SINOPSE
As divertidas histórias de Tom, um menino órfão, sonhador e muito esperto, são contadas com muito humor e lirismo. E mostram a importância de uma amizade e da descoberta do amor. Texto integral em cuidadosa tradução. Numa pacata cidadezinha às margens do Mississípi, o menino Tom vive encrencado com a tia, o irmão e a escola.
Malandro e espertíssimo, dizem que ele tem tudo para virar presidente, se não for enforcado antes… Enquanto nenhuma das duas coisas acontece, Tom brinca de pirata, pele-vermelha, Robin Hood e o que mais lhe der na cabeça, mesmo que ás vezes os perigos de mentirinha se tornem bem reais e assustadores! Durante a história o leitor embarca com os garotos-pirata do Mississípi num clássico do humor, mistério e ação!
ANÁLISE DA OBRA
Há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que na verdade que a vida ensina.” (Schiller)
Tom Sawyer é um menino aventureiro, pobre, espertíssimo e órfão - quando ainda bebê seus pais faleceram, tendo que então morar com sua tia Polly, “(…) É filho de minha falecida irmã, o coitadinho (…)" p.12, mais o seu irmão Sid – que se comporta totalmente ao oposto de Tom e sua prima Mary – um pouco mais velha, religiosa e dada aos afazeres doméstico.
A personagem de Tom Sawyer serve para representar o sonho de muitas crianças: desejo de ser visto como um herói. “ (…) É possível que o estômago de Tom nunca houvesse sentido verdadeira fome por aqueles prêmios, mas não resta dúvida que todo o seu ser, em muitas ocasiões, ansiou pela glória que deles advinha.” p.37 Tom vive numa busca constante de glória para provocar inveja em seus companheiros “ (…) Todos os meninos remorderam-se de inveja; mas _ mas o que mais lhes doeu foi verificar que eles mesmos haviam contribuído para aquele triunfo, quando negociaram com Tom os seus cartões (…).” p. 41, conquistar o coração de sua amada Becky Tatcher e ser admirado pelos adultos “ (…) Um estante depois lá estava ele espinoteando como um índio selvagem, gritando, rindo, perseguindo os outros, jogando coisas, ficando de pés para o ar – fazendo todas as coisas heróicas que lhe vinham à cabeça, sempre com o olho alerta para ver se Becky Thatcher prestava atenção (…).” p. 101. Não tem medo de nada, é forte, ágil, carismático e sedutor.
Ser pirata e descobrir tesouros é o seu sonho. Amigos não lhe falta, mas é com os seus companheiros, Huckleberry Finn, ou apenas Huck, e Joe Harper que Tom partilha as suas maiores aventuras, como se isolar por dias numa ilha deserta no meio do rio, consentindo que os parentes pensassem que eles haviam morrido. “ (…) Os três meninos “mortos” vinham “ressuscitando!” – vinham entrando, Tom à frente, Joe em seguida e Huck todo trapos atrás! (…).” p.135.
Tom utiliza dessa e de várias outras estratégias para ser notado, passando, muitas vezes, por situações embaraçosas e perigosas – exemplo: quando ele e Huck presenciam um assassinato e passam a conhecer o perigoso Injun Joe, o índio, e procuram pelo tesouro perdido. “ (…) Tom disse: … e assim que o doutor pegou na tábua e Muff Potter caiu, Injue Joe saltou de faca em punho e …” p.173
Na obra o mundo adulto se contrapõe ao mundo infantil. Com base no fragmento abaixo, percebemos que compete aos adultos – a educação - ou seja, aplicar as regras, e às crianças rompê-las, pois raramente as cumpriam.
“(…) A viúva é muito boa e amiga _ mas eu não agüento aquelas histórias. Ela me faz levantar todos os dias à mesma hora, e tomar banho; e me penteiam e me escovam; e não me deixam dormir no lenheiro; tenho que andar com umas roupas que me incomodam , que não deixam entrar o ar e são tão finas que não posso sentar-me no chão ou rolar pela areia. Tenho de ir à igreja, e suar, suar, a ouvir aqueles sermões. Não gosto de sermões. Não posso pegar uma mosca, nem mascar fumo. Tenho aos domingos de andar calçado o dia inteiro. A viúva não faz nada sem o toque da campainha _ levantar-se, deitar-se, comer… Tudo numa ordem tão horrível que um ser humano não agüenta.” p.249
Mark Twain relata de forma muito superficial a vida dos adultos na obra, procura enfatizar muito mais o universo infantil, revelando a verdadeira essência do ser humano ainda não corrompido pela sociedade: A beleza da ingenuidade, a espontaneidade, a generosidade e a sinceridade presentes na criança. “ (…) eles não me esquecem (…) vocês tem sido tão bons comigo (…) Estas mãozinhas pequenas e fracas, mas muito que tem ajudado Muff Potter, e mais o ajudariam, se pudessem.” p.169
Outro fato marcante a ser ressaltado é a passagem que relata quando as crianças pintam a cerca por diversão. “Tom havia passado horas muito divertidas na companhia dos meninos e a cerca estavam com três mãos de pintura!” p.24. Isso mostra-nos que os dissabores e amarguras do mundo adulto, em situações idênticas para as crianças representam mais uma de suas aventuras, uma vez que vivem num mundo de sonhos e fantasias, tais sentimentos que se perdem quando alcançamos a maturidade.
