EFEITO DE LUZ
Sob o silêncio que flutua,
no crepúsculo
a angra é um espelho de cristal.
De súbito, porém, rompendo a superfície polida,
como um brusco
reflexo,
o peixe prateado e liso
pula no ar
em esplêndido, caracoleia no crepúsculo
e retomba no seio da água adormecida,
que, sonhando, o supõe numa chispa de luar...
(As Imagens Acesas, 1928)
Comentário: “Uma visão impressionista da realidade predomina no poema, onde o autor procura captar imagens de luz e cor. A velocidade rítmico-expressional dos versos se ajusta bem à temática, em estrofes livres e rimos variados, apesar do alexandrino que aparece no final do poema.” Leodegário A. De Azevedo Filho
–––––––––––––––-
TORRE
Os ventos altos
vindos das distâncias perdidas
bateram a torre do meu corpo.
Bateram a torre esguia e longa
e puíram-lhe os ornamentos raros,
desfiguraram-lhe a feição de beleza,
como o mar milenário
desastou as arestas vivas dos rochedos
imemoriais.
Não apagaram, porém, a lâmpada
solitária e serena
que ardia no silêncio...
e os meus olhos, rosáceas claras, abertas
para a paisagem
do teu ser,
ficaram coando sempre o clarão suave e leve,
ficaram adolescentes
para sempre...
(Alegria do Mundo, 1940)
Comentário: “O tema da torre é freqüente na poesia de Tasso da Silveira, simbolizando um movimento em direção ao infinito. (...) Como se percebe, mesmo nos poemas em que o amor carnal se transforma em tema básico, o influxo espiritualista é sempre a seiva dos versos. Como no resto de sua poesia, o pensador não domina o poeta, apesar das raízes filosóficas e religiosas de sua motivação estética.” Leodegário A. De Azevedo Filho
––––––––––––––––––
SEM TÍTULO
Do fundo do crepúsculo,
O vento tombou como uma ave ferida
Sobre os tufos e as palmas verdes
do dormente jardim.
Bateu, raivoso, as possantes asas,
rodopiou exasperado
entre as frondes em pânico.
E miraculosamente recompondo
o perdido equilíbrio,
em brusco, violento arranco
ergueu vôo outra vez para o espaço sem fim...
(Contemplação do Eterno, 1952)
Comentário: “Na utilização estética do sistema lingüístico, Tasso da Silveira sabe tirar efeito artístico adequado à temática de seus poemas. São múltiplos os recurso de estilística fônica, mórfica, sintática e semântica aí existentes. O efeito de essência profunda, espécie de temática central em sua poesia, logo transparece no primeiro verso, quando o vento vem do fundo do crepúsculo.(...) Toda a idéia dinâmica de uma movimentação brusca e violenta nos é sugerida pela própria linguagem.” Leodegário A. De Azevedo Filho
–––––––––––––––-
SEM TÍTULO
O fogo é pura adoração.
Quando mãos insidiosas
o ateiam
na seara florescente
ou na choupana humilde
ou no palácio fastigioso
ou no flanco da montanha,
ele ignora o gesto de pecado
de que nasceu.
E se ergue límpido e inocene
para Deus.
(Contemplação do Eterno, 1952)
Comentário: “O tema da purificação pelo fogo aparece algumas vezes na poesia de Tasso da Silveira. Do mesmo modo que o tema da torre, subindo para o céu, exprime um anseio de espiritualidade, o tema do fogo também revela a busca de Deus. O fogo é sinônimo de adoração e se ergue, límpido e inocente, para o infinito.” Leodegário A. De Azevedo Filho
––––––––––––––––––-
CANÇÃO
Quando a alta onda de poesia
veio do arcano profundo,
no pobre e efêmero mundo
o eterno pôs-se a pulsar.
Vidas se transfiguraram,
permutaram-lhe destinos.
O azul se fez mais etéreo,
Estradas mais se alongaram,
silêncio cantou na aldeia
sino ficou a escutar,
moeu trigo a lua cheia,
lampião de rua deu luar,
a água mansa da lagoa
ergueu-se em repuxo límpido
e se esqueceu de tombar,
alvas estrelas em bando
desceram lentas pousando
sobre a terra e sobre o mar.
(Regresso à Origem, 1960)
Comentário: “Em versos de redondilha maior, os mais espontâneos de nossa língua, nesta canção o poeta se transforma em receptor de poesia eterna. Logo nos primeiros versos, o efeito de essência profunda se exprime através da alta onda de poesia que vem do arcano profundo, pulsando de vida espiritual.” .” Leodegário A. De Azevedo Filho
–––––––––––––––––––––-
OS CAVALOS DO TEMPO
Os cavalos do tempo são de vento.
