Havia recebido o livro do pernambucano de Iati, Sandoval Ferreira, “Meu Sertão em 12 Versos”, composto de vários “causos” em cordel, além de um DVD com o próprio autor declamando suas poesias. Já conhecia o trabalho deste escritor desde 2009, quando postei “Poesia da Água” com uma breve biografia.
Sandoval (1983) mora em Guaranhuns/PE, é técnico agrícola e cursou a Faculdade de Marketing.
Transcrevo abaixo um “causo” que consta em seu livro, o primeiro que botei os olhos quando abri o seu livro.
Comprei um fusca fiado
Em catorze prestação
A primeira eu já paguei
O resto no pago não
É que o peste do fusca
Só na base do empurrão
Em catorze prestação
A primeira eu já paguei
O resto no pago não
É que o peste do fusca
Só na base do empurrão
Foi essa a reclamação
Do matuto que comprou
Um fusca véio usado
Que um malandro lhe passou
E ele voltou arretado
Pra matar o vendedor
Ele disse ao doutor
Dentro da delegacia
Nunca mais eu vou pagar
Por aquela porcaria
E Se eu não matá-lo hoje
Mato ele no outro dia
Grande foi a gritaria
E tamanha confusão
O matuto já nervoso
O vendedor com queixão
E o delegado no meio
Pra resolver a questão
O matuto disse então
O fusca não tem amortecedor
Arranhão na lateral
Falta um retrovisor
O banco já tá rasgado
E o pneu já estourou
O vendedor reclamou
Dessa vez bem irritado
Não vendi o fusca novo
Te vendi um fusca usado
Agora quer devolver ?
Tu não pegou emprestado
Pra o azar do delegado
O matuto retrucou
Só comprei aquela peste
Porque você me empurrou
Fui subir a ladeira
Ele bateu o motor
Tá vendo o senhor doutor
Ele quer subir ladeira
Comprou um fusca 69
Não uma égua andadeira
Mande esse cabra ir embora
Mode deixar de besteira
Acabou a brincadeira
Podem parar a zoada
Isso aqui não é um circo
Pra ficar com palhaçada
Ficam os dois no xadrez
E a coisa tá encerrada
Isso não meu camarada
Retrucou o vendedor
Devolvo o dinheiro dele
Dou um trocado ao senhor
Faço o que você quiser
Mas pra cadeia eu não vou
Tá muito bem seu doutor
Do jeitinho que eu queria
Eu sou um home direito
Não gosto de ingrizia
Ele pega o meu fusca
E se acaba a agonia
Livres da delegacia
Dessa vez mais conformado
O vendedor foi buscar
O fusca véio quebrado
E pra se livrar da bomba
Deu de graça ao delegado.
Do matuto que comprou
Um fusca véio usado
Que um malandro lhe passou
E ele voltou arretado
Pra matar o vendedor
Ele disse ao doutor
Dentro da delegacia
Nunca mais eu vou pagar
Por aquela porcaria
E Se eu não matá-lo hoje
Mato ele no outro dia
Grande foi a gritaria
E tamanha confusão
O matuto já nervoso
O vendedor com queixão
E o delegado no meio
Pra resolver a questão
O matuto disse então
O fusca não tem amortecedor
Arranhão na lateral
Falta um retrovisor
O banco já tá rasgado
E o pneu já estourou
O vendedor reclamou
Dessa vez bem irritado
Não vendi o fusca novo
Te vendi um fusca usado
Agora quer devolver ?
Tu não pegou emprestado
Pra o azar do delegado
O matuto retrucou
Só comprei aquela peste
Porque você me empurrou
Fui subir a ladeira
Ele bateu o motor
Tá vendo o senhor doutor
Ele quer subir ladeira
Comprou um fusca 69
Não uma égua andadeira
Mande esse cabra ir embora
Mode deixar de besteira
Acabou a brincadeira
Podem parar a zoada
Isso aqui não é um circo
Pra ficar com palhaçada
Ficam os dois no xadrez
E a coisa tá encerrada
Isso não meu camarada
Retrucou o vendedor
Devolvo o dinheiro dele
Dou um trocado ao senhor
Faço o que você quiser
Mas pra cadeia eu não vou
Tá muito bem seu doutor
Do jeitinho que eu queria
Eu sou um home direito
Não gosto de ingrizia
Ele pega o meu fusca
E se acaba a agonia
Livres da delegacia
Dessa vez mais conformado
O vendedor foi buscar
O fusca véio quebrado
E pra se livrar da bomba
Deu de graça ao delegado.
Fontes:
FERREIRA, Sandoval. Meu sertão em 12 versos: causos nordestinos.
FERREIRA, Sandoval. Meu sertão em 12 versos: causos nordestinos.
Enviado pelo autor.
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