terça-feira, 11 de setembro de 2012

História da Literatura (Classicismo) Parte I

Contexto Histórico

O Classicismo é a expressão literária de um movimento mais amplo - o Renascimento - que envolveu as artes, a ciência e a cultura em geral.

O Renascimento surgiu na Itália e se espalhou por toda a Europa durante os séculos XV e XVI. Foi um movimento de renovação cultural - marcado pela passagem da tradição feudal para o mundo capitalista burguês e o reencontro com a cultura clássica greco-romana - que inaugurou a era moderna.

O contexto econômico é marcado pela Revolução Comercial e pelo crescimento da burguesia, impulsionado pelo comércio com o Oriente, que gerou o ressurgimento das cidades, a consolidação da vida urbana, a crescente circulação de moedas, a necessidade da mão-de-obra assalariada para o campo (com o aumento da produção agrícola) e o fim da servidão, acabando com a economia fechada e descentralizada do feudalismo.

A expansão marítima e a descoberta da América por Colombo (1492) fazem nascer o mercantilismo e o colonialismo. Houve um incentivo à ciência naval, intercâmbio comercial e crescimento cultural. As expedições oceânicas alargaram a visão do homem europeu, colocando-o em contato com povos de culturas diferentes (Universalismo).

O poder econômico da burguesia também teve reflexos no campo político, culminando com uma aliança rei-burguesia que acarretou o fortalecimento da monarquia com a centralização política e a formação dos Estados modernos.

As transformações político-econômicas têm reflexos diretos no poder da Igreja, culminando na Reforma e Contra-Reforma. A Reforma Protestante iniciou-se na Alemanha (1527), com as críticas de Martinho Lutero à prática religiosa da Igreja, que se afasta do princípio da salvação pela fé para vender indulgências. A Igreja Católica de Roma reagiu com a Contra-Reforma (também chamada de Reforma Católica).

A Era Clássica foi o período que se estendeu até o séc. XVIII com o interesse pela cultura clássica greco-latina e a imitação de seus autores, introduzida pelo Classicismo (séc. XVI) e seguida pelo Barroco (séc. XVII) e pelo Arcadismo (séc. XVIII).

De maneira geral, pode-se dizer que o Classicismo se traduz no estudo, tradução, recuperação e difusão da cultura greco-romana. Ou seja, a arte renascentista está voltada para dois horizontes: de um lado, os modelos da cultura clássica greco-latina, fonte de inspiração para humanistas e renascentistas; de outro o seu próprio tempo, na qual o espírito de aventuras trazido pelas navegações apresenta um homem que desafia os limites do mundo conhecido e se lança na conquista do globo terrestre.

O Classicismo no mundo.:

Grécia:
berço do primeiro período clássico ocidental, cujo apogeu se dá no séc. V e IV a.C. Os gregos exaltaram a razão o e condenaram o sentimentalismo e o exagero. Tentaram ver toda a realidade por meio de um sistema unificado que lhes desse significado e direção. Os artistas gregos mostraram a beleza numa escala humana mais do que numa escala sobrenatural. As esculturas de Fídias e Praxíteles são magníficos exemplos de figuras humanas bem proporcionadas. Ésquilo, Sófocles e Eurípedes escreveram tragédias que mostram o valor da moderação e o perigo do orgulho excessivo.

Roma:
adotou os valores clássicos gregos. Sob a influência de Cícero (de 80 a.C. a 27 a.C.), homem de Estado e tribuno, as responsabilidades cívicas ganharam uma nova importância. Mas a literatura romana atingiu o apogeu durante o governo de Augusto (27 a.C. a 14 d.C), quando quase todos os escritores eram clássicos.

Itália (séc. XV):
o movimento renascentista recuperou os ideais clássicos e conciliou-os com a tradição cristã. O Renascimento literário italiano teve como seu grande precursor Petrarca, que difundiu os modelos clássicos e renovou a métrica de sua língua. Em seguida foram estudadas as teorias literárias de Horácio, resgatadas por eruditos como Gian Giorgio Trissino e Julius Caesar Scaliger, que em suas Poetice (1561; Poéticas) estabeleceu a regra das três unidades (tempo, lugar e ação), conforme o modelo aristotélico. Partindo da Itália, essa corrente classicista estendeu-se por toda Europa.

França (séc. XVII):
desenvolveu os valores clássicos de maneira mais expressiva do que qualquer outro, com forte ênfase à razão e à inteligência na análise das idéias e ações humanas. Entre as mais importantes personalidades da história intelectual e literária deste período estão o matemático e filósofo René Descartes, o escritor moralista duque de La Rochefoucauld, o escritor de fábulas Jean de La Fontaine e os dramaturgos Pierre Corneille e Jean Racine.

Inglaterra:
seguiu o classicismo francês. Surgiu no fim do séc. XVII e chegou ao apogeu na metade do séc. XVIII. Os ingleses chamaram seu movimento de neoclassicismo, tomando como modelo o classicismo da França, Grécia e Roma.

Portugal (séc. XVI):
vivia seu apogeu político e econômico, com a expansão marítima (grandes navegações), as colônias e o comércio com as Índias. Luís de Camões foi seu maior representante.

Continua…

Fontes:
Garganta da Serpente
Imagem = compartilhada no facebook pela Libreria Fogola Pisa.

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