quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Vocabulário de termos e expressões regionais e populares do Centro Oeste (Mato Grosso e Goiás) Q, R, S e T

Q

QUEIJEIRO (depreciativo), — Roceiro, matuto.

QUEIXADA:— Porco-do-mato: é o javali brasileiro. Anda em varas e estala os dentes em grande alarido. Não gosta do cheiro de urina.

QUÊNQUÊM — Formiga carregadeira, de porte menor que a saúva; não é cabeçuda.

QUENTAR — Esquentar; aquecer. Quentando sol; quentar fogo; quentar o de comer.

QUICÉ — Faca vagabunda, gasta, sem ponta.

QUITANDA — Doce seco, rosca, biscoito, bolo de qualquer farinha ou fécula.

QUIZILA — Antipatia.

R


RABINHA (pop.) — Caçarola de ferro estanhado.

RABO-DE-ÉGUA — Garrucha de carregar pela boca.

RABO-DE-TATU — Taca; relho.

RAPARIGA — Prostituta.

REINAR — Pensar. Eu já reinava que isto acontecia.

REJUME (corrup.) — Regime; hábito; costume.

REVIRÃO — Pala do vestido.

RIBA (pop.) — Lugar mais alto; em riba, para riba: em cima, para cima.

RIDICAR — Sovinar.

RINGIR — Ranger.

ROQUEIRA — Pedaço de cano enfiado numa vigota de madeira e com ouvido para escorva. Nas festas usa-se enfileirar centenas delas. Um vem com uma capanga de pólvora e vai pondo um tanto que serve em cada cano; um outro com um embornal de farinha de mandioca, daquela redonda, de grão, enche o restante do cano; um terceiro vem fazendo o rastilho de pólvora. Há uma foice na fogueira, avermelhando: chega-se a foice no rastilho e está feito o inferno.

ROXA — Morena.

RUA — Cidade. Moro na rua. Vou "na" rua.

S

SAPICUÁ — Embornal.

SAPIROCA — Tersol.

SAPITUCA — Fanico; ataque, crise histérica.

SARAPANTAR — Aterrorizar; assustar; amedrontar; espantar.

SARCEIRO — Barulho, reboliço.

SECA — "Sem seca", sem cerimônia. Indivíduo sem seca: afável, acessível.

SESTRO — Costume, vício.

SIRIRI — Mariposa de cupim.

SOCA — Sobra de fósforo aceso: "Dê-me a soca…"

SOPITADO — Abafado, agoniado, oprimido do peito.

SOPITAR — Sentir aflição, opressão interna.

SORTIMENTO — Em caçada, sortimento significa munição.

SUADOR — Pequeno’ acolchoado que fica entre o baixeiro e o arreio do animal.

SUÇUARANA — Onça parda.

SUFRAGANTE (corrupt.) — de flagrante) — "No sufragante" em flagrante.

SUNGAR — Levantar; erguer. Palavra muito empregada. Usa–se mais dizer: "erguer". "Levantar" não é tão usada como no interior paulista.

SURIAR — O mesmo que arear; arrasamento de um poço pela areia conduzida pela enchente: "O poço em que pescávamos suriou…"

T

TACA — Surra, pancada.

TAIPA — Muro ou parede de terra socada entre tábuas.

TAMBORETE — Assento tradicional no sertão, de três ou quatro pernas, com forro de couro cru.

TANAJURA — Saúva fêmea provida de asas.

TEIRÓ — Antipatia.

TENDA — Pequena oficina de ferreiro.

TIMBA — Prenhez; ventre crescido.

TIMBÓ — Cipó cuja infusão, aplicada no pêlo dos animais, extermina os parasites. Batido na água do rio intoxica os peixes, aturdindo-os.

TINHOSO — Diabo, capeta.

TIU — Cão.

TIÚ — Lagarto "teiú".

TOADA — Marcha regular do animal.

TORUMBAMBA — Barulho, briga com pancadaria; confusão.

TOUÁ — Tabatinga, argila clara e liguenta.

TRABALHAR — Palavra de cangaço, que significa matar ou sacrificar alguém.

TRAIA — Total de utensílios para um determinado serviço: traia de pescaria: linhas, anzóis, tarrafa, rede etc. (tralha)

TRAIÇÃO — Combinação secreta entre roceiros para, juntos, prestarem serviço de derrubada, capina etc, a um outro roceiro. Chegam de improviso: é a "traição".

TREM — Coisa; qualquer objeto concreto ou abstrato. Este termo é largamente empregado em Goiás. "Estou com vontade de comer um trem".

Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962

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