ABIGAIL SAMPAIO
Quando tu falas comigo,
a tua fala me encanta,
creio que tens, meu amigo,
um rouxinol na garganta.
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Poema de Cachoeira do Sul/RS
JAQUELINE MACHADO
Vida de festa
Sou como sou.
E minha essência nunca esteve tanto em evidência.
Olhem fundo em meus olhos.
E encontrem a chave da porta de minha alma.
Absorvam meu sorriso.
E adentrem sem fazer cerimônias à minha vida de festa.
Venham ao encontro do meu abraço.
E todos os espaços do mundo serão seus,
já que sou feita de infinito...
A todos que me amam, sou assim...
Transparência, solo fértil a florir...
Um ventre a criar e recriar os mundos mais belos.
Para livrá-los da feiura da maldade.
Sou entusiasta da vida!
E amo essa coisa bonita, chamada existir...
Existir para dentro. E para fora de mim.
Existir para os que querem o meu bem.
E fazem de tudo para me fazer feliz!
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Trova do Rio de Janeiro/RJ
FLORESTAN JAPIASSÚ MAIA
(1915 - 2006)
Perdeu voto o candidato
no churrasco lá no morro,
porque o espetinho de gato
tava duro pra cachorro!
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Soneto de Pilar/PB
ANTONIO COSTTA
Antonio da Costa Silva
A falsidade deste mundo
Neste mundo é tamanha a falsidade
Que a verdade, de repente, ocultou-se;
A mentira transformou-se em verdade,
E a verdade, em mentira, transformou-se!
Porventura alguém sabe onde a verdade
Neste mundo hodierno extraviou-se?
Em que parte do planeta a bondade
Inda não, em maldade, adulterou-se?
Oh Senhor, nos livrai da falsidade!
Que opera neste mundo de maldade,
Da forma mais sutil e traiçoeira!...
Pois no mundo a falsidade não expira,
A verdade é transformada em mentira,
E a mentira - em verdade verdadeira!
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Trova Premiada em Taubaté/SP, 2015
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Não se sinta superior
por suas duras vitórias…
Quem lhe parece inferior
já teve dias de glórias.
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Poema de Vila Velha/ES
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
A sede dos rios... minha vida...
O que seriam estas serpentes
em permanente carrear de viço,
em serviço de manter a vida?
E seriam estes serpenteares,
por lugares ermos e diferentes,
gestos lentos de despedidas?
Pelo avesso desse finito mundo
presos à incúria do granito,
no fundo da boca espumamos
o gosto de mercúrio e chumbo.
O que seriam estas sementes
em permanente mudar de rebuliço,
genes doentes, eternos movediços?
E seriam estes plantares,
esgares enfermos e impotentes,
infernos bentos em seus feitiços?
Pelo terço da bendita mantra
rimos, salivamos e latimos
como o grito que espanta,
como o abortar dos destinos.
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Trova Popular
Se eu fosse um retratista
tirava um retrato teu,
para mim pôr no meu quarto
para ser consolo meu.
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Dobradinha Poética de São Paulo/SP
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
Lar... Doce lar…
Volto à casa, que "era minha",
risco a calçada e, feliz,
vou pular amarelinha
mas, o pranto apaga o giz!
Hoje, saudosa, eu volto ao lar antigo
e escancarando a porta semiaberta,
procuro em vão... vasculho o doce abrigo...
Nem pai... nem mãe... a casa está deserta!
E volto ao lar, que dividi contigo...
- Vaivém dos filhos, pela porta aberta...
- Visita alegre de um ou de outro amigo...
E, hoje, é a saudade que o meu peito aperta.
Mas, por deixar pegadas nos caminhos,
não fiquei só!... Cercada de carinhos,
eu sou feliz!... Se volta o sonho louco
do teu amor, acalmo o coração
pois, ao sentir que chega a solidão,
no amor dos filhos eu te encontro um pouco.
