domingo, 6 de setembro de 2009

Antonio Augusto de Assis (Notas de Viagens)


1
Nobre Porto Alegre.
Em cada rua Quintana
passarinha ainda.

2
Érico sulíssimo.
Olhai os lírios dos pampas,
um deles Veríssimo.

3
Lagoa, Floripa.
De repente um cisne negro:
Cruz e Sousa passa.

4
Curitiba, a chique.
Na lenda da Kolody,
a luz de Leminski.

5
Maringá, Joubert.
Canção que virou cidade
que virou buquê.

6
Vida, luz, ação.
Intrépida Pauliceia
de Mário de Andrade.

7
Guilherme, Campinas.
Haicai que rimando sai
das chuvinhas finas.

8
Ah, Bauru, que bom.
Ah se houvesse mais Helvécios
e Nempuku Satos.

9
Entre aviões e carros,
nos campos de São José,
Cassiano Ricardo.

10
Taubaté tal sítio
do picapau amarelo.
No portão, Lobato.

11
Rio de Janeiro
e de Machado de Assis.
De lambuja, o mar.

12
Niterói se gaba.
Luiz Antônio Pimentel,
o guru da taba.

13
Estação Friburgo.
Luiz Otávio e Jota Gê
regando os florais.

14
Campos, sempre doce.
Tal qual Antônio Roberto
gorjeando trovas.

15
São Fidélis, o eco
das rimas de padre Augusto.
Poeta de Deus.

16
Velho Cachoeiro
de Roberto e Rubem Braga.
Do Itapemerim.

17
A bênção, Fabiano.
Dizei-me qual mais amais:
Belzonte ou Beraba?

18
Mariana, Alphonsus.
Os sinos e os cinamomos
recontando histórias.

19
Um só coração:
Pouso Alegre e o casarão
do poeta Meyer.

20
Ouço Juiz de Fora,
escuto Belmiro Braga.
E haverá quem não?

21
Cordisburgo, a rosa
do Rosa das rosas ledas.
Dos sertões: veredas.

22
Cora Coralina.
Coração do coração
do Brasil, Goiás.

23
De todos os santos.
Bahia de Castro Alves,
da praça do povo.

24
Maceió, Fulô.
Ora se deu que chegou
o Jorge de Lima.

25
Sol da Paraíba,
licença que eu quero ouvir
Augusto dos Anjos.

26
Recife, Recife,
de Bandeira e de Adelmar.
Com engenho e frevo.

27
Natal dos três reis:
Reinaldo, Luís Cascudo
e Luís Rabelo.

28
De Acari partiu,
o coqueiral deu-lhe adeus.
Aparício, o bom.

29
Fortaleza, o mar
de Alencar e de Iracema.
Poeta e poema.

30
Maranhão, Gullar.
As aves ali gorjeiam
com Gonçalves Dias.
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Fonte:
Colaboração do autor

Um comentário:

josé marins & sérgio pichorim disse...

Feldman, colegas.

Mais uma vez o A.A. de Assis nos surpreende com sua arte poética.
Generoso como sempre, soube agora homenagear lugares e poetas. Quem honra quem? Não é uma dúvida, é um exemplo de coração.
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Um abraço, josé marins