domingo, 11 de setembro de 2011

JB Xavier (Izo Goldman)


"A Trova, Acima de Tudo, faz Amigos".

Desprendido ao ponto de ser um judeu que possui uma das maiores coleções de imagens de São Francisco de Assis; um gaúcho cosmopolita que conheceu a Trova em Niterói, mas a desenvolveu em São Paulo, onde na década de 70, colocou de pé a combalida Seção da UBT local. E fê-lo dando um passo atrás, retrocedendo a Seção a Delegacia, porque sabia que este passo de retrocesso resultaria na maior seção da UBT do Brasil. Um homem que possui quase 900 trovas premiadas, incontáveis troféus, dois títulos de Magnífico Trovador e dois Lilinha Fernandes; que foi o criador deste Informativo, há 33 anos; que compôs o Jogral em Trovas, peça que inclusive já foi aula inaugural no Curso Superior de Literatura de Bragança Paulista. E a lista iria longe se dispuséssemos de espaço para descrever todas as suas realizações e conquistas no universo Trovadoresco.

Portanto, homenagear Izo Goldman é uma tarefa ao mesmo tempo hercúlea e delicada, prazerosa e árdua, realizadora e desafiante, particular e monumental. Isto porque, para descrever a noite, temos o ocaso que a precede; para descrever o dia, temos a aurora que no-lo antecipa, para descrever o vendaval, temos a calmaria que lhe serve de parâmetro; para descrever o sol temos a lua como referência de seu oposto; para descrever o calor, temos o morno que lhe serve de transição. Mas, para descrever Izo Goldman, não temos transição! Izo não nos concede o beneplácito da análise fácil, da conclusão óbvia, ou da previsibilidade. Não! Nele tudo é intenso! Nele vibram os opostos, em luta visceral, um tentando se sobrepor ao outro, numa tessitura finíssima, sutil, mas inexorável, só perceptível aos que se mantém atentos, e ainda assim, vibrando no mesmo diapasão que move o substrato do seu ser.

“Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca".
( Apocalipse 3:16).

Esta passagem bíblica ilustra bem a índole de Izo Goldman. Como nas cidades de Colossos e Hierápolis, com suas águas frias e quentes, pessoas mornas não lhe caem bem, tal como a água tépida de Laodicéia enjoava a quem a bebia.

Izo Goldman é ao mesmo tempo o verso e o inverso, o preto e o branco girando num vórtice sobre si mesmos numa luta infindável onde seu vulcão interior só pode ser medido - mas poucas vezes compreendido - pelas atitudes fortes, mas raramente injustas, em defesa de suas causas.

Izo Goldman não serve para colega, porque colega, por definição, é o amigo com o qual não se pode contar. Com Izo se pode contar. Sempre! Em qualquer circunstância, se estivermos advogando uma causa na qual acreditamos. Portanto Izo Goldman é para se ter como amigo. Ou inimigo!

Com Izo não há espaço para sub-repções, disfarces, máscaras, teatralidade, banalidade ou quaisquer outros modos de proceder que não sejam autênticos. Também não há espaço para o idolátrico, porque seu pragmatismo está sempre atento. Portanto, pouquíssimas coisas o impressionam. São inumeráveis os trovadores de sucesso que, ou foram por ele iniciados na Trova, ou recorrem a ele em busca de esclarecimentos quanto a conteúdo e forma desse gênero.

Como bom pragmatista, Izo divide os trovadores em duas grandes categorias: Os que trabalham pela Trova, e os que fazem trova, e luta para que esses dois tipos coexistam numa só pessoa, que eu, ousadamente, chamaria de Trovador Pleno. O melhor exemplo é o próprio Izo, cujas realizações em prol da Trova e composições no gênero são memoráveis.

Sobre Izo Goldman disse Sérgio Ferreira da Silva, outro Magnífico Trovador:

“Suas trovas fogem aos lugares-comuns e convidam o leitor a refletir com profundidade sobre os temas que propõem. O Título de seu livro ‘Trova de Quem Ama a Trova’ é o resumo perfeito para uma vida dedicada à trova e à União Brasileira de Trovadores”.

Creio que a frase que melhor define Izo Goldman foi dita por Voltaire:

“Posso não concordar com o que você diz, mas defendo até a morte o seu direito de dizê-lo”.

A palavra que melhor define Izo Goldman é “diferente”. E sobre os “diferentes” escreveu um dia Artur da Távola, o magnífico cronista brasileiro:

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes. Não mexa com um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.”

Fonte:
http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/3208778

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