terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vuldembergue Farias (Versos Melódicos) II


SER SUPREMO

Primeiro, último e único
Está certo em linhas tortas
O acento é sempre tônico
Está nas folhas vivas ou mortas
Não sabe o que são derrotas

Espírito, carne e sabedoria
Na difusão dos ensinamentos
Pela nossa hipocrisia
Pelas contas, é mais, sem menos

Finito e infinito
No futuro e no presente
Está na Lei, está escrito
Para o proscrito e o ausente

Quem quer um conselho, tome
Não se fale em seu nome
Não se faça uma promessa
Não se cale o sobrenome
Nem pense que não interessa
Pra que tanta pressa?

Ao sinal dos tempos vãos
E dos pedidos extremos
O que será de nós senão
Apelar a um ser supremo.

VALSA ESPANHOLA

Andando pelo Bétis de Andaluzia
À beira do Mediterrâneo vejo o mar
Hoje, oh! Guadalquivir
Me leva para o mar

A procura de Dolores Sierra
Pela terra, feito abelha
Nas pistas vermelhas
Com espelhos volto a ver
Meu bem querer

Naquele navio, por um fio
Por instantes torno a sonhar
Com aquele olhar

Não tem mais beira do cais
Nem tem mais castanholas
Não tem companhia
Sem sarjeta, sem peseta
De noite e de dia
Ninguém lhe dá mais

Volto à realidade dura do trabalho e solidão
Com a ilusão de um dia te encontrar
E nunca mais deixar
Partir para Barcelona
Viver sob a mesma lona
Sem pensar que um dia houve adeus
E agradecer de novo a Deus
A vida afora

SER FELIZ E BEM VIVER

O bom cabrito não berra
Mas não tenho que engolir sapo
Nesse mundo quem não erra
É porque está no buraco

Esse cara é um louco
Mas ele tem muito juízo
Todo mundo tem um pouco
Da excelência do "ISO"

Quem muito abaixa a cabeça
Mostra o fundo das calças
Faça com que aconteça
As coisas sempre de graça

Mas quem tem a costa larga
Pode aguentar o tranco
De trabalho, dessa carga
Eu estou lhe sendo franco

Esses ditos populares
São pra alertar você
Para não abdicares
De ser feliz e bem viver

CONFLITO INTERIOR

Corre em minhas veias
Esse sangue colorido
Como se fosse uma teia
Com o fio corrompido
Entre lapsos de tristeza
E alegria que me tiram a sutileza
Sem forças para dominar
Esse amor que é um mar

Tudo se complica
Ao te ver passar
Seguir sem pensar
Isso é o que implica
Demonstrar nobreza
Na tua presença
Prefiro ausência
A mostrar tristeza

Enquanto luto contra esse amor
Que já muito intenso
Enquanto eu fraco for
Me deixa mais tenso
Sem te poder ter
Preciso força
Prá não perder o senso

SURREAL

Bem no deserto profundo
Bem no meio do oco do mundo
Num segundo percorro uma vida
Sem ter peso e sem medida

Nunca se sabe o que vem
Certeza também ninguém tem
Olhar para frente ou pra trás
Sem ficar com o pé atrás

Se eu tivesse a razão principal
Sairia na folha central
Poderia encarar o futuro
Pra sair do imenso escuro

Tomando um caminho aberto
Certamente seria concreto
Caminhando ou voando veloz
Como um bicho ou um ente feroz

No caminho poente do sol
Ou do cometa do arrebol
Na chapada ou no pantanal
Entre o surreal e o real

AMOR E PAIXÃO

O amor é como o tempo
Lúcido, firme, constante
Paixão é como o vento
Extravagante

Sem direção
Inconsequente
Louca
Sabor ardente

No mar de amor e paixão
Maior abismo
Fosso profundo
Tamanho do mundo

Profano e puritano
Tal qual pororoca
Tal qual rio e oceano
Tal qual cinema e pipoca

UNIVERSO PARALELO

Imagino o mundo de Nárnia,
Onde preconceitos, vaidades e culpas
Não podem entrar.
Ah! Aslam, criador de todo esse universo
Seu protetor em prosa e verso
A feiticeira branca foi derrotar

Assim aqui também quimera
Num universo paralelo
Das casas de troca de pares
As coisas fora de lugares
Ao som de Bolero de Ravel
Nem parece o castelo Cair Paravel

Fonte:
Clube Caiubi

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