terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Maria Thereza Leite (O Olhar Sobre uma Avenida)

Caminhar por uma mesma avenida, durante décadas, desde os seus começos até o momento em que esta, engolida pelos automóveis, força o desvio por outras ruas próximas, permite que se desenvolva um olhar perscrutador, às vezes como se debruçado num sonho, num momento de encantação, outras, inquisitivo ou enigmático, sobre aquilo que se pensa ver repetidamente. Talvez um recurso para que, verdade ou ficção, não se perca ali a capacidade de uma leitura atenta do espaço e da sua narrativa diferenciada pelo tempo, carregada de sustos, surpresas, dúvidas ou encantamento. Para que não se mergulhe no tédio e na indiferença e se acredite sempre que há algo de melhor a se fazer ali, ainda, e não se perca de vez a esperança. Mas, afinal, o que um simples olhar pode fazer por uma avenida?! Se “um mesmo homem não atravessa o mesmo rio duas vezes” – pois ambos já mudaram durante a travessia, o que dizer de uma avenida… Tão rápido ela se transforma… Do que ela precisará agora, quando eu também já não estarei lá?

Fonte:
http://therezaleite.wordpress.com/‎

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