terça-feira, 11 de março de 2014

A Natureza em Versos I

Fonte: Libreria Fogola Pisa
AGLAÉ TORRES
São Paulo/SP

Fragmentos de Sol e Lua

 

Plantadas na noite
as raízes da aurora
aprofundam-se no céu
asfixiando as estrelas
   Debruçando-se sobre o mundo
a gigantesca árvore-dia
emite claridade da copa
   voltada para a terra incendiada
Seus - os maduros frutos –
         Raios de Sol
iluminando a  Natureza
sonolenta.

 Entardecer
Fragmentos de dia encaixam-se
no quebra-cabeça colorido
de emoções em  arco-íris
tons fortes e fracos formando
um quadro de vida
captado na mente em vãos.

Incêndio no Céu...
O Sol descendo
pelo escorregador de nuvens
mergulha no horizonte
sem volta
abrasando o céu.

A lua branca emocionada
ocupa o lugar deixado pelo sol
e colhe saudades no dia vagaroso
do amor impossível de fusão.
Sem luz nem brilho,
desmaiada
em busca do calor do sol
desocupado.

A Lua no céu azul de noite clara
debruçada
refletindo o brilho e forma na piscina,
transformada
em lua cheia atrás das grades de galhos
 retratando a lua prisioneira.

Abriram-se no céu as venezianas de nuvens
 e a Lua espiou.
Lua Cheia.    

Deslizando pelo tule de nuvens
escondeu-se em escuro
e nesse entra-e-sai
ocultando-se e brilhando
fazendo-se desejada pelas ausências.
De repente
a Lua aparece plena, vitoriosa.
Venceu a batalha!

LUZARTE DE MEDEIROS BRITO
(São João do Sabugi/RN)

No Rancho

 

Aqui, sim, a vida é bela
na sombra deste ranchinho,
sentado à beira do mato,
meu mais doce e casto ninho,
como se, na vida, eu fosse
um liberto passarinho.

Contemplo campos e serras
azuladas, muito além...
No panorama do sul
vejo a cidade também,
mas ali, como nos campos,
belezas tantas não tem,

Lá existem belas praças
que os namorados desejam,
mas as flores mais viçosas
que os beija-flores beijam
não têm o mesmo perfume
das flores que aqui vicejam

Há festas e diversões,
parece um mar de orgia,
porém ali na cidade,
palco de tanta alegria
não tem a sombra do rancho
onde eu escrevo poesia.

Lá não tem a melodia
da passarada que canta,
nem cheiro virgem da terra
que a chuva do chão levanta,
por isso que do matuto
a felicidade é tanta.

O povo ali da cidade
se do caboclo faz troça,
é porque aquela gente
nunca veio aqui na roça
para também ser feliz
na sombra duma palhoça.

VERA MARIA DA PENHA

Rio Marinho

 

O rio Marinho,
Muito limpinho,
Todo alegrinho,
Corria faceiro
Pro lado do mar.

Levava  canoas
Pra lá e pra cá.
Vestia  as cores do mar
No empurrão da maré,
Que o forçava  subir
Em vez de correr
Pro lado do mar.
Era só travessura
No seu movimento
De ir e voltar.

Quando vinha a enchente
Usava veste barrenta,
E saltava sobre  as margens,
Só mesmo para  assustar
A gente ribeira
Que espiava com medo
Dele tudo levar.

O rio Marinho seguia limpinho,
Levando canoas pra lá e pra cá.
Tinha  águas salobras pro lado do mar.
Mas quem tinha pés sujos
Podia nelas lavar.
Por ele  passavam barcos,
Canoeiros destemidos,
Sem medo de afrontar.

Havia peixes a nadar.
Uma tarrafa bem lançada
Garantia o jantar.

O rio Marinho
Era rio e era mar.

Hoje, o rio Marinho
Tão pobrezinho
Perdeu sua glória
De barcos levar
Para  lá e pra cá.
Como um velho vencido,
desfila  pesado,
 vestido de preto.
Carrega em seu leito
dejetos humanos,
Sapatos, chinelos
Vestidos rasgados,
Sofás destruídos,
Animais falecidos...
A tudo ele arrasta,
Com muita penúria
Pro lado do mar.

Cheira tão mal
Que ninguém se atreve
Nele pisar.

E quando a enxurrada
Lhe dá  novo  banho
O que leva vomita
Com boca enojada
Nas águas do mar.

O rio Marinho
Era rio e era mar.

JURACI DA SILVA MARTINS

Aracuri

 

Teu canto é guerra,
Defende a terra,
Que é ventre e é seio,
Que é berço e é pão.
É o canto da fauna
Em serestas vigias,
Para a ecologia
A pedir proteção.
Deixai que nas matas,
Cantem os pássaros,
E os peixes nas águas
Possam viver.
Deixem nos campos
Andarem as emas,
E entre os serrados
A vida nascer.
Que as gralhas azuis
E os patos –arminhos,
Teçam seus ninhos
Sem nada temer.
Que as aves cativas,
cortem os ares,
Sobre os jaguares
Andantes da paz.
Que o canto de todos
No meio ambiente,
Impeçam na terra
A vida morrer.
Que os passarinhos
Cantem a beleza
Da natureza
Em doação.

VICÊNCIA JAGUARIBE
Fortaleza/CE

O Vento e a Lua


Lá fora o vento assovia
Uma canção ao luar.
À lua reverencia.
Ela não quer escutar.

Olhando através do frio
Pela janela se vê
Vê-se a lua num navio.
Delírio, só pode ser.

Em meio às nuvens navega
Em águas muito serenas.
Pobre vento: ora sossega
Ora expõe as suas penas.

Mas a lua, indiferente,
Continua a navegar.
O barco vai sempre em frente
Até o abismo encontrar.

Escura nuvem o apaga
Nenhum olho o pode ver.
Do vento o assovio vaga
Vai saudar o alvorecer.

Nós também vemos fugir
Em um navio fantasma,
Sem sequer se despedir,
O amor que nos cegava.

Somos ventos que assoviam
Para a pessoa que amamos
Que nem sempre desconfia
Do quanto a idealizamos.

Fonte:
IV Troféu Literatura da Natureza, in http://www.reinodosconcursos.com.br

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