domingo, 26 de fevereiro de 2023

Christopher Taylor (Como Escrever uma História Comovente) – 1

Histórias comoventes são bastante populares pois permitem ao leitor experimentar sentimentos e situações que este normalmente não viveria em seu cotidiano. O leitor se identifica com o relato mesmo que jamais tenha vivido as circunstâncias descritas. Há alguns elementos-chave necessários para tornar uma história bem escrita e verdadeiramente comovente, sem que essa soe excessivamente melodramática. Embora possa parecer difícil escrever uma história comovente no início, quanto mais você pratica, mais você desenvolve o seu repertório e mais fácil fica escrevê-las.

Planejando a sua história

1. Tente se lembrar de histórias que você já leu.

Ao planejar a sua própria narrativa, pode ser de grande ajuda pensar em outras histórias lidas, lembrando do que você gostou e do que você não gostou nelas, e o que você teria escrito de forma diferente. 

Sem copiar outros autores, você pode escolher elementos específicos de várias histórias diferentes para ajudar a criar o seu próprio relato.

Talvez você goste de histórias que tenham muitos diálogos e gostaria de incorporar essa característica à sua obra. Ou, talvez, você não goste muito de longas descrições e prefira escrever descrições mais curtas.

Pode ser que você realmente goste de ler histórias comoventes nas quais o amor prevalece. Essa é uma maravilhosa reflexão, já que dá a você uma possível ideia inicial para escrever a sua própria história comovente.

2. Escreva uma história com que os leitores possam se identificar.

Uma característica envolvente de uma boa história é que leitores podem sentir e imaginar o que se passa pela cabeça das personagens; você deve, então, pensar em situações com as quais muitas pessoas possam se identificar.

Isso ajuda a garantir que o máximo número de leitores vá imergir, de fato, na sua comovente narrativa. 

Seja criativo e não escreva histórias muito comuns, já que ninguém aguenta ficar lendo variações de uma história muito parecida com outras já lidas. Alguns exemplos incluem:

– O falecimento de alguém amado ou de um animal de estimação;
– Situações relacionadas a casamento;
– Uma grande mudança; 
– Encontrando o amor;
– Perdão;
– Indo para a universidade;
– Começando um novo emprego;
– Iniciando uma jornada de autoconhecimento;
– Um gesto bonito respondido com outra gentileza.

3. Desenvolva as personagens.

As personagens mais importantes são a protagonista (“herói”) e a antagonista (“vilão”). No entanto, é bom adicionar alguns coadjuvantes à trama, do contrário sua história não será tão interessante.

Quando estiver criando as personagens, escreva pelo menos uma história de fundo para cada uma delas. Mesmo que você não as insira na sua obra, é bom tê-las em mente para que as suas personagens sempre ajam de acordo com as suas histórias pessoais e personalidades.

Descubra qual papel cada personagem tem na sua trama.

Ter um caderno exclusivo para o desenvolvimento das personagens, no qual você faz anotações sobre elas e dedica uma página para cada uma delas pode ser uma boa opção. Você não precisa usar todas as notas e observações sobre as personagens na sua história. É sempre melhor sobrar detalhes do que faltar, já que você pode sempre revisar e cortar partes do
texto depois.

É a partir daqui que você começa a dar vida às suas personagens.

Imagine a protagonista da sua história. Ela vem de uma cidade pequena? Como ela foi parar em uma cidade grande? Onde ela conheceu o amor da sua vida, com quem ela se conectará mais à frente na história? Qual é a banda favorita dela? Sua comida preferida, seu autor favorito?

4. Mapeie a sua história comovente.

Muitos autores iniciantes querem pular de cabeça e começar a escrever; no entanto, é melhor planejar um pouco antes de começar. Criar um esboço das personagens, histórias de fundo, conflitos e cenários ajuda a garantir que a história seja consistente e que o enredo faça sentido. Isso também permite que você preencha as falhas ou lacunas na sua história e faça mudanças quando necessário.

Talvez o exemplo mais famoso de planejamento de uma história seja a tabela criada por J.K. Rowling para a série de livros de Harry Potter. Observe como ela presta atenção nos detalhes, planejando as ações para cada mês da história, assim como os enredos e subenredos. Tudo é pensado e planejado por ela em sua folha escrita à mão.

Você deve consultar as páginas sobre a sua personagem enquanto escreve o enredo para manter a consistência.

5. Desenvolva o contexto da sua história.

O contexto de uma história essencial, é comovente funcionando como mais do que um mero pano de fundo. Em boas histórias, as personagens interagem com o cenário, e o contexto pode, às vezes, oferecer um tipo de movimento que faz a sua história fluir melhor. Os contextos podem ser uma maneira de fazer o leitor se identificar com a história, tornando-a ainda mais robusta.

Pense no lugar em que a história se desenrolará. Imagine a casa, a loja, a escola, a cidade, o estado, o país, e escreva os detalhes sobre esses lugares no seu caderno. Pense também na época em que a história se desenrolará. Determine em que parte do ano sua história vai acontecer. Por acaso ela vai se passar durante um feriado?

Você imagina a trama se desenrolando em apenas um lugar, como num cais, com as pessoas acenando adeus às outras nas embarcações? Ou você vê a sua história englobando tanto o nascer do sol quanto o pôr do sol, tanto no cais quanto numa partida de futebol do colegial?

6. Escolha o seu ponto de vista.

O ponto de vista também é importante para uma história comovente, já que você quer que os leitores simpatizem com as personagens. Você deseja contar a sua trama do ponto de vista de uma personagem em especial para que os leitores se foquem principalmente nela, ou prefere narrar em terceira pessoa para que o leitor preste atenção igualmente em todas as suas personagens?

A primeira pessoa é útil quando você quer dar aos seus leitores acesso aos pensamentos íntimos, sentimentos, reações e histórias da personagem, à medida que ela vai vivenciando o enredo. Essa perspectiva interior é útil porque os leitores se engajam mais com a personagem central.

Por outro lado, se você usa um narrador na terceira pessoa -– mais distante e que relata a história aos leitores -- é possível descrever mais personagens, porém com menos profundidade emocional. Você também pode usar o discurso indireto livre, que permite aos leitores um acesso parcial aos pensamentos de uma personagem mesmo mantendo um narrador na terceira pessoa.
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Continua… Escrevendo a sua história
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Christopher Taylor é professor assistente adjunto de inglês no Austin Community College, no Texas. Ele recebeu seu PhD em Literatura Inglesa e Estudos Medievais pela Universidade do Texas, em Austin, em 2014.

Fonte:
Do original inglês, Christopher Taylor, PhD. How to Write a Touching Story.
Disponível no Wikihow https://www.wikihow.com/Write-a-Touching-Story

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