O escritor numa determinada sociedade não é apenas o “indivíduo” capaz de exprimir a sua originalidade, mas alguém desempenhando um “papel social”, ocupando uma posição relativa ao seu grupo profissional e correspondendo as expectativas dos leitores ou auditores. Pode-se dizer que é um panorama dinâmico, pois a obra realizada exerce tanto sobre o público no momento da criação e da posteridade quanto sobre o autor, cuja realidade se incorpora e a fisionomia espiritual se define através dela. Esse dinamismo da obra influencia o comportamento dos grupos e define relações entre os homens.
A literatura é um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a. A produção da obra literária deve ser inicialmente encarada com referência à posição social do escritor e à formação do público. A posição do escritor dependerá do conceito social que os grupos elaboram em relação a ele, não necessariamente ao seu próprio. Deve-se considerar, relacionando-os ao grupo de fatores que integram o conceito de público. A obra sendo mediadora entre o autor e o público, este é o mediador entre o autor e a obra. O autor só adquire plena consciência da obra através da reação de terceiros, sendo esta necessária para sua autoconsciência. Por isso, todo escritor depende do público, tanto que é a ausência ou a presença dessa reação que decidirá a orientação de uma obra e o destino de um artista.
A cerimônia religiosa, a comemoração pública, foram ocasiões para se formarem os públicos mais duradouros em nossa literatura colonial, dominado pelo sermão e pelo recitativo. Silva Alvarenga foi o primeiro escritor brasileiro que procurou harmonizar a criação com a militância intelectual. Em torno dele formou-se o grupo Sociedade Literária que se prolongou pelos alunos por ele formados como Mestre de Retórica e Poética.
A exemplo de Alcino Palmireno – o escritor começou a adqüirir consciência de si mesmo no Brasil, incubidos como tarefa patriótica definir conscientemente uma literatura mais ajustada às aspirações da jovem pátria, exprimir a sensibilidade nacional, manifestando-se como ato de brasilidade.
Duas características foram decisivas para configuração geral da literatura: Retórica e Nativismo, fundidos no movimento romântico. Os românticos fundiram a tradição humanista na expressão patriótica, fornecendo ao Brasil um temário nacionalista e sentimental, adequado às necessidades de autovalores propiciando a formação de um público incalculável.
A literatura se incorporou ao civismo da Independência, pois foi aceita pelas instituições governamentais: o amparo oficial de D Pedro II, o Instituto Histórico e as Academias de Direito. Sua função consistiu de um lado – acolher a atividade literária como função digna; de outro – podar suas demasias pela padronização imposta ao comportamento do escritor. O Estado reconhecia o papel cívico e construtivo que o escritor atribuía como justificativa da sua atividade.
No segundo reinado são feitos publicações em revistas e jornais familiares, fato este que levou os escritores a escrever para um público feminino ou para serões que se liam em voz alta. No Brasil, embora exista tradicionalmente uma literatura muito acessível, na grande maioria verifica-se ausência de comunicação entre o escritor e o público. Com efeito disso, o escritor se habituou a escrever para públicos restritos e contar com a aprovação dos grupos reduzidos de pequenas elites.
Sendo a grande maioria de iletrados que ainda hoje caracteriza o país, a pobreza cultural nunca permitiu a formação de uma literatura complexa, salvo as devidas exceções. Por isso que quase não há no Brasil uma literatura requintada, seria inacessível aos públicos disponíveis.
Essas considerações apontam algumas condições da produção da Literatura no Brasil, desde o ponto de vista das relações do escritor com o público e dos valores de comunicação.
Segundo o escritor, o ornamento da sociedade pôde definir um papel mais liberto, sem se afastar do esquema traçado de participação na vida e aspirações nacionais. A diferenciação dos públicos permitiu maiores aventuras intelectuais e a produção de obras.
Fontes:
CANDIDO, Antonio. “O escritor e o público”. in Literatura e sociedade.
Marli Savelli de Campos in http://mscamp.wordpress.com/o-escritor-e-o-publico/
A literatura é um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a. A produção da obra literária deve ser inicialmente encarada com referência à posição social do escritor e à formação do público. A posição do escritor dependerá do conceito social que os grupos elaboram em relação a ele, não necessariamente ao seu próprio. Deve-se considerar, relacionando-os ao grupo de fatores que integram o conceito de público. A obra sendo mediadora entre o autor e o público, este é o mediador entre o autor e a obra. O autor só adquire plena consciência da obra através da reação de terceiros, sendo esta necessária para sua autoconsciência. Por isso, todo escritor depende do público, tanto que é a ausência ou a presença dessa reação que decidirá a orientação de uma obra e o destino de um artista.
A cerimônia religiosa, a comemoração pública, foram ocasiões para se formarem os públicos mais duradouros em nossa literatura colonial, dominado pelo sermão e pelo recitativo. Silva Alvarenga foi o primeiro escritor brasileiro que procurou harmonizar a criação com a militância intelectual. Em torno dele formou-se o grupo Sociedade Literária que se prolongou pelos alunos por ele formados como Mestre de Retórica e Poética.
A exemplo de Alcino Palmireno – o escritor começou a adqüirir consciência de si mesmo no Brasil, incubidos como tarefa patriótica definir conscientemente uma literatura mais ajustada às aspirações da jovem pátria, exprimir a sensibilidade nacional, manifestando-se como ato de brasilidade.
Duas características foram decisivas para configuração geral da literatura: Retórica e Nativismo, fundidos no movimento romântico. Os românticos fundiram a tradição humanista na expressão patriótica, fornecendo ao Brasil um temário nacionalista e sentimental, adequado às necessidades de autovalores propiciando a formação de um público incalculável.
A literatura se incorporou ao civismo da Independência, pois foi aceita pelas instituições governamentais: o amparo oficial de D Pedro II, o Instituto Histórico e as Academias de Direito. Sua função consistiu de um lado – acolher a atividade literária como função digna; de outro – podar suas demasias pela padronização imposta ao comportamento do escritor. O Estado reconhecia o papel cívico e construtivo que o escritor atribuía como justificativa da sua atividade.
No segundo reinado são feitos publicações em revistas e jornais familiares, fato este que levou os escritores a escrever para um público feminino ou para serões que se liam em voz alta. No Brasil, embora exista tradicionalmente uma literatura muito acessível, na grande maioria verifica-se ausência de comunicação entre o escritor e o público. Com efeito disso, o escritor se habituou a escrever para públicos restritos e contar com a aprovação dos grupos reduzidos de pequenas elites.
Sendo a grande maioria de iletrados que ainda hoje caracteriza o país, a pobreza cultural nunca permitiu a formação de uma literatura complexa, salvo as devidas exceções. Por isso que quase não há no Brasil uma literatura requintada, seria inacessível aos públicos disponíveis.
Essas considerações apontam algumas condições da produção da Literatura no Brasil, desde o ponto de vista das relações do escritor com o público e dos valores de comunicação.
Segundo o escritor, o ornamento da sociedade pôde definir um papel mais liberto, sem se afastar do esquema traçado de participação na vida e aspirações nacionais. A diferenciação dos públicos permitiu maiores aventuras intelectuais e a produção de obras.
Fontes:
CANDIDO, Antonio. “O escritor e o público”. in Literatura e sociedade.
Marli Savelli de Campos in http://mscamp.wordpress.com/o-escritor-e-o-publico/
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