Ingrata sem coração:
Tu és pia de água-benta
onde todos põem a mão.
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Encontrei o dá e toma
na rua do toma lá;
inda não vi dá sem toma,
nem toma sem deita cá.
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Eu já fui à sua casa
e já sei o que ela é.
A fartura que vi nela
foi pulga e bicho de pé.
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Eu jurei de nunca mais
dizer adeus a ninguém.
Quem parte leva saudades,
quem fica não vai no trem.
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Eu não quero, nem brincando,
dizer adeus a ninguém:
quem parte, leva saudades,
quem fica, saudades tem.
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Eu recuso mulher nova,
que é espelho dos enganos:
Quero uma velha bem velha
de vinte, ou vinte e dois anos
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O amor de um estudante
não dura mais que uma hora:
toca o sino, vai pra aula,
vêm as férias, vai-se embora.
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Os rapazes de hoje em dia
são falsos como melão:
tem de se partir um cento
para se encontrar um são.
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Quem é pobre, sempre é pobre,
quem é pobre, nada tem;
quem é rico sempre é nobre
e às vezes não é ninguém...
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Quem fala de mim, quem fala.
Quem fala de mim, quem é?
É algum chinelo velho
que não me serve no pé.
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Quem quiser ter vida longa
fuja sempre que puder
de médico, boticário,
melão, pepino e mulher!
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Quero cantar, ser alegre,
que a tristeza não faz bem;
Inda não via tristeza
dar de comer a ninguém.
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Se onde se mata um homem
pôr uma cruz é preceito
tu deves trazer, Maria,
um cemitério no peito.
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Tanto limão, tanta lima,
tanta silva, tanta amora,
tanta menina bonita...
Meu pai sem ter uma nora!
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Tenho tosse no cabelo,
dor de dentes no cachaço,
sinto canseira nas unhas,
não vejo nada de um braço.
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Todo sujeito sensato
sabe a verdade de cor:
A mulher bela, de fato,
sem fato fica melhor.
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Você diz que sabe muito,
há outros que sabem mais;
há outros que tiram pomba
do laço que você faz.
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Vou deitar a despedida,
por hoje não canto mais;
já me dói o céu da boca
e o coração inda mais.
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Vou-me embora, vou-me embora,
para aqui não volto mais,
que eu não sou bonde da Light,
que vai pra diante e pra trás.
Fonte:
Idel Becker. Humor e Humorismo. SP: Brasiliense, 1961. Disponível em Projeto Releituras.
Acesso em 19 de fevereiro de 2008.
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