sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cândida Vilares Gancho (Como Analisar Narrativas) Parte 11

Discurso Direto, D. Indireto D. Indireto livre

— Exercícios

1. Leia o texto abaixo:
       Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos        deixe de preguiça menino! mas dessa vez eu estava deitado de sapatos e ela viu e não falou nada        ela sentou-se na beirada da cama e pousou a mão em meu joelho e falou você não quer mesmo almoçar?

       eu falei que não         não quer comer nada?         eu falei que não                     nem uma carninha assada daquela que você gosta? com uma cebolinha de folha lá da horta um limãozinho uma pimentinha          ela sorriu e deu uma palmadinha no meu joelho e eu também sorri         mas falei que não           não estava com a menor fome         nem uma coisinha meu filho? uma coisinha só        eu falei que não        e então ela ficou me olhando e então ela saiu do quarto(...)

       ele não quer comer nada? escutei Papai pergunta e Mamãe decerto só balançou a cabeça porque não escutei ela responder         e agora eles estavam comendo em silêncio        os dois sozinhos lá na mesa em silêncio                          o barulho dos garfo         a casa quieta e fria e triste         o vento zunindo lá fora e nas venezianas de meu quarto

       - você precisa compreender isso, Carlos
        - não posso, Miriam
       - não daria certo
       - não daria Certo?
       - nossos temperamentos não combinam
       - não é verdade
       - assim será melhor para nós dois
       não Miriam não verdade Miriam não é certo Miriam não pode Miriam não pode não pode! ó meu Deus não pode
       Papai estava parado à porta        (..) Carlos eu sei o que você está sentindo ele falou         eu sei como é         é muito aborrecido mesmo        mas há coisas piores sabe?         eu olhei para ele e então ele abaixou a cabeça e de novo estava atrapalhado e de novo eu fiquei com pena dele             eu sei que você gosta muito dela eu sei         eu sei que isso é muito aborrecido mas        ele olhou para mim         não se preocupe papai eu falei         não precisa se preocupar         não é nada         eu sei mas você não almoçou          eu estava sem fome         pois é         e então nós dois ficamos calados         ele tirou o relógio do bolso e olhou as horas         você não quer ir mesmo no Jorge? ele perguntou e eu falei que não         então ele saiu do quarto         escutei ele abrindo o portão e depois os passos dele na calçada         o vento zunia lá fora (...)
(VILELA, Luiz. Eu estava ali deitado. In:
Bosi. Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo. Cultrix, 1978. p. 291-3.)


       Neste trecho do conto de Luiz Vilela há um modo peculiar de registrar o discurso direto, usando espaços em branco para compensar a pouca pontuação.

a) Retire um trecho de discurso direto do texto e procure transcrevê-lo de forma mais tradicional, usando dois-pontos, travessão.

Modelo: Ela sentou-se na beirada da cama e pousou
a mão em meu joelho e falou:
    - Você não quer mesmo almoçar?

b) “Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos         deixe de preguiça menino!” A mãe não falou tal frase naquele momento. Parece que o narrador personagem se recorda dela. Que pontuação você usaria para distingui-la das outras frases que a mãe pronuncia no momento presente? Aspas? Parênteses? Os dois?

c) No texto há um trecho em discurso direto registrado com travessões. Levando em consideração o contexto (isto é, Carlos está chateado por causa do rompimento com a namorada Miriam), responda por que o narrador teria dado destaque especial a este trecho. Em outras palavras, por que este trecho está registrado de maneira diferente do resto do texto?

2. Passe as frases abaixo do discurso direto para o discurso indireto, seguindo o modelo:

Discurso Direto
Modelo:

A mãe gritou com os filhos:
- Chega! Vocês já fizeram muita bagunça hoje.

Discurso Indireto
A mãe gritou com os filhos que parassem, que já tinham feito muita bagunça naquele dia.

João chamou o amigo para brincar e estranhou:

-Você não trouxe tanque de guerra?!
- Não minha mãe não deixou.
- Que tal brincar de esconde-esconde aqui na rua de baixo? – Convidou João tentando animar o amigo
- Não, hoje eu estou triste demais – concluiu Pedro.

João chamou o amigo para... perguntando se ele não... Pedro respondeu que... Então João convidou o amigo, perguntando- lhe se ele... só para animá-lo, mas Pedro concluiu que...

3. Agora passe o discurso direto para o indireto e para o indireto livre, seguindo o modelo:

Discurso direto
Modelo:

O velho homem estava pensativo:
- Por que as coisas têm de ser assim? Como um cão tão esperto pode morrer atropelado?

Discurso indireto
O velho homem estava pensativo e perguntava-se por que as coisas tinham de ser daquele jeito. Como um cão tão esperto pudera morrer atropelado?

Discurso indireto livre
O velho homem estava pensativo: por que as coisas tinham de ser daquele jeito? Como um cão tão esperto pudera morrer atropelado?

Discurso direto
Pela primeira vez a menina visitava um parque de diversões. Exclamava para si mesma:
- Que lindo! Acho que este é o lugar mais incrível do mundo! Já sei: vou dizer a mamãe que quero morar aqui para sempre

Discurso indireto
Pela primeira vez... Exclamava para si mesma que tudo era... que... Então decidiu que ia...

Discurso indireto livre
Pela primeira vez...diversões. Que lindo! Aquele... Já sabia: ia dizer...

Continua…

Fonte:
Cândida Vilares Gancho . Como Analisar Narrativas. 7. Ed. Editora Ática. http://groups.google.com.br/group/digitalsource/

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