segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Christopher Taylor, PhD (Como Escrever uma História Comovente) – 2

Escrevendo a sua história

1. Sinta-se confortável para escrever.

Muitas vezes você não sabe como ficar confortável para escrever até se sentar e começar, de fato, a escrever. Pode ser que uma caneta e um papel funcionem  melhor para você, ou digitar em um computador seja mais a sua praia.

Você também pode acabar descobrindo que um quarto particular na sua casa, sentar-se na varanda ou trabalhar em um café pode ser melhor para a sua criatividade. Algumas pesquisas indicam que nossa escrita melhora quando feita à mão, pois, por essa ser mais devagar, temos mais tempo para pensar à medida que escrevemos.

2. Não dê muita atenção aos detalhes.

Resista à tentação de nomear personagens, lugares e até mesmo o título da história, pelo menos no início. Às vezes, ao escrever, as pessoas gastam tempo demais decidindo nomes, em vez de dar mais atenção à caracterização das personagens, aos detalhes da trama e a outros elementos vitais.

Você pode (e deve) revisar a sua história depois e nomear as personagens. Embora você já conheça bem as suas personagens a essa altura – depois de tê-las imaginado, escrito observações sobre elas e mapeado suas posições na história - não se preocupe em detalhes como nomes por agora. Nessa etapa, o mais importante é a essência da trama, ou seja, garantir que você esteja se concentrando em escrever uma história envolvente e comovente, e não uma trama clichê e sem sal.

3. Crie conexões emocionais.

O que torna as histórias comoventes poderosas é o fato do leitor poder se conectar e se identificar emocionalmente com o enredo, com as personagens, com o contexto e as nuances. Essa conexão emocional é normalmente baseada em algo bastante simples, como compaixão ou amor, então lembre-se de não exagerar na complicação e no sentimentalismo da sua história.

Por exemplo, a maioria dos leitores não vai se conectar emocionalmente com uma protagonista que tenha experiências incomuns (como ser forçada a guiar um trem carregado de dinamite enquanto tenta salvar a pessoa amada).

Esqueça os excessos, deixe as personagens e o andamento da narrativa brilharem por conta própria.

4. Evite ser excessivamente sentimental.

É possível escrever uma história profundamente comovente que cative os seus leitores sem ser excessivamente sentimental. De fato, você deve evitar sentimentalismo, reconhecendo, em vez disso, que pode transmitir pensamentos, emoções, dificuldades e experiências sem ser exacerbadamente emotivo. Não é preciso evitar as emoções na sua história, basta evitar excessos.

Você pode contar ao seu leitor de forma bastante direta o que uma personagem está sentindo: basta escrevê-lo. 

Por exemplo, “Pedro sentia-se ansioso parado no jardim em frente à casa, encarando a porta que ele não via há 27 anos.”

Ou você pode dizer isso de forma mais indireta, ao usar um adjetivo para descrever uma pessoa ou um objeto (um substantivo), que diz ao leitor os sentimentos da personagem em relação ao objeto, expondo em um lampejo indireto como ela se sente. 

Por exemplo, “Cláudia abriu caminho na rua lotada, na esperança de conseguir encontrar Samanta antes que a sua horrível chefe a fizesse voltar ao trabalho.”

5. Não seja melodramático.

Lembre-se: você quer que os seus leitores se identifiquem, se conectem e se envolvam emocionalmente com a sua história, então conduza bem e dê sentido ao seu enredo, às ações e às personagens, para que você não acabe escrevendo uma história melodramática ou sensacionalista.

Em uma história comovente, menos é mais. Soe verossímil e realista e será mais fácil de se identificar com a trama.

Uma personagem pode ter um pai doente e não ter condições financeiras de tomar conta dele, o que é uma situação verossímil e algumas pessoas podem se identificar com a circunstância.

Mas seria melodramático dizer que a personagem também tem um filho doente, um cachorro perdido e foi demitida.

Com qual aspecto comovente da sua história você acha que os leitores podem se conectar?