As Aventuras de Tom Sawyer não é um livro pedagógico, já que não tem intenção de educar e sim de divertir. Pode-se averiguar na leitura que as principais personagens da obra não são modelo a ser seguido, principalmente o protagonista, Tom Sawyer, que viola em todo momento as regras estipuladas pelos adultos, ou seja, os princípios impostos pela sociedade.
Diante disso, no prefácio o autor tenta levar o leitor a crer que o livro trata-se de histórias reais, apenas com um pouco de fantasia, no intuito de ocultar qualquer tendência que pudesse revolucionar na época, pois se a obra fosse considerada imprópria, poderia ser proibida de circular, principalmente por se tratar de um livro indicado para o público infanto-juvenil, onde poderia representar um perigo para as crianças "(…) Fazemos que os parentes juntem todo o dinheiro que possam e resgatem o preso; (…) se não pagam, então sim _ zás! Faca no pescoço.” p. 237, incentivando-as a se rebelarem, visto que muitas vezes, Tom não era castigado pelos seus atos, pelo contrário, era visto como herói em suas façanhas. A responsável por sua educação é a tia Polly. “ (… ) A verdade é que não ando cumprindo o meu dever com este menino (…) Ele tem o demo no corpo, mas o que fazer? (…) Não tenho coragem de surrá-lo. Cada vez que o deixo escapar minha consciência dói; e se o agarro, o que dói é meu coração.” p.12.
Tom não é um menino exemplar: é rebelde, não obedece a ninguém, não quer estudar “ (…) se tivesse amanhecido doente, não iria à escola (…) “ p.49, detesta andar de sapatos, “(…) Tom teve esperança de que Mary se esquecesse dos sapatos, mas foi esperança vã; (…) e ele entrou nos sapatos resmungando (…)” p.35 ter de ir aos domingos à missa, ter que tomar banho “ (…) Que vergonha Tom, um menino desse tamanho com medo de água! Água não machuca ninguém.” p.34 e mente sempre para evitar castigos ou sair de situações inesperadas.
Ele é uma criança muito difícil de tratar, espécie de degenerado da casa, mas a tia mesmo assim o estima muito, embora não deixa demonstrar para não estragar na educação, pois por algumas vezes acaba sendo necessário castigá-lo com alguma dureza, porém, em outras, não sofre nenhum castigo, pois ela deixa-se passar para trás, fazendo-se de desentendida. “ (…) Parece que cheira até que ponto pode me atormentar; e sabe que se consegue me atrapalhar ou fazer rir-me, já está livre de sova (…).” p.12
Tom Sawyer tem como arma principal para sobreviver na sociedade – a inteligência, ou melhor, a malandragem. Usa a esperteza para se safar de situações inusitadas ou barganhar quando está em condições de desvantagem, mesmo que seja necessário enganar os outros. Seu brinquedo é a sua astúcia – capaz de manipular a todos por meio da malandragem. Tom – o herói infantil do romance é um menino normal, que vive em busca do prazer e da aventura.
“ (…) enquanto o Big-Missouri trabalhava e suava ao sol, ficou ali sentado numa travessa, a comer a maçã e a pensar na caçada de outros inocentes. Material não lhe faltava, e constantemente vinham meninos, que paravam para caçoar e acabavam pintando (…) Lá pela tarde, Tom, que tinha começado o dia paupérrimo, estava o que havia de rico (…)” p.24
Fontes:
– TWAIN, Mark. As aventuras de Tom Sawyer. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1961.
