Uma Trova Nacional
Busquei na noite desejos
porém não encontrei nada;
terminei roubando beijos
da boca da madrugada.
–JUNIOR ADELINO/PB–
Uma Trova Potiguar
Já se passou tanto tempo,
mas, pra mim, nada passou...
Sinto o teu cheiro com o vento
que o ingrato tempo levou.
–MARA MELINI/RN–
Uma Trova Premiada
2010 - Curitiba/PR
Tema: MADRUGADA - M/H
Madrugada, por que insistes
- na solidão que apavora –
em arrastar horas tristes...
se eu anseio pela aurora?
–THEREZA COSTA VAL/MG–
Uma Trova de Ademar
Descalço, pelos caminhos
nas caminhadas cruéis,
não vi flor, somente espinhos
que machucaram meus pés...
–ADEMAR MACEDO/RN–
...E Suas Trovas Ficaram
Tudo sempre se renova
por extensão do progresso,
tudo cabe numa trova...
Mesmo as coisas do Universo.
–AGOSTINHO CARDOSO/CE–
Simplesmente Poesia
O Disfarce
–BERNARDO TRANCOSO/SP–
Cobre a máscara
O jeito verdadeiro que tens.
Quando estás próxima a mim,
Veste-a e finge ser um falso alguém.
Teu cheiro mostra-me o teu disfarce.
É por modéstia?
Temes não me agradar, pois,
Por inteiro, sendo honesta.
Mas, mesmo que eu
Deteste-a ao ver quem és,
De fato,
Vou primeiro partir por tua mentira
Ante a moléstia.
Se existe algum problema,
Algum motivo prá enganação,
Permite-me ajudá-la agora,
Antes que eu pense
Estar errado ao te amar.
Já tem sido inofensivo - não mais -
Meu coração que, hoje, te fala
Em forma de um soneto
Disfarçado.
Estrofe do Dia
No presídio o bandido violento
se rebela temendo a cela ingrata,
o cansaço não mata mas maltrata
o mendigo do corpo feridento
que alta noite sozinho no relento,
se revolta e blasfema contra a vida,
passa a unha na casca da ferida
chega o sangue do corpo se derrama;
o mistério noturno enfeita o drama
no teatro da noite mal dormida.
–CHICO SOBRINHO/PB–
Soneto do Dia
Sol
–DOROTHY JANSSON MORETTI/SP–
Hoje estás escondido. Olhando para fora,
em meio à névoa densa, em vão eu te procuro.
Que falta fazes quando, ao se esboçar a aurora,
vejo o céu carrancudo e tão cinzento e escuro!
És tu que trazes vida, a ausência eu te censuro.
Sem ti sofre a semente a emergir para a flora,
falta a luz dos teus raios ao trigo maduro,
esmaecem os tons quando te vais embora.
De repente, através de uma nesga apareces...
Com que força vital a alma da gente aqueces
e afastas tão depressa as nuvens de tristeza!
És dono do universo, a nada te comparas;
e ao sentir teu calor reconfortando as searas,
feliz volta a sorrir, de novo, a Natureza!
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