terça-feira, 2 de março de 2010

Anisio Lana (Caderno de Poesias)



PÁSSARO NEGRO

É estátua, é areia, é vento, é pó
A vida é um pássaro que ao sentir a imensidão
Do infinito nunca volta há pousar na terra
Vive na distancia
Lá saudade/solidão
No coração.

Há se o poeta tivesse respostas
Não ficaria sofrendo em vão
Ele prenderia esse pássaro com o laço do amor
Impedindo sempre que a lágrima primeira que chegue
Fosse a de dor.

Porem nem o amor impede que outro se vá
Que feche os tão belos olhos
Cele os tão gélidos lábios
Retirando bruscamente do mundo
A passagem negra de sua poesia
Não há toque, não há sorriso
Não há nada nesse corpo
Imagem triste do silencio que lembra
O pássaro que foge de mim.

Quais pássaros vão embora hoje!
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O TEMPO DEPOIS DE TI

Não posso entender o passar do tempo ainda
Pois o meu não passou
Mais olhando tuas rugas em tua face já murcha
Sei que outrora elas serão minhas.

Serão minhas tuas historias
E no doce balançar do vento
Toda tua existência
Tuas lágrimas, teu toque, seu cheiro
Adormeceram em mim
Serei o tempo que não se apaga, o tempo depois de ti.

Perante os caminhos da vida talvez esqueça tuas marcas
Perca os seus pedaços em mais alguém que depositei
Carinho, amor
Na defesa que o coração inventa para não chorar
Deixando tudo lá quieto nas suspensas lembranças
Para brotarem no vazio do mundo
Como saudades.

Das tuas rugas ao envelhecer dos dias
Que lembram em cada célula que morre no esvair da vida
Que viver é preciso.

Mesmo sentindo, perdendo a todo instante
Morrendo...
Somente assim nasce o tempo que serei e não se apaga,
O tempo depois de ti...
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UM DIA
-
Acordamos um dia e percebemos quanto à vida é preciosa
Podem ser segundos há passar no relógio do tempo
Contemplarmos nas avenidas, nos começos e fins o viver.

Dormimos um dia, chegamos ao limite
Olhos são cascatas profundas da alma
Nos despedimos da felicidade com sorrisos
E da tristeza com lágrimas.

Alguém pode abrir a porta e tirar de dentro do peito essa dor?

Quebrem se for preciso, mas afastem a dor
Usem as mãos, toquem
Usem as palavras, falem

A composição da vida termina
Dessa sinfonia a orquestra não conhece o tom
Na platéia ninguém repete
Mas sabem que um dia farão parte dela
E assim se repetirão novas orquestras, platéias e canção.
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