sábado, 2 de outubro de 2010

Pedro Ornellas (Prosas de Poeta – Soneto em 7)


Todos os sonetos com metro menor que 10 sons são por definição denominados SONETILHOS.

O soneto em sete é também chamado de soneto em redondilha maior ou heptassílabo.

Pouco cultivados, mas de beleza ímpar, merecem uma melhor atenção, razão pela qual conclamo meus amigos sonetistas a experimentá-lo, os que ainda não o fizeram. Quem sabe os trovadores que ainda não fazem sonetos possam começar por aí, afinal os dois quartetos são trovas.

Pesquisando, encontrei algumas nos poetas do passado:

De Emílio Menezes:

O VIOLINO

São, às vezes, as surdinas
Dos peitos apaixonados
Aquelas notas divinas
Que ele desprende aos bocados...

Tem, ora os prantos magoados
Dessas crianças franzinas,
Ora os risos debochados
Das mulheres libertinas...

Quando o ouço vem-me à mente
Um prazer intermitente...
A harmonia, que desata,
Geme, chora... e de repente

Dá uma risada estridente
Nos "allegros" da Traviata.

De Bernardino da Costa, que cultivava mais essa forma:

CROMO XXV

Na alcova sombria e quente
Pobre demais, se não erro,
Repousa um moço doente
Sobre uma cama de ferro.

Pede-lhe baixo inclinada,
Sua mulher — que adormeça,
Em cuja perna curvada
Ele reclina a cabeça.

Vem uma loira figura
Com a colher da tintura,
Que ele recusa, num ai!

Mas o solícito anjinho
Diz-lhe com riso e carinho:
— Bebe que é doce, papa
i!

Entre os poetas de hoje, Glauco Mattoso vem se dedicando ao heptassílado, como neste que fez aludindo a uma mensagem de teor biblico:

A TROVA E A PROVA
(a Pedro Ornellas)

A um confrade trovador
perguntei: "No que acredita?"
Respondeu: "Num Salvador,
na Palavra, em livro escrita!"

Mas pergunto-lhe: "E quem for
incapaz de ler?" Me cita
a Palavra oral: "O Amor
sempre encontra o que o transmita!"

Vem-me ainda outra questão:
si a Palavra pode ou não
ser verdade ou ser mentira.

Ele pensa um pouco e diz:
"Quem duvida e está infeliz
que comprove e que confira!"

Finalizo com um dos meus,

Pedro Ornellas
INFORMAÇÃO

Segue em seu carro o doutor
na estradinha empoeirada,
quando avista um lavrador
na roça puxando enxada.

Pergunta ao trabalhador:
“Não sou daqui... não sei nada...
pode informar, por favor,
se vai pra Franca esta estrada?”

Franzindo a testa, o caipira,
olha na estrada, suspira,
e na resposta se apressa:

“Si vai num sei, não sinhô...
mais vai sê ruim si ela fô,
que a gente aqui só tem essa!

Fontes:
O Autor
Imagem recebida por e-mail, sem definição de créditos do autor.

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