sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa – 78 -

Jaqueline Machado
Cachoeira do Sul/RS

Devaneios

 Nas paredes da casa do meu “eu”, estão plasmadas em placas de muitas letras, as histórias de todas as minhas experiências. E elas revelam as múltiplas faces de mim mesma. Nelas, estão vestígios hereditários, vícios, virtudes, dores e alegrias não contadas...

E tudo que existe em mim também existe em você.

Fico inquieta em meus devaneios a pensar... Nós, humanos, somos tão pequenos. E ao mesmo tempo, seres verdadeiramente hábeis, férteis, grandiosos, filhos da imensidão...

Mas tem algo que frequentemente me sobressalta a mente: como podemos ser tão inteligentes e, por vezes, tão débeis?

Já fomos capazes de pintar a Santa Ceia, de criar o avião, criar vacinas capazes de erradicar males terríveis e, mesmo assim, também capazes de entregar nosso bem maior, o coração, para quem não o deseja.  E ainda vermos graça nisso...

É ... Somos incríveis e também bestiais... Mas não será justamente essa mistura de sensatez com loucura que nos torna seres humanos de fato?

Eis o eterno dilema do  “ser ou não ser”, fazer ou deixar de fazer sem entendermos bem o porquê de toda essa confusão...

Acho que escolhas certas e erradas fazem parte do caminhar. Não há como evitá-las. E o dia que houver, deixaremos de ser gente para nos tornarmos em robôs...

Somos verdadeiros paradoxos em pequenos frascos de perfume onde o ciúme da vida vem nos acariciar.

Somos feitos de todos os aromas, de todas as somas do caos e do equilíbrio dessa existência maravilhosamente louca, vaidosa, cheia de delírios...

Queria ser um querubim, um serafim, talvez... Mas acho que sou apenas um anjo decaído, de asas cortadas, a buscar pela própria redenção por meio de preces faladas, rezas cantadas, dirigidas aos céus...

E veja que curioso: quando estou a rezar, por alguns instantes, crio asas e diante dos reflexos do passado, do presente e do futuro, insisto em me perguntar: Afinal, quem sou? Uma réplica viva do pecado ou sinônimo de amor? E no interior de mim, a voz misteriosa da Grande Mãe sussurra em meu ouvido: – Você é uma mescla de tudo isso e mais um pouco, a minha mais bela criação!

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