Uma aventura cativante e cheia de cores, um conto de fadas moderno escrito pela autora do best-seller da série Estilhaça-me. Inspirada por seu amor a livros como O jardim secreto e As crônicas de Nárnia, Tahereh Mafi cria um mundo novo e fascinante no qual a aventura é inevitável e a amizade pode ser encontrada nos lugares mais improváveis.
Resenha por Tânia Bueno
Há apenas três coisas importantes para Alice Alexis Queensmeadow, de 12 anos: sua mãe, que não sentiria sua falta; magia e cor, os quais parem escapar dela; e seu pai, que sempre a amou. No dia em que seu pai desapareceu de Ferenwood, ele levava consigo apenas uma régua. Já se passaram quase três anos e Alice está determinada a encontrá-lo. Ela o ama tanto quanto ama aventura, e está prestes a embarcar em um para encontrar o outro.
No entanto, trazer seu pai para casa não será tão fácil. Alice precisa viajar através da mística e perigosa Terra de Furthermore; onde para baixo pode ser para cima, papel está vivo e esquerda pode ser direita. Sua única companhia é um garoto chamado Oliver, cuja habilidade mágica é mentir e enganar – e com um mentiroso em uma terra onde nada é o que parece ser, requisitará de Alice toda sua concentração para encontrar seu pai e conseguir voltar para casa sã e salva. Em sua jornada, Alice precisa se encontrar - e se agarrar à magia do amor diante da perda.
O que dizer de um livro que abraça o leitor e o faz desejar que magicamente a leitura aconteça num piscar de olhos para saber tudo o que acontece de uma vez? Ah! Mas que graça teria ler num piscar de olhos?
Alice mora em um país magico, que faz grande festividade todos os anos para o evento que se intitula A ENTREGA, é neste dia que os jovens de 12 anos precisam entregar seus talentos, que é mostrar os seus talentos à sociedade e então recebem um desafio que consiste em ajudar alguém enfrentando alguma dificuldade, necessitando de algo em algum lugar e a conclusão do desafio cresce. Alice almeja por esse momento embora não acredite que tenha um dom/talento mágico, ela tem uma autoestima um tanto baixa, se acha feia e como ela mesma fala: somente Pai a acha bonita. Por não ter cores como as demais pessoas ela se sente diferente e infeliz.
A história começa três anos antes, quando do nada, seu Pai desaparece e ninguém sabe para onde ele foi, ela sofre com a ausência do Pai e acha que a mãe não a ama tanto quanto o Pai amava, mas entenderemos toda esta situação no final da trama. Alice se apresenta na Entrega e o que apresenta não impressiona os jurados e ela recebe um envelope preto que prefere não abrir por ter sido reprovada e não ter mais chance alguma, mas parece que na vida é assim, às vezes imaginamos algo e não queremos confirmar o que achamos que sabemos e muitas vezes sofremos desnecessariamente, pois antes do outro nos dar outra chance, nós precisamos nos dar a primeira chance. Bom, mas isso também você saberá durante a leitura desse mágico livro que impressiona do início ao fim.
Agora, que não tem seu desafio, Alice pode investir em encontrar o Pai ainda que para isso tenha que se aliar a Oliver, um garoto que é mentiroso (razões a serem entendidas durante a leitura). Oliver nunca deu nenhum motivo para Alice confiar nele, mas diz que é a única pessoa que poderá encontrar o Pai, claro, se ela o seguir em uma aventura sem precedentes, até porque Oliver tem um tempo para cumprir o seu desafio que é encontrar o Pai, que é uma das pessoas mais respeitadas na terra de Ferenwood, a terra mágica e que respeita todos os seres vivos, e não pense que é uma terra com magia feitas com varinhas e poções, nada disso. Trata-se de uma “terra simples e rica em recursos naturais e os recursos naturais mais importantes era cor e magia. Um lugar onde se colhe as cores e a magia do ar e da terra.”
Nesta aventura muitas coisas serão postas à prova como a coragem, inteligência, o perigo como viver uma linha tênue entre a vida e a morte, isso porque Alice e Oliver terão que ir à terra de Furthermore, onde muitas coisas que parecem ser, não é. Onde o visitante tem que ficar alerta o tempo inteiro, dormir e sonhar pode significar morte, não comer pode significar garantia de vida e segurança, pois em algumas situações estar leve é absolutamente imprescindível. Tudo parece não fazer sentido agora, mas leia o livro e você compreenderá.
