quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nilton Manoel (Didática da Trova) Parte 6

2.2 ORIENTAÇÕES E CUIDADOS QUE AJUDAM

Acreditamos que, o texto a seguir seja oportuno para quem lê, recita ou declama um poema:

“Aprender a pontuar não é aprender um conjunto de regras transmitidas através de um discurso sobre o que são e para o que servem os sinais de pontuação.
Aprender a pontuar é aprender um conteúdo procedimental de natureza complexa. E como todo conhecimento procedimental, pontuar se aprende pelo uso.

O sistema de pontuação não é composto apenas pelos sinais que conhecemos – ponto final,dois pontos, travessão, virgulas etc.... Dele fazem parte os brancos que centralizam o título, o branco que indica parágrafo, a letra maiúscula, os sublinhados, negritos, itálicos etc.

A função da pontuação no texto escrito não é indicar pausas para respirar. Sua função é separar, traçar as “fronteiras que” vão indicar ao leitor como o texto deve ser lido.

A pontuação é um atributo do texto e recurso da textualidade e não um elemento da frase.

Textualidade é aqui entendida como conjunto de relações que se estabelecem à partir da coesão e coerência.
( CENP, Letra e Vida, 2005, Mod.III, M3U6T8, p.1-2)

É necessário e importante conhecer rimas; porém, não podemos empregar uma rima que não combine a mensagem que está sendo desenvolvida no poema.

Rima é a repetição de sons semelhantes no final de um verso. Pode ser consoante (mesmo som a partir da vogal  tônica) ou toante (rima com a vogal tônica do verso). Na trova, as rimas são. Esquema ABAB.

O poeta deve ser paciente; ler, reler, declamar e trabalhar o poema até que fique pronto. Não devemos nos preocupar com o tempo gasto na feitura de um poema, mas com o seu produto final. O trovador Adelmar Tavares deu-nos a avaliação de fácil e difícil e Olavo Bilac no poema Profissão de Fé. A construção do saber é constante. Começamos lendo com os olhos e depois com todos os órgãos dos sentidos. As conclusões ocorrem à medida que desenvolvemos a aprendizagem poético-literária. Nos dicionários modernos todas palavras estão separadas em sílabas. O verso é feito com sílabas  (poéticas) e, isto leva a aprofundar os conhecimentos. O alfabeto é composto de 5 vogais e as demais são consoantes. Lembremos que o H tem o som da vogal e junta-se na métrica com a sílaba anterior. Cada vez que abrimos a boca, falamos um pedacinho de uma palavra e isto recebe o nome de sílaba. Na forma fixa o poeta  tem que ser exímio metrificador. As silabas gramaticais são apresentadas nos dicionários modernos, facilitando professor e aluno na docência e na aprendizagem. Os encontros de vogais são chamados vocálicos e os encontros de consoantes, consonantais. A palavra dia tem um encontro vocálico, porém  num verso metrificado é separada por ser um hiato. Com relação aos encontros consonantais, devemos atentar-nos na ocorrência do “suarabact”.  Quanto a pronúncia da sílaba forte, oxítona,na última (boné), paroxítona, penúltima (telefone), proparoxítona, antepenúltima ( bombástico). O acento agudo, serve para indicar que a sílaba é tônica e que a vogal têm som aberto. O acento circunflexo, serve para indicar  que a sílaba é tônica e tem o som fechado. A sílaba tônica é  vida  na forma poética. Diversos poetas têm produções com rimas em sons abertos e fechados. Já assinalamos em trovas anteriores esta ocorrência.  Quanto a classificação das palavras quanto a sílabas tônicas, citamos boné,telefone e bombástico. Quanto aos ditongos (encontro de duas vogais pronunciadas em uma mesma sílaba) tem  força na escrita  de um verso. O Decálogo de Metrificação  exemplifica-nos a importância. O hiato tem deixado muita trova sem premiação. As palavras dissílabas – lua, rua, tua; as trissílabas – poeta, miolo, saúde; as polissílabas  são menos  freqüentes nos versos heptassílabos.

Convém não esquecer  que verso é cada linha de um poema. Em algumas regiões do Leste e do Nordeste, por verso, é conhecida a quadra  popular sob a  influência das cantigas de roda.

Luiz Vieira, trovador e cantor de sucesso, visitando o marco zero de Ribeirão Preto, lendo as trovas que contornavam a Fonte Luminosa da Praça XV, assim escreveu, em 17/5/85:

Quando eu pude aqui chegar,
vi tanto amor, tanta graça
que resolvi vir plantar
um verso meu nesta praça.

Luiz Vieira, hoje cidadão ribeirão-pretano, homenageia a capital do Interior paulista, com a Cantiga pra Ribeirão, de onde extraímos estes versos:
nas praças pardais trovadores...
minha Ribeirão da Poesia,
minha capital do saber

Na metrificação de um verso, as sílabas são contadas até a última sílaba tônica. O que vimos neste capítulo reforça a estrutura da Trova, revê os conceitos dicionarizados e prepara-nos para a prática pedagógica da trova.

Continua… prática da trova em sala de aula

Fonte:
Nilton Manoel. A Didática da Trova. Batatais, 2008.

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