6. Lembre-se das técnicas para escrever uma história comovente.

Você vai usar estilo, tons e vocabulário para manipular a sua escrita, de forma que a sua história soe tocante, autêntica e verossímil. Leve em consideração também se a sua audiência ou o meio de publicação da sua história vai afetar as suas técnicas de escrita. Seu tom, estilo e até mesmo as suas escolhas de palavras serão diferentes dependendo de quem será o seu público-alvo.

Suas escolhas de palavras vão impactar o ânimo, o tom e as ações da sua história e determinar como o leitor vai reagir à sua trama.

Se quer adotar um tom mais positivo, por exemplo, você pode descrever a personagem protagonista como modesta, grata, alegre ou benevolente.

Por outro lado, é possível descrever os sentimentos frenéticos, de terror e desespero da sua protagonista enquanto ela procura por seu velho cão labrador na floresta.

7. Crie personagens simpáticas.

Leitores se conectam emocionalmente com personagens simpáticas, o que torna fácil gostar delas e se identificar com as mesmas, ambos efeitos essenciais para uma história comovente. 

Assim como antes, lembre-se que, aqui, menos é mais. Não sobrecarregue o leitor com traços excessivos da personalidade das personagens; em vez disso, seja criterioso ao descrevê-las, dando mais significado àquilo que mais importa.

Normalmente, uma personagem simpática vai enfrentar um obstáculo, ou perseguir uma causa nobre, uma paixão ou um amor. Esses aspectos humanizam as suas personagens e dão ao leitor um motivo para torcer por elas.

8. Tenha consciência do envolvimento emocional.

Você quer que o leitor sinta o que está acontecendo em sua obra, e você atingirá isso se der vida às suas personagens e contar uma história verossímil. 

Outro truque é tornar a sua história emocionalmente envolvente, o que ajuda seus leitores a sentir o que sentem as personagens. Em vez de contar ao leitor como se sente a sua personagem, relate ocasionalmente como a personagem reage a uma situação. Que coisas ela faz devido ao que ela está sentindo?

Por exemplo, em vez de dizer, “José ficou devastado quando soube que Ana havia se casado com Saulo na sua ausência,” relate ao leitor o que José fez. “José afundou sua cara no travesseiro e gritou depois que soube que Ana havia se casado com Saulo enquanto ele estava fora da cidade. Ele chorou e gritou no travesseiro até exaurir suas forças, finalmente caindo num sono perturbado e inquieto.”

9. Escreva agora e deixe para editar depois.

Escreva uma primeira versão ciente de que ainda precisará trabalhar muito no texto depois. Consulte o mapa da sua história frequentemente à medida que escreve, mas ainda não se preocupe com a edição. Dedique o seu tempo e a sua energia criando esse primeiro rascunho da sua trama, concentrando-se em desenvolver o enredo e as personagens. A edição é outra etapa no processo de escrita.

10. Lembre-se das histórias de fundo.

Histórias de fundo nunca são demais, mesmo aquelas sobre as personagens menos importantes. Autores como Shakespeare, Charles Dickens, Tolkien e J.K. Rowling sempre prestaram atenção às histórias secundárias e à caracterização, até mesmo dos coadjuvantes.

Lembre-se, porém, de não sobrecarregar o leitor com histórias de fundo demais de uma vez só. Pode ser necessário espalhar por vários capítulos as partes das histórias secundárias para que essas não afetem a fluidez do enredo.

Caso esteja escrevendo uma história mais curta, pode ser que você não tenha espaço suficiente para relatar histórias de fundo. Nesse caso, escolha os detalhes mais importantes que vão ajudar o leitor a se envolver emocionalmente com as personagens e a trama.
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Continua… Revisando e publicando a sua história
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Christopher Taylor é professor assistente adjunto de inglês no Austin Community College, no Texas. Ele recebeu seu PhD em Literatura Inglesa e Estudos Medievais pela Universidade do Texas, em Austin, em 2014.

Fonte:
Do original inglês, Christopher Taylor, PhD. How to Write a Touching Story.
Disponível no Wikihow https://www.wikihow.com/Write-a-Touching-Story

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