“Farenwood, um lugar onde ocasionalmente chovia e as cores eram mais fortes do que o normal e a magia era tão comum quanto o franzir de testa de um pai ou de uma mãe. E sua peculiaridade ficava evidente nas coisas mais simples que ela fazia... Alice parava muitas vezes desviando do caminho, respirando fundo e segurando a respiração, egoísta demais para libertar o ar de seus pulmões. Girava e rodopiava as saias com um sorriso tão enorme que chegava a pensar que seu rosto explodiria para desabrochar. Saltitava na pontinha do pé só quando não aguentava mais exalava o que não era seu.” (pag. 13)
E assim nossa heroína teimosa inicia sua jornada em busca do Pai, passa pela Vila de Sonolência, mas não pode dormir, embora seja o desejo. Na Vila de Quietude todo cuidado é pouco, pois qualquer barulho pode despertar feras interiores e horrores e é lá que terão que encontrar o Tempo. Descrença é uma Vila horrorosa, então não ouse proferir a palavra descrença em hipótese alguma, aliás, cuidado com tudo que fala, não tenha cabeça pequena e lembre-se que você está sendo observado o tempo inteiro, é como se fosse um grande jogo. Ah! Tem tempo para permanecer e se roubar tempo será perseguido e preso.
Alice e Oliver seguem a aventura e chegam a lugares surpreendentes, desconfiados e prudentes muitas vezes se colocam em riscos ou por não conhecer o lugar ou por não pensar fora da casinha e ficarão em situações que terão que pensar rápido e embora estejam caindo para a vida, a sensação é de morte imediata. Mas eles são inteligentes e captam mensagens que salvarão suas vidas e os colocarão de volta no objetivo, cujo fim é encontrar o Pai.
A menina Alice vai se descobrindo e aprendendo a se valorizar reconhecendo qualidades até então menosprezadas, entra em contato com sentimentos novos que a faz se sentir amada e querida, neste caminhar aventureiro ela descobrirá que ser diferente não impedirá para nada. Descobrirá que o seu talento é importantíssimo para o mundo, afinal este talento dá vida e alegria ao local e às coisas, mas ela não usa seu talento para se vangloriar por acreditar que se não aplica-lo a si mesma que valor tem?
A narração é feita pela autora que está dentro da trama e nos conta alguns segredinhos da terra Farenwood, de Alice e Oliver isso tudo para nos situar no mundo de Além da Magia, ela conversa em vários momentos com o leitor e faz sentir próximo.
CONSTATAÇÕES:
- quanto mais as pessoas pensam, mais facilmente se livram da persuasão de outras pessoas.
- estudos já provaram que reflexão e questionamento levam a um processo de tomada de decisão consciente. (Pag 172)
- Sabe qual é um dos maiores truques da vida? “O riso era um bálsamo que tornava mais leves até os momentos mais difíceis.” (pag. 263) Amo rir de tudo, inclusive de mim mesma. Rir sozinha quando lembro-me de algo engraçado, rir de situações que presencio e por aí vai.
Um alerta importantíssimo de mãe para a criança Alice: “Mãe sempre dizia, especialmente, em relação a homens estranhos, Sentir medo significa que não tem problema nenhum em deixar as boas maneiras de lado. Se sentir medo, não precisa ser gentil.” (pág. 15)
De Pai para Alice: “Por que você precisa se parecer com o restante de nós? Por que tem de mudar? Nós que mudemos o nosso jeito de ver. Não mude o seu jeito de ser. Você é uma artista – Ele sorriu. – Pode pintar o mundo com as cores que tem dentro de você.” (pag. 234)
Cuidado com a zona de conforto – constatação de Pai : “Conforme fiquei mais velho, acabei me acomodando. Era mais difícil pensar de formas diferentes e passei a precisar de mais tempo para entender as coisas. O medo me atrapalhou. Fiquei tenso demais, cauteloso demais. E foi então que comecei a cometer muitos erros.” (pag. 355)
Sobre ser diferente: “Alice sabia que ser diferente sempre seria difícil; sabia que não existia magia capaz de abrir a mente fechada das pessoas ou acabar com as injustiças da vida. Mas também começava a entender que a vida nunca era vivida em termos absolutos. As pessoas a amariam e a desprezariam; elas mostrariam tanto gentileza quanto preconceito. A verdade era que Alice sempre seria diferente – mas ser diferente era ser extraordinário, e ser extraordinário era uma grandíssima de uma aventura. Como o mundo a via, isso não tinha importância. O que importava era como Alice se via.” (pag. 356)
E viva o diferente! Seja a diferença e viva extraordinariamente sempre.
Fontes:
Resenha: Tãnia Bueno in Faces da Leitura . 23 de setembro de 2019.
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