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Trova do Rio de Janeiro/RJ
LUIZ POETA
Luiz Gilberto de Barros
De você, nunca desligo,
amigos têm esse dom
de construir seu abrigo
em cada amigo que é bom,
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Poema da Itália
LALLA ROMANO
Demonte, 1906 - 2001, Milão
Jovem é o tempo
Estreito e claro era o rio
tornou-se enorme e foge
como um animal ferido
Até o ar está morto
o céu é como uma pedra
Os pássaros não sabem mais voar
atiram-se como cegos
dos beirais dos tetos
O amado odor do corpo
O sono das manhãs
me encadeia os joelhos
me cinge a fronte
com suas vendas de seda
Então sem que eu te chame
penetras nos meus sonhos
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Trova Hispânica de Santo Domingo/ Republica Dominicana
CLAUDIO GARIBALDY MARTÍNEZ
Todo fiel Entendimiento
llega de Dios con amor,
él nos dá discernimiento
para abolir el dolor.
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Soneto de Brasília/DF
EDIR PINA DE BARROS
Canto! E canto a dor
Canto! E no meu canto eu louvo a dor
que assim nos deixa humildes, mais humanos,
que nos lapida em meio a desenganos
bem mais do se pode ver, supor.
E as lágrimas que escorrem sem pudor
na proporção das perdas e dos danos,
a desvelar fraqueza em espartanos,
com bela rutilância furta-cor.
A dor é a força oculta da alegria,
que vence toda empáfia, galhardia,
e iguala-nos em nossas diferenças.
Oh! Dor! Eu sempre, sempre hei de louvar-te
aqui, ali, além, em toda parte
até que um dia a mim, também, me venças.
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Trova de Bandeirantes/PR
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DE CARLI
Dentre tudo que é vivido
na curva da trajetória,
encontra-se o amor perdido
bem guardado.,, na memória.
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Spina de Berilo/MG
NINA MARIZA
Sou escritor
Escrevo na linha
do seu coração;
Escrevo o Amor.
Acalento a minha, sua dor!...
Escrevo nas páginas da vida.
Sou, de almas, um pescador.
Sinto a Poesia... a Natureza.
Sou amor, vida; Sou Escritor.
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Trova de Maringá/PR
NILSA ALVES DE MELO
Por trás desta foto linda,
cheia de risos, de encanto,
esconde a saudade infinda
que, muitas vezes, espanto.
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Soneto de Vitória da Conquista/BA
RICARDO DE BENEDICTIS
Desejos
Fico pensando na idade
e temo a senilidade...
Também cismo com a saúde
cada vez mais amiúde...
A ilusão de viver
sem cair e sem perder...
Na tomada de atitude
que, de repente, me mude...
Quem sabe, assim, suportasse
o desamor e chorasse,
pois que chorar nunca pude...
Quem sabe, neste momento
mitigasse o sofrimento
da esperança que me ilude...
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Trova Premiada em Nova Friburgo/RJ, 2001
DARLY O. BARROS
São Francisco do Sul/SC, 1941 - 2021, São Paulo/SP
Meu perdão foi um tributo
A uma lágrima suspensa:
- um detalhe diminuto
Mas, que fez a diferença…
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Soneto de Campos dos Goytacazes/RJ
DIAMANTINO FERREIRA
Uma dádiva de amor
Passei a minha vida, entre percalços,
tão só pela desdita de haver-te amado.
Corri o mundo afora, transtornado,
buscando outros amores; porém, falsos!
Decênios já passaram; mas, em vão,
ninguém achei ou que lembrasse a imagem,
em que ao menos sentisse uma passagem,
da que nunca saiu do coração!
E se nós, um de nós, talvez errados,
a culpa dos molestos já passados
já não nos cabe, agora, pesquisar.
A minha dor, no entanto, apenas quero
e no seu fundo, amor! Eu te assevero:
eu vou morrer, te amando sem cessar!...
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Trova de Ibiporã/PR
MAURÍCIO LEONARDO
O amor chega de mansinho
como quem está brincando…
Mostra a flor, esconde o espinho,
e acaba nos machucando!
