A FELICIDADE
é tão delicado
quanto cuidar de um pedaço de céu
estar de acordo com o ar
o fogo
a água da estação
e não tocar a terra
com ambição
A COLHEITA
guardar a palavra
que apenas a brisa conhece
ser por montanhas apascentado
quando a fruta madura estiver
um vale
sem esforço algum
a recolherá
LIVRE
o céu e a terra
não riem
não choram
com a chegada e a partida
de cada estação:
ser triste ou feliz
é pequeno demais
BOA SORTE
Já é outono por aqui. O céu
está a todo tempo encoberto.
Tem chovido muito. A casa
a praia andam cheias de sono
e à noite há sempre as pessoas
que buscam em vão as estrelas.
Mas eu hoje cedo, bem de manhã
acordei com a algazarra dos cães.
Lá fora os jasmins floresciam
a lembrança de outra estação.
O SENTIDO
Há rastros do silêncio
nas palavras, eu sinto
o predador informe
que nos respira -
uma selvageria me percorre.
Eu adivinho o êxtase
da refrega, o verso
que me acomete de vertigens
o olhar imponderável
da mais antiga fera.
* Releitura do poema publicado na Diversos Afins de novembro/2007.
O VELHO LIMOEIRO
À chuva bastou apenas
cuidar de um verde para a manhã.
O dia está de ave desde o arrebol.
O palavrário eu pus no quarador
para ver se pega cor de riso.
As horas, para ensaiar felicidade.
Em dias assim, o velho limoeiro
se toma um pouco mais de azul
acaba arremedando estrelas.
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é tão delicado
quanto cuidar de um pedaço de céu
estar de acordo com o ar
o fogo
a água da estação
e não tocar a terra
com ambição
A COLHEITA
guardar a palavra
que apenas a brisa conhece
ser por montanhas apascentado
quando a fruta madura estiver
um vale
sem esforço algum
a recolherá
LIVRE
o céu e a terra
não riem
não choram
com a chegada e a partida
de cada estação:
ser triste ou feliz
é pequeno demais
BOA SORTE
Já é outono por aqui. O céu
está a todo tempo encoberto.
Tem chovido muito. A casa
a praia andam cheias de sono
e à noite há sempre as pessoas
que buscam em vão as estrelas.
Mas eu hoje cedo, bem de manhã
acordei com a algazarra dos cães.
Lá fora os jasmins floresciam
a lembrança de outra estação.
O SENTIDO
Há rastros do silêncio
nas palavras, eu sinto
o predador informe
que nos respira -
uma selvageria me percorre.
Eu adivinho o êxtase
da refrega, o verso
que me acomete de vertigens
o olhar imponderável
da mais antiga fera.
* Releitura do poema publicado na Diversos Afins de novembro/2007.
O VELHO LIMOEIRO
À chuva bastou apenas
cuidar de um verde para a manhã.
O dia está de ave desde o arrebol.
O palavrário eu pus no quarador
para ver se pega cor de riso.
As horas, para ensaiar felicidade.
Em dias assim, o velho limoeiro
se toma um pouco mais de azul
acaba arremedando estrelas.
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