domingo, 17 de outubro de 2010

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.21)


Trova do Dia

Sonhei um sonho tão triste!...
Sonhei que o mundo acabou...
- Logo depois, tu partiste,
e o sonho se confirmou...
JOSÉ OUVERNEY/SP

Trova Potiguar

Nesta longa caminhada
que fazemos sempre a sós...
Nem o silêncio da estrada,
quebra o silêncio entre nós
PROF. GARCIA/RN

Uma Trova Premiada

2010 > São Paulo/SP
Tema > FEITIÇO > Vencedora

Por teu feitiço ou magia,
mesmo sabendo quem és,
troquei a minha alforria
e fui escravo a teus pés...
ERCY MARQUES DE FARIA/SP

Uma Poesia livre

Cecília Meireles/RJ
CANÇÃO DO AMOR PERFEITO.

O tempo seca a beleza.
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.

Uma Trova de Ademar

Tal e qual os nossos pais,
todos nós, já velhos, temos
no cabelo, as digitais
dos anos que já vivemos.
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram:

Nessa cabana de palha
não tem chão nem cobertor.
Só a ternura agasalha
os sonhos do nosso amor.
ADELIR MACHADO/RJ

Estrofe do Dia

E agora não tem mais jeito,
Somos dois apaixonados,
Entretanto, separados,
Cada qual, no seu direito...
Sinto calor no meu peito,
Dispara a minha pressão;
É uma inquietação,
Toda noite fico insone,
Quando chama o telefone
Bate forte o coração.
DJALMA MOTA/RN

Soneto do Dia

Fernando Pessoa/Portugal
SÚBITA MÃO DE UM FANTASMA OCULTO.

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão noturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Fonte:
Ademar Macedo

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