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Pantun de São José dos Campos/SP
MIFORI
(Maria Inês Fontes Rico)
Esta atual geração
mostra certa negligência.
Apinhada em atuação
desafiando a ciência.
MIFORI
Mostra certa negligência
em toda a sua postura,
desafiando a ciência,
a juventude imatura.
Em toda a sua postura,
leva um emblema no peito;
a juventude imatura
se veste de qualquer jeito.
Leva um emblema no peito,
atira-se nua ao mar,
se veste de qualquer jeito,
põe-se logo a navegar.
Atira-se nua ao mar,
com muita satisfação.
Põe-se logo a navegar,
esta atual geração.
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Trova da Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP
Há vidas que se parecem
com as roseiras viçosas:
quando podadas, mais crescem
e mais se cobrem de rosas!
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Hino de Altônia/PR
Quadro vivo a clareira da mata
Inefável Altônia a sorrir
Na moldura bordada de prata
Pelos rios Paraná e Piquiri.
Miniatura do pátrio torrão
Tens as cores da augusta bandeira
No verdor dos cereais, do algodão,
No azul das lagoas faceiras
Cidade onde o trabalho
É um cântico de fé.
Surgiste dentre os ares
Festivos do café.
Fronteiras da amizade
Inscrevem no teu chão,
Toda a fraternidade
De um nobre coração.
Altônia a tua história
De luta varonil
Será um clarim de glória
Vibrando noBbrasil.
Há uma linda e profunda mensagem
De fartura, de paz e união.
Astro bom que anuncia a vitória
O teu nome amanhã fulgirá,
Fascinante e triunfal trajetória
Deste grande e feliz Paraná
Cidade onde o trabalho
É um cântico de fé.
Surgiste dentre os ares
Festivos do café.
Fronteiras da amizade
Inscrevem no teu chão,
Toda a fraternidade
De um nobre coração.
Altônia a tua história
De luta varonil
Será um clarim de glória
Vibrando no Brasil.
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Trova Humorística de Bandeirantes/PR
WANDA ROSSI DE CARVALHO
Ao não ouvir o “gritinho”
pela querência encontrada,
fez pirraça o “São Longuinho”
e nunca mais achou nada.
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Poema de Maringá/PR
A. A. DE ASSIS
(Antônio Augusto de Assis)
Poêmica III
Tinha o céu e tinha a terra,
tinha o sol e tinha a lua,
tinha as estrelas,
milhares.
Tinha os lagos e as lagoas,
tinha os rios e os riachos,
e os verdes bravios
mares.
Tinha as serras e as colinas,
tinha as selvas e as campinas,
tinha os jardins e os
pomares.
Bichos nas matas correndo,
peixes nas águas brincando,
cantando as aves
nos ares,
e tudo era muito bom.
Deu-se porém que
criados
o homem mais a mulher,
criaram logo o machado,
a foice, o fogo e o veneno,
e pôs-se tudo a perder.
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Trova de Maringá/PR
OLGA AGULHON
Aquele “sim” que ele disse,
na igreja, diante do altar,
não suportou a velhice,
que enrugou o nosso olhar.
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Fábula em Versos da França
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry, 1621 – 1695, Paris
O galo e a raposa
Empoleirado num sobreiro antigo,
Fazia um velho galo sentinela.
Uma raposa diz-lhe: «Irmão e amigo,
Venho trazer-te uma notícia bela.
Nas nossas dissensões lançou-se um traço
E acaba de assinar-se a paz geral;
Desce, que quero dar-te estreito abraço
E juntamente o beijo fraternal!
— Amiga — diz-lhe o galo — folgo imenso;
Não podia esperar maior delícia!...
Vejo dois galgos a correr, e penso
Que são correios da feliz notícia.
Foge a raposa sem dar mais cavaco;
E o galo sentiu íntimo consolo.
Pois é grande prazer ver a um velhaco
Entrar espertalhão e sair tolo!
(tradução: J. I. de Araújo)
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