Têm músculos de vento,
nervos de vento, patas de vento, crinas de vento.
Perenemente em surda galopada,
passam brancos e puros
por estradas de sonho e esquecimento.
Os cavalos do tempo vão correndo.
Vêm correndo de origens insondáveis,
e a um abismo absoluto vão rumando.
Passam puros e brancos, livres, límpidos,
no indescontínuo imemorial esforço.
Ah! são o eterno atravessando o efêmero:
levam sombras divinas sobre o dorso...
(Regresso à Origem, 1960)
Comentário: “A problemática do tempo se reflete na poesia de Tasso da Silveira como resultante de uma ação divina. Assim, o tempo é uma espécie de fluir contínuo do seio da eternidade. Poesia do eterno no efêmero, os cavalos do tempo levam sombras divinas sobre o dorso, em sua perene e surda galopada.” Leodegário A. De Azevedo Filho
Poemas e textos extraídos da obra POETAS DO MODERNISMO, vol. 4. Edição comemorativa dos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972.
––––––––––––––––––––
FESTA - Manifesto
Nós temos uma visão clara desta hora.
Sabemos que é de tumulto e incerteza.
E de confusão de valores.
E de vitória do arrivismo.
E de graves ameaças para o homem.
Mas sabemos, também, que não é esta a primeira hora de
agonia e inquietude que a humanidade vive.
A humanidade dança a sua dança eterna num velho
ritmo em dois tempos.
Quando todas as forças interiores se equilibram, os
gestos são luminosamente serenos.
Mas o que nesses gestos parecia um esplendor supremo
de beleza ou de verdade não era senão um momento
efêmero da Escalada.
Então exsurgem das profundezas do ser ímpetos bruscos
e imprevistos, que trazem a insatisfação,
a angústia, a febre, e quebram os compassos
harmoniosos, e fazem pensar, aos que se esqueceram de
Deus, que tudo está perdido,
- mas que são, em verdade, ondas desconhecidas de
energia para a criação de um equilíbrio novo e de outra
mais alta eternidade...
Nós temos a compreensão nítida deste momento.
Deste momento no mundo e deste momento no Brasil.
Vemos, lá fora e aqui dentro, o rodopio dos sentimentos
em torvelinho trágico.
E as investidas reinvidicadoras
dos apetites que se disfarçam
e agora se desencadeiam em fúria.
E ouvimos o suspiro de alívio
da mediocridade finalmente desoprimida :
da mediocridade que, aproveitando a sua voz em falsete, e
encheu o ar de gestos desarticulados, e proclamou-se
vencedora,
na ingênua ilusão de que as barreiras que a continham
tombaram para sempre.
Mas vemos igualmente os espíritos legítimos no seu
posto imutável.
E apuramos o ouvido ao brado de alerta das sentinelas
perdidas.
E sentimos à flor do solo o frêmito das subterrâneas
correntes de força viva, que serão captadas pela
sabedoria divina na hora próxima das construções
admiráveis.
A arte é sempre a primeira que fala para anunciar o que virá.
E a arte deste momento é um canto de alegria,
uma reiniciação na esperança, uma promessa de
esplendor.
Deus, canta-a, porém, porque a percebe e compreende
em toda a sua múltipla beleza, em sua profundidade e
infinitude.
E por isto o seu canto é feito de inteligência e de instinto
(porque também deve ser total) e é feito de ritmos livres
elásticos e ágeis como músculos de atletas velozes e
altos como sutilíssimos pensamentos e sobretudo
palpitantes do triunfo interior que nasce das
adivinhações maravilhosas...
O artista voltou a Ter os olhos adolescentes e encantou-se
novamente com a Vida! Todos os homens o
acompanharão!
Neste texto destacam-se os seguintes aspectos do estilo e da obra de Tasso da Silveira :
•a inteligência se alia e se opõe a serviço da sensibilidade e da fé;
•a religiosidade alimenta o conceito espiritualista e a elevação moral dos textos;
•em sua poesia se encontram harmoniosamente a filosofia e a religião, o misticismo e a sensualidade;
•numa verdadeira tempestade mística o sentimento de eternidade o lança para um encontro com o absoluto.
––––––––––––
POEMA 17
Esquece o tempo. O tempo não existe.
Acende a chama às límpidas lanternas.
Nossas almas, a ansiar no mundo triste,
são de uma mesma idade: são eternas.
Se no meu rosto lês mortais cansaços,
é natural.A luta foi renhida:
caminhei tantos passos, tantos passos
para que te encontrasse em minha vida...
Não medites o tempo. Se muito antes
de ti cheguei, para a áspera, inclemente
sina de navegar por este mar,
foi para que tivesse olhos orantes,
e me purificasse longamente
na infinita aflição de te esperar...
Fontes:
Antonio Miranda.
