quinta-feira, 11 de março de 2010

Alfredo de Castro (Trovas)


Quem dá flores com freqüência
para alegrar sofredores,
guarda nas mãos toda a essência
que se desprende das flores!

Ela passa, e o seu perfume
deixa um rastro na calçada
E eu morrendo de ciúme
finjo que não sinto nada!

Ninguém sabe, nesta lida,
onde a surpresa é mais forte:
se nos mistérios da vida
ou nos segredos da morte!

Amanheço, contemplando
essa beleza sem par.
do ouro do sol enfeitando
as águas verdes do mar!

Vou mandar fazer, mulata,
numa oficina de artista,
duas sandálias de prata
para os seus pés de sambista!

Quando a nossa mocidade
vai-se embora, tristemente,
é que a sombra da saudade
passa a ser sombra da gente!

Eu comparo o meu carinho
quando embalo a neta amada,
ao pôr-do-sol, de mansinho,
embalando a madrugada!

Num constante desafio
vão medindo os seus valores,
a fúria do mar bravio
e a calma dos pescadores!

Em noites de serenata,
a lua, lá no horizonte,
é uma coroa de prata
que o céu ostenta na fronte!

O mundo farto de escolhos,
descuidado em seus desvelos,
tingiu de roxo os meus olhos
e de prata os meus cabelos!

Sempre vazio o plenário...
Não tem jeito, não há meio...
- "Agora é o nosso salário!"
E o plenário ficou cheio!

A bondade é um sábio meio
de ajudar-se e de ajudar:
"Quem enxuga o pranto alheio
não tem tempo de chorar"!

Mudemos juntos a Terra,
que é só conflitos e dor,
trocando as glórias da guerra
pelas vitórias do amor!

Quem na vida quer vencer,
sentir o sabor da glória,
nunca deve se esquecer:
- sem luta não há vitória!
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