia que diviniza o ser feito de pedra, mas que sangra em palavras com o leve toque destes dedos. É o calor que emanada alma sentida, desencantada da vida à espera daquele amor que não veio. É a plenitude dos rios de paixão correndo dentro do peito. É o fecundar das palavras em cio nas noites enluaradas com sonhados e quentes beijos. É descobrir e fertilizar com amor os tipos móveis ao dedilhar o teclado apaixonado sob os olhos como alquimia de um desejo. É imprimir no coração estas calorosas palavras que estão à espera de outras. Ah! Se elas fossem quentes, mas elas estão presas em alguma boca seca, incapaz de proferi-las como a beleza mística que desnuda a pele, penetra o sangue e movimenta todas as células. É chegar à apoteose das sensações que a vida oferece quando se envolve o amor e um longo beijo. É juntar o céu e a terra com a doçura da fruta madura, invisível aos olhares desérticos, que não conseguem saborear o delicioso sonhado néctar dos deuses. É ter o luxo não só de transcrever tudo isso, mas de viver a loucura do mais fantástico e vibrante desejo: amar.

Fontes:
Poetas del Mundo.
Imagem = http://www.corujando.com.br/cirandas/jul_2008/ciranda_ah_o_poeta.htm

Um comentário:

DO CASTELO disse...

A cultura deve ser preservada a todo o custo. Por isso peço desculpa por vir ocupar este espaço que é seu para, juntos, divulgarmos os IX JOGOS FLORAIS DE AVIS, cujo regulamento se encontra disponível em www.aca.com.sapo.pt em “destaques”.
Obrigado.
Fernando Máximo/Avis