Na fazenda Boitatá, a família Fiore se reunia para o café da manhã, Vó Gorda, sentada num toco de madeira, com um galho de arruda na mão, benzia as crianças da redondeza, enquanto Arlindo aparava as roseiras.
Em Prenda Bonita, os peões estavam na lida, menos Simão, que deu uma chegada na casa de Juca e Amélia. Foi apanhar no jardim dos amigos algumas flores para oferecer a sua namorada, que ninguém sabia quem era.
A demora foi pouca por causa das fofocas de que ele era amante da mulher de seu melhor amigo. Mas sobrou um tempinho para um cafezinho na companhia de Amélia...
Isadora, depois de uma noite insone e triste, vestiu-se de coragem. E como de costume, foi à procura de sua mãe na cozinha.
Encontrou dona Ana empalidecida, caída ao lado do fogão.
- Mãe! – gritou desesperada. Verificou o pulso da mãe e constatou que sua mãezinha falecera.
Num grave acesso de fúria, Isadora atirou as panelas cheias de comida no chão, quebrou as louças, as vidraças das janelas...
- Minha mãe morreu! - dizia chorando.
- Calma, meu amor. Ela deve estar apenas desmaiada – Deixe-me ver.
- Meu Deus, sinto muito, Isa. - disse Fábio.
- Sente? Não sente nada. Pessoas como tu e meu pai, desconhecem o significado da palavra sentimento.
- Não ofende assim, amor.
- Que amor? - eu não sou teu amor, sou tua propriedade!
Isadora levou as mãos à cabeça, e feito louca corria pela casa gritando sem parar, rasgando a própria roupa do corpo.
Sua tempestade atraiu a todos que estavam acerca da fazenda.
Fábio tentou contê-la. E ela escapou, abraçou – se ao corpo da mãe. E depois saiu sem rumo.
Fabio e Amélia colocaram dona Ana no sofá da sala. E com muito pesar, seu corpo começou a ser velado. Juca correu para a cidade para buscar o patrão, o padre e um caixão.
O tempo fechou novamente. Uma tempestade desabou. E o senhor Antônio, com suas botas embarradas e pilcha encharcada, arregalou os olhos ao ver sua esposa morta.
A noite se aproximou. Os vizinhos foram chegando. E Isadora seguia sem rumo, com a roupa rasgada, unindo a tempestade do seu coração à tempestade da rua.
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continua...
Fonte: Texto enviado pela autora
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