quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Jaqueline Machado (Vislumbrando belezas no caos)

Será possível vislumbrar beleza na dor? No horror de se encontrar entre a vida e a morte? Por mais estranho que pareça, os resgates do terremoto na Turquia e na Síria, mostram que sim: pode existir beleza no horror. A vida, em suas manifestações amorosas, tem revelado a grande mãe protetora que é, nos inúmeros resgates de pessoas que ficaram soterradas após a tragédia. Algumas suportaram mais de 200 horas de espera, sem saber se seriam salvas ou se tudo acabaria ali, em meio a tijolos quebrados, poeira e desolação.

Mas, por certo, os resgates mais emocionantes foram os das crianças. Um bebê recém nascido foi encontrado. Em meio a um clima de morte, uma criança nasce. É o amor da vida se sobrepondo a tudo e a todos.

Outra criança saiu dos escombros, sorrindo... Um anjo lindo expressando a importância da fé e da esperança. 

Sei que muitas pessoas partiram para o outro lado da vida, mas estão com suas missões cumpridas, em direção a outros caminhos. Bem mais bonitos do que este em que vivemos.

Esse episódio também nos convida a refletir sobre os terremotos, maremotos e vendavais, que ocorrem no campo da nossa emoção. Dia desses, uma pessoa disse ter se envergonhado de estar chorando por motivos particulares, e que seu problema era pequeno comparado às tragédias televisionadas. É que às vezes, os medos, as incertezas, devastam nossas mentes, e soterrados, choramos sozinhos, destruídos, sem a certeza de que será possível sobreviver a tanta dor.

Não há tragédias piores ou melhores, sofrimento cada um tem o seu, e só quem sente sabe o quanto dói. E ninguém precisa se culpar por isso. Somos humanos, e isso por si só explica tudo.

Mas independente das tragédias, o amor sempre prevalece. Portanto, não percamos a fé, e por mais que os problemas queiram nos manter soterrados nos destroços das angústias e dos fantasmas da imaginação, acreditemos, ninguém está sozinho, de algum lugar alguém corre ao nosso encontro, pronto a nos resgatar. E quando isso acontecer, não vamos ficar lamentando o ocorrido, aproveitemos para renascer e sair dos escombros, alegres como fez o menino que depois de dias e dias de sofrimento, saiu da escuridão sorrindo ao ver outra vez a luz do dia sorrir para ele.

Fonte:
Texto enviado pela autora.

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