sexta-feira, 26 de março de 2010

Oswaldo Soares da Cunha (1921)



Oswaldo Soares da Cunha nasceu em Baguari, município de Figueira do Rio Doce, hoje Governador Valadares, em 25-02-1921.

Fez o curso ginasial no Colégio Arnaldo, de Belo Horizonte, tendo se formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, na capital mineira.

Mais conhecido como cultor exímio da arte das trovas, é também autor de poemas e sonetos, alguns dos quais figuram em antologias de poetas brasileiros.

Casado com Ivelyse Carmelita Sigismondi Lobo (artista plástica).

Se, como escreveu certa ocasião Eloy Pontes, as trovas constituem a prova de fogo dos poetas, Soares da Cunha venceu galhardamente essa prova... O seu livrinho “MARIA” é a prova irrefutável desta afirmação. O delicado poeta, residente em Belo Horizonte, é um trovador rico espontâneo, cheio de lirismo e emoção.” Escrevi estas palavras há quase dezessete anos, em 7 de setembro de 1946.

Quatro anos depois, numa crônica: “Um trovador das Alterosas”, dizia eu: “...Graça, simplicidade, malícia, sentimento, espírito de síntese, são, entre outras, as virtudes que se destacam das belas trovas de Soares da Cunha.”

Quando organizava “Meus Irmãos, os Trovadores”, Coletânea de duas mil trovas de autores brasileiras e divulgava pela imprensa do Brasil e Portugal quadras de centenas de trovadores, escrevi numa página mimeografada: “Oswaldo Soares da Cunha. forma com Djalma Andrade e Nilo Aparecida Pinto um trio magnífico de trovadores de Belo-Horizonte. E' natural de Minas Gerais, advogado e muito jovem. Em 1943 estreou com o livro “Estrela Cadente”; no ano seguinte publicou um belo e raro conjunto de trovas “Maria” e a seguir: “Rosa dos Ventos” e “Quadras”. Sua especialidade é a trova, e, aí, poucos o podem igualar. E' um trovador esplêndido, de um lirismo e graça que encantam. Muitas de suas trovas quer sejam líricas, filosóficas, mordazes ou regionais, são dignas de Antologia. Suas quadras já estão bem espalhadas pelo Brasil e Portugal.” (Rio, 14-1-1951)

No entanto, Soares da Cunha não é apenas trovador. Em 1952 quando publicou “Sonetos e Poemas”, escrevi uma crônica sobre seu livro e entre outras coisas dizia: “A primeira parte é composta. de vinte sonetos feitos com arte e bom gosto, todos dignos de atenção.”
Em 1954 comentei em outra crônica: “Soares da Cunha, trovador mineiro, envia-nos de Belo Horizonte “Quadras e Pensamentos” - da Editora Acaiaca. O poeta, já bastante conhecido e apreciado, é, sem dúvida alguma, um grande trovador.”

Finalmente, em 1962, enviou-me o trovador seu último livro “Mínimas” composto de pensamentos e trovas. Que poderia dizer mais? Pelas linhas que acabaram de ler podem aquilatar a sincera e antiga admiração que tenho pelo trovador Soares da Cunha. As minhas palavras não devem ser tomadas como uma, apresentação, pois o autor é bastante conhecido e dela não necessita. Apenas, como um dos organizadores da Coleção “Trovadores Brasileiros”, amigo e admirador do poeta focalizado, senti-me honrado de escrever esta pequena introdução.

Veterano e fértil trovador, Soares da Cunha é dono de muitas outras quadras que mereceriam figurar entre as cem deste volume. Esta, por exemplo:

“Feliz aquele que ainda
não te viu, formosa Inês:
- A mulher nunca é tão linda
como da primeira vez.”

ou esta outra:

“Se no ver-te eu me apaixonei,
não ponhas a culpa em mim:
culpado é quem me deu olhos
e te fez tão linda assim.”

E, entre outras mais que poderia citar, transcrevo esta, repleta de tédio e de melancolia:

“Quero sair pelo mundo,
cansei-me deste lugar,
quero partir para longe
e nunca mais regressar!...”

(LUIZ OTAVIO - Rio, 12-11-1963 )

LIVROS

Sangue da Alvorada (poemas)
Rosa dos Ventos (poemas)
Maria (trovas)
Pastor das Nuvens (trovas)
Lua no Poço (trovas)
Torre Sondra (trovas)
Mínimas (pensamentos)
Canção dos Condenados da Mina (poemas)
Livro das Trovas (coletânea)
Trovas de Sêneca (no prelo)

Fontes:
– J. G. de Araujo Jorge e Luiz Otávio. 100 trovas de Soares da Cunha. Coleção trovadores brasileiros.
– Academia Mineira de Letras.

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