– Análise da Obra por Marli Savelli de Campos, disponível em http://mscamp.wordpress.com/as-aventuras-de-tom-sawyer/
As divertidas histórias de Tom, um menino órfão, sonhador e muito esperto, são contadas com muito humor e lirismo. E mostram a importância de uma amizade e da descoberta do amor. Texto integral em cuidadosa tradução. Numa pacata cidadezinha às margens do Mississípi, o menino Tom vive encrencado com a tia, o irmão e a escola.
Malandro e espertíssimo, dizem que ele tem tudo para virar presidente, se não for enforcado antes… Enquanto nenhuma das duas coisas acontece, Tom brinca de pirata, pele-vermelha, Robin Hood e o que mais lhe der na cabeça, mesmo que ás vezes os perigos de mentirinha se tornem bem reais e assustadores! Durante a história o leitor embarca com os garotos-pirata do Mississípi num clássico do humor, mistério e ação!
ANÁLISE DA OBRA
Há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que na verdade que a vida ensina.” (Schiller)
Tom Sawyer é um menino aventureiro, pobre, espertíssimo e órfão - quando ainda bebê seus pais faleceram, tendo que então morar com sua tia Polly, “(…) É filho de minha falecida irmã, o coitadinho (…)" p.12, mais o seu irmão Sid – que se comporta totalmente ao oposto de Tom e sua prima Mary – um pouco mais velha, religiosa e dada aos afazeres doméstico.
A personagem de Tom Sawyer serve para representar o sonho de muitas crianças: desejo de ser visto como um herói. “ (…) É possível que o estômago de Tom nunca houvesse sentido verdadeira fome por aqueles prêmios, mas não resta dúvida que todo o seu ser, em muitas ocasiões, ansiou pela glória que deles advinha.” p.37 Tom vive numa busca constante de glória para provocar inveja em seus companheiros “ (…) Todos os meninos remorderam-se de inveja; mas _ mas o que mais lhes doeu foi verificar que eles mesmos haviam contribuído para aquele triunfo, quando negociaram com Tom os seus cartões (…).” p. 41, conquistar o coração de sua amada Becky Tatcher e ser admirado pelos adultos “ (…) Um estante depois lá estava ele espinoteando como um índio selvagem, gritando, rindo, perseguindo os outros, jogando coisas, ficando de pés para o ar – fazendo todas as coisas heróicas que lhe vinham à cabeça, sempre com o olho alerta para ver se Becky Thatcher prestava atenção (…).” p. 101. Não tem medo de nada, é forte, ágil, carismático e sedutor.
Ser pirata e descobrir tesouros é o seu sonho. Amigos não lhe falta, mas é com os seus companheiros, Huckleberry Finn, ou apenas Huck, e Joe Harper que Tom partilha as suas maiores aventuras, como se isolar por dias numa ilha deserta no meio do rio, consentindo que os parentes pensassem que eles haviam morrido. “ (…) Os três meninos “mortos” vinham “ressuscitando!” – vinham entrando, Tom à frente, Joe em seguida e Huck todo trapos atrás! (…).” p.135.
Tom utiliza dessa e de várias outras estratégias para ser notado, passando, muitas vezes, por situações embaraçosas e perigosas – exemplo: quando ele e Huck presenciam um assassinato e passam a conhecer o perigoso Injun Joe, o índio, e procuram pelo tesouro perdido. “ (…) Tom disse: … e assim que o doutor pegou na tábua e Muff Potter caiu, Injue Joe saltou de faca em punho e …” p.173
Na obra o mundo adulto se contrapõe ao mundo infantil. Com base no fragmento abaixo, percebemos que compete aos adultos – a educação - ou seja, aplicar as regras, e às crianças rompê-las, pois raramente as cumpriam.
“(…) A viúva é muito boa e amiga _ mas eu não agüento aquelas histórias. Ela me faz levantar todos os dias à mesma hora, e tomar banho; e me penteiam e me escovam; e não me deixam dormir no lenheiro; tenho que andar com umas roupas que me incomodam , que não deixam entrar o ar e são tão finas que não posso sentar-me no chão ou rolar pela areia. Tenho de ir à igreja, e suar, suar, a ouvir aqueles sermões. Não gosto de sermões. Não posso pegar uma mosca, nem mascar fumo. Tenho aos domingos de andar calçado o dia inteiro. A viúva não faz nada sem o toque da campainha _ levantar-se, deitar-se, comer… Tudo numa ordem tão horrível que um ser humano não agüenta.” p.249
Mark Twain relata de forma muito superficial a vida dos adultos na obra, procura enfatizar muito mais o universo infantil, revelando a verdadeira essência do ser humano ainda não corrompido pela sociedade: A beleza da ingenuidade, a espontaneidade, a generosidade e a sinceridade presentes na criança. “ (…) eles não me esquecem (…) vocês tem sido tão bons comigo (…) Estas mãozinhas pequenas e fracas, mas muito que tem ajudado Muff Potter, e mais o ajudariam, se pudessem.” p.169
Outro fato marcante a ser ressaltado é a passagem que relata quando as crianças pintam a cerca por diversão. “Tom havia passado horas muito divertidas na companhia dos meninos e a cerca estavam com três mãos de pintura!” p.24. Isso mostra-nos que os dissabores e amarguras do mundo adulto, em situações idênticas para as crianças representam mais uma de suas aventuras, uma vez que vivem num mundo de sonhos e fantasias, tais sentimentos que se perdem quando alcançamos a maturidade.