Jornal de Poesia.
Sob o silêncio que flutua,
no crepúsculo
a angra é um espelho de cristal.
De súbito, porém, rompendo a superfície polida,
como um brusco
reflexo,
o peixe prateado e liso
pula no ar
em esplêndido, caracoleia no crepúsculo
e retomba no seio da água adormecida,
que, sonhando, o supõe numa chispa de luar...
(As Imagens Acesas, 1928)
Comentário: “Uma visão impressionista da realidade predomina no poema, onde o autor procura captar imagens de luz e cor. A velocidade rítmico-expressional dos versos se ajusta bem à temática, em estrofes livres e rimos variados, apesar do alexandrino que aparece no final do poema.” Leodegário A. De Azevedo Filho
–––––––––––––––-
TORRE
Os ventos altos
vindos das distâncias perdidas
bateram a torre do meu corpo.
Bateram a torre esguia e longa
e puíram-lhe os ornamentos raros,
desfiguraram-lhe a feição de beleza,
como o mar milenário
desastou as arestas vivas dos rochedos
imemoriais.
Não apagaram, porém, a lâmpada
solitária e serena
que ardia no silêncio...
e os meus olhos, rosáceas claras, abertas
para a paisagem
do teu ser,
ficaram coando sempre o clarão suave e leve,
ficaram adolescentes
para sempre...
(Alegria do Mundo, 1940)
Comentário: “O tema da torre é freqüente na poesia de Tasso da Silveira, simbolizando um movimento em direção ao infinito. (...) Como se percebe, mesmo nos poemas em que o amor carnal se transforma em tema básico, o influxo espiritualista é sempre a seiva dos versos. Como no resto de sua poesia, o pensador não domina o poeta, apesar das raízes filosóficas e religiosas de sua motivação estética.” Leodegário A. De Azevedo Filho
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SEM TÍTULO
Do fundo do crepúsculo,
O vento tombou como uma ave ferida
Sobre os tufos e as palmas verdes
do dormente jardim.
Bateu, raivoso, as possantes asas,
rodopiou exasperado
entre as frondes em pânico.
E miraculosamente recompondo
o perdido equilíbrio,
em brusco, violento arranco
ergueu vôo outra vez para o espaço sem fim...
(Contemplação do Eterno, 1952)
Comentário: “Na utilização estética do sistema lingüístico, Tasso da Silveira sabe tirar efeito artístico adequado à temática de seus poemas. São múltiplos os recurso de estilística fônica, mórfica, sintática e semântica aí existentes. O efeito de essência profunda, espécie de temática central em sua poesia, logo transparece no primeiro verso, quando o vento vem do fundo do crepúsculo.(...) Toda a idéia dinâmica de uma movimentação brusca e violenta nos é sugerida pela própria linguagem.” Leodegário A. De Azevedo Filho
–––––––––––––––-
SEM TÍTULO
O fogo é pura adoração.
Quando mãos insidiosas
o ateiam
na seara florescente
ou na choupana humilde
ou no palácio fastigioso
ou no flanco da montanha,
ele ignora o gesto de pecado
de que nasceu.
E se ergue límpido e inocene
para Deus.
(Contemplação do Eterno, 1952)
Comentário: “O tema da purificação pelo fogo aparece algumas vezes na poesia de Tasso da Silveira. Do mesmo modo que o tema da torre, subindo para o céu, exprime um anseio de espiritualidade, o tema do fogo também revela a busca de Deus. O fogo é sinônimo de adoração e se ergue, límpido e inocente, para o infinito.” Leodegário A. De Azevedo Filho
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CANÇÃO
Quando a alta onda de poesia
veio do arcano profundo,
no pobre e efêmero mundo
o eterno pôs-se a pulsar.
Vidas se transfiguraram,
permutaram-lhe destinos.
O azul se fez mais etéreo,
Estradas mais se alongaram,
silêncio cantou na aldeia
sino ficou a escutar,
moeu trigo a lua cheia,
lampião de rua deu luar,
a água mansa da lagoa
ergueu-se em repuxo límpido
e se esqueceu de tombar,
alvas estrelas em bando
desceram lentas pousando
sobre a terra e sobre o mar.
(Regresso à Origem, 1960)
Comentário: “Em versos de redondilha maior, os mais espontâneos de nossa língua, nesta canção o poeta se transforma em receptor de poesia eterna. Logo nos primeiros versos, o efeito de essência profunda se exprime através da alta onda de poesia que vem do arcano profundo, pulsando de vida espiritual.” .” Leodegário A. De Azevedo Filho
–––––––––––––––––––––-
OS CAVALOS DO TEMPO
Os cavalos do tempo são de vento.
Têm músculos de vento,
nervos de vento, patas de vento, crinas de vento.
