sábado, 27 de janeiro de 2024

A. A. de Assis (As marcas de Maringá)

Toda cidade tem sua marca. Paris tem a torre Eiffel, Nova Iorque tem a estátua da Liberdade, Curitiba tem o Jardim Botânico, o Rio de Janeiro tem o Pão-de-Açúcar, São Paulo tem a Avenida Paulista… Em Maringá, na sua opinião, que marca mais se destaca?

A catedral, obviamente, é o símbolo maior da cidade. Podemos mencionar também a fartura do verde, os parques, as universidades, o belo traçado das ruas, praças e avenidas, a moderna e avançada arquitetura das edificações, o dinamismo do povo.

Mas, pensando bem, pelo menos em termos mercadológicos, a grande marca de Maringá, desde a fundação, foi sempre, e muito fortemente, seu próprio nome – Maringá. A cidade já nasceu famosa, graças à imortal canção de Joubert de Carvalho.

Para os antigos corretores da Companhia Melhoramentos foi moleza vender lotes rurais e urbanos num lugar com um nome tão bonito e que estava no ouvido de todo mundo, no Brasil e lá fora.  Não era um nominho qualquer. Era um poema concentrado em três sílabas: Ma-rin-gá.

 Nos anos 1930 e 1940 o Brasil inteiro ouvia no rádio e cantarolava: “Foi numa leva que a cabocla Maringá…”. Consta que a esposa do presidente da empresa colonizadora ouviu a pioneirada entoar a canção, e de tal modo se encantou que sugeriu ao marido propor aos demais diretores dar esse nome à cidade.

De certo Dona Elisabeth, na ocasião, não estava pensando em marketing. Moveu-a um impulso poético. Mas os diretores da empresa perceberam de imediato a força da marca “Maringá” como facilitadora das vendas dos seus sítios e datas. E assim se batizou a cidade, que em poucos anos viria a ser um maná para o mercado imobiliário. 

Não vamos citar exemplos aqui, mas há muitos lugares que têm nomes tão estranhos que seus moradores ficam até encabulados de dizer que são de lá. Já o maringaense sente vaidade e orgulho em dizer onde mora. As pessoas reagem com uma pitada de inveja: “Puxa, que lugar bacana!…” e não raro emendam: “Maringá, Maringá…”

O nome é a primeira marca de cada um. Feliz Maringá, que já nasceu marcada para ser famosa. Valeu, Joubert. Que nome lindo você inventou para a sua canção, da qual nos tornamos xarás.

(Crônica publicada no Jornal do Povo, em 14 set 2023)

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