As Aventuras de Tom Sawyer não é um livro pedagógico, já que não tem intenção de educar e sim de divertir. Pode-se averiguar na leitura que as principais personagens da obra não são modelo a ser seguido, principalmente o protagonista, Tom Sawyer, que viola em todo momento as regras estipuladas pelos adultos, ou seja, os princípios impostos pela sociedade.
Diante disso, no prefácio o autor tenta levar o leitor a crer que o livro trata-se de histórias reais, apenas com um pouco de fantasia, no intuito de ocultar qualquer tendência que pudesse revolucionar na época, pois se a obra fosse considerada imprópria, poderia ser proibida de circular, principalmente por se tratar de um livro indicado para o público infanto-juvenil, onde poderia representar um perigo para as crianças "(…) Fazemos que os parentes juntem todo o dinheiro que possam e resgatem o preso; (…) se não pagam, então sim _ zás! Faca no pescoço.” p. 237, incentivando-as a se rebelarem, visto que muitas vezes, Tom não era castigado pelos seus atos, pelo contrário, era visto como herói em suas façanhas. A responsável por sua educação é a tia Polly. “ (… ) A verdade é que não ando cumprindo o meu dever com este menino (…) Ele tem o demo no corpo, mas o que fazer? (…) Não tenho coragem de surrá-lo. Cada vez que o deixo escapar minha consciência dói; e se o agarro, o que dói é meu coração.” p.12.
Tom não é um menino exemplar: é rebelde, não obedece a ninguém, não quer estudar “ (…) se tivesse amanhecido doente, não iria à escola (…) “ p.49, detesta andar de sapatos, “(…) Tom teve esperança de que Mary se esquecesse dos sapatos, mas foi esperança vã; (…) e ele entrou nos sapatos resmungando (…)” p.35 ter de ir aos domingos à missa, ter que tomar banho “ (…) Que vergonha Tom, um menino desse tamanho com medo de água! Água não machuca ninguém.” p.34 e mente sempre para evitar castigos ou sair de situações inesperadas.
Ele é uma criança muito difícil de tratar, espécie de degenerado da casa, mas a tia mesmo assim o estima muito, embora não deixa demonstrar para não estragar na educação, pois por algumas vezes acaba sendo necessário castigá-lo com alguma dureza, porém, em outras, não sofre nenhum castigo, pois ela deixa-se passar para trás, fazendo-se de desentendida. “ (…) Parece que cheira até que ponto pode me atormentar; e sabe que se consegue me atrapalhar ou fazer rir-me, já está livre de sova (…).” p.12
Tom Sawyer tem como arma principal para sobreviver na sociedade – a inteligência, ou melhor, a malandragem. Usa a esperteza para se safar de situações inusitadas ou barganhar quando está em condições de desvantagem, mesmo que seja necessário enganar os outros. Seu brinquedo é a sua astúcia – capaz de manipular a todos por meio da malandragem. Tom – o herói infantil do romance é um menino normal, que vive em busca do prazer e da aventura.
“ (…) enquanto o Big-Missouri trabalhava e suava ao sol, ficou ali sentado numa travessa, a comer a maçã e a pensar na caçada de outros inocentes. Material não lhe faltava, e constantemente vinham meninos, que paravam para caçoar e acabavam pintando (…) Lá pela tarde, Tom, que tinha começado o dia paupérrimo, estava o que havia de rico (…)” p.24
Fontes:
– TWAIN, Mark. As aventuras de Tom Sawyer. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1961.
– Análise da Obra por Marli Savelli de Campos, disponível em http://mscamp.wordpress.com/as-aventuras-de-tom-sawyer/
Nenhum comentário:
Postar um comentário