Perenemente em surda galopada,
passam brancos e puros
por estradas de sonho e esquecimento.
Os cavalos do tempo vão correndo.
Vêm correndo de origens insondáveis,
e a um abismo absoluto vão rumando.
Passam puros e brancos, livres, límpidos,
no indescontínuo imemorial esforço.
Ah! são o eterno atravessando o efêmero:
levam sombras divinas sobre o dorso...
(Regresso à Origem, 1960)
Comentário: “A problemática do tempo se reflete na poesia de Tasso da Silveira como resultante de uma ação divina. Assim, o tempo é uma espécie de fluir contínuo do seio da eternidade. Poesia do eterno no efêmero, os cavalos do tempo levam sombras divinas sobre o dorso, em sua perene e surda galopada.” Leodegário A. De Azevedo Filho
Poemas e textos extraídos da obra POETAS DO MODERNISMO, vol. 4. Edição comemorativa dos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972.
––––––––––––––––––––
FESTA - Manifesto
Nós temos uma visão clara desta hora.
Sabemos que é de tumulto e incerteza.
E de confusão de valores.
E de vitória do arrivismo.
E de graves ameaças para o homem.
Mas sabemos, também, que não é esta a primeira hora de
agonia e inquietude que a humanidade vive.
A humanidade dança a sua dança eterna num velho
ritmo em dois tempos.
Quando todas as forças interiores se equilibram, os
gestos são luminosamente serenos.
Mas o que nesses gestos parecia um esplendor supremo
de beleza ou de verdade não era senão um momento
efêmero da Escalada.
Então exsurgem das profundezas do ser ímpetos bruscos
e imprevistos, que trazem a insatisfação,
a angústia, a febre, e quebram os compassos
harmoniosos, e fazem pensar, aos que se esqueceram de
Deus, que tudo está perdido,
- mas que são, em verdade, ondas desconhecidas de
energia para a criação de um equilíbrio novo e de outra
mais alta eternidade...
Nós temos a compreensão nítida deste momento.
Deste momento no mundo e deste momento no Brasil.
Vemos, lá fora e aqui dentro, o rodopio dos sentimentos
em torvelinho trágico.
E as investidas reinvidicadoras
dos apetites que se disfarçam
e agora se desencadeiam em fúria.
E ouvimos o suspiro de alívio
da mediocridade finalmente desoprimida :
da mediocridade que, aproveitando a sua voz em falsete, e
encheu o ar de gestos desarticulados, e proclamou-se
vencedora,
na ingênua ilusão de que as barreiras que a continham
tombaram para sempre.
Mas vemos igualmente os espíritos legítimos no seu
posto imutável.
E apuramos o ouvido ao brado de alerta das sentinelas
perdidas.
E sentimos à flor do solo o frêmito das subterrâneas
correntes de força viva, que serão captadas pela
sabedoria divina na hora próxima das construções
admiráveis.
A arte é sempre a primeira que fala para anunciar o que virá.
E a arte deste momento é um canto de alegria,
uma reiniciação na esperança, uma promessa de
esplendor.
Deus, canta-a, porém, porque a percebe e compreende
em toda a sua múltipla beleza, em sua profundidade e
infinitude.
E por isto o seu canto é feito de inteligência e de instinto
(porque também deve ser total) e é feito de ritmos livres
elásticos e ágeis como músculos de atletas velozes e
altos como sutilíssimos pensamentos e sobretudo
palpitantes do triunfo interior que nasce das
adivinhações maravilhosas...
O artista voltou a Ter os olhos adolescentes e encantou-se
novamente com a Vida! Todos os homens o
acompanharão!
Neste texto destacam-se os seguintes aspectos do estilo e da obra de Tasso da Silveira :
•a inteligência se alia e se opõe a serviço da sensibilidade e da fé;
•a religiosidade alimenta o conceito espiritualista e a elevação moral dos textos;
•em sua poesia se encontram harmoniosamente a filosofia e a religião, o misticismo e a sensualidade;
•numa verdadeira tempestade mística o sentimento de eternidade o lança para um encontro com o absoluto.
––––––––––––
POEMA 17
Esquece o tempo. O tempo não existe.
Acende a chama às límpidas lanternas.
Nossas almas, a ansiar no mundo triste,
são de uma mesma idade: são eternas.
Se no meu rosto lês mortais cansaços,
é natural.A luta foi renhida:
caminhei tantos passos, tantos passos
para que te encontrasse em minha vida...
Não medites o tempo. Se muito antes
de ti cheguei, para a áspera, inclemente
sina de navegar por este mar,
foi para que tivesse olhos orantes,
e me purificasse longamente
na infinita aflição de te esperar...
Fontes:
Antonio Miranda.
Jornal de Poesia.
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