domingo, 19 de fevereiro de 2023

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) 19


Ainda senti a fragrância
do suor da primavera,
e o cheiro de minha infância
sobre as cinzas da tapera!
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A lua, sobre a cascata,
beijando as águas, decreta
que a noite, é de serenata,
dos bandolins, do poeta!
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A música que conforta,
que cura mágoas e dor...
às vezes, também transporta
falsas promessas de amor!
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A natureza distinta
cora pinceladas extremas,
ao por do sol, põe mais tinta
de saudade, em meus poemas!
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Ao ver na poça uma lua,
olho o céu, paro e medito,
aos pés da poça da rua,
fotografando o infinito!
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A saudade e a solidão,
em nada são desiguais.
São feras sem coração
e sem doçura em seus ais!
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Crê nos reveses da vida,
não nas promessas servis;
que a ambição vive escondida
por trás de falsos perfis!
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Da ternura, peregrinas;
do amor, grandes construtoras...
As mães, também são divinas,
mesmo sendo pecadoras!
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Enquanto há mãos escondidas,
fechadas entre os irmãos...
Há muitas mãos excluídas
à procura de outras mãos!
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Ergue o braço, estende a mão,
acolhe os mais oprimidos,
que Deus inclui na inclusão,
quem acolhe os excluídos!
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Eu sei que no amor se exprime,
do choro ao canto da fonte;
mas o amor é mais sublime
no regaço do horizonte!
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Lembrando canções antigas,
de volta ao meu velho chão...
Vi muitas sombras amigas
na orquestra da solidão!
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Mãe preta, de olhar sem brilho,
presa às algemas, no chão...
Dava o leite de seu filho
aos filhos do seu patrão!
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Medindo as forças, parece
por mais que eu possa supor,
que igual a força da prece
só mesmo a força do amor!
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Mesmo nas horas mais graves,
quando em silêncio, eu medito...
Ouço os conselhos suaves
das confissões do infinito!
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Na dor da mãe, tão sofrida,
ao ver o filho, eu confesso,
ter visto a dor da partida
pelo abraço do regresso!
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Não se curve ante o cansaço
das horas do entardecer!...
Espera o novo regaço
da aurora que vai nascer!
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Nas cinzas de uma coivara,
que gesto de amor sublime;
Uma flor da cor mais rara,
perfuma as mãos desse crime!
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Nossa trova se assemelha,
seja aqui, seja onde for...
a nossa Rosa Vermelha,
símbolo eterno do amor!
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Ó, velho mar, quem vós sois?
eu percebo em vossos ais,
que o entardecer de nós dois,
tem sentimentos iguais!
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Por não temer nada disso,
vim descobrir bem depois,
cigana, que teu feitiço
pôs mais feitiço em nós dois!
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Quem me dera que essa voz
que escuto, mesmo à distância,
fosse do amor, que entre nós,
vem desde do tempo da infância!
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Se a solidão, eu descarto
e, entre os véus da noite avança,
apago a luz do meu quarto
e acendo a luz da esperança!
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Se ofertas flores, se ofertas,
a quem te fere e magoa,
tu terás portas abertas,
no Reino de quem perdoa!
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Um livro velho, sem cor,
mudo, num canto da sala,
guarda um bilhete de amor
que de nós dois, tudo fala!

Fonte:
Enviado pelo trovador: Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.

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