Na vida é sempre interessante tentarmos transformar limões em limonada, ou pelo menos em uma boa caipirinha. Neste caso, o limão foi à fisioterapia que iniciei no braço esquerdo (mais uma doença em minha coleção particular), transformada no texto que você está começando a ler agora.
Para se tratar de um braço com tendinite, um bom lugar é em uma clínica de fisioterapia. Um local parecido com uma academia de ginástica, pois conta com apetrechos para prática de exercícios, mas que dividem espaço com estranhos equipamentos eletrônicos. Outra diferença é que ao invés de instrutores vestidos em roupas esportivas, encontramos ali atendentes usando jalecos brancos. Para minha sorte, fui atendido por gente simpática e competente, como a jovem fisioterapeuta Berta e de seu fiel escudeiro e auxiliar Luciano. Eram eles que decidiam em qual máquina os pacientes deveriam padecer primeiro (para mim “padecer” significava ficar preso aos tais equipamentos, com os olhos livres para ler todas as revistas que eu pudesse arrebanhar da sala de espera).
De todas as máquinas utilizadas em meu tratamento, a que tinha mais botões, mais fios ligados ao meu braço (que era antes lambuzado com gel), e que demorava mais tempo presa ao corpo (uns vinte minutos), era uma belezinha chamada TNS. Sendo a única que demonstrava surtir algum efeito positivo, pois causava algo parecido com um formigamento (sem a necessidade de colocar o braço num formigueiro). Tal benefício suscitou à vontade de utilizá-la de uma forma mais prolongada. Um aparelho assim em casa poderia ser melhor do que muita aspirina. Bastaria deixá-lo ligado ao braço lesionado, posicionar uma caixa de isopor cheio de cervejas ao alcance do outro braço, adicionar a este cenário um confortável sofá, uma almofada e uma televisão, e o tratamento ficaria perfeito.
Para por essa ideia em prática, o primeiro passo foi verificar com a turma da fisioterapia se aquilo era viável. Mas, para minha tristeza, a explicação dada foi de que o aparelho não curava nada, atuando somente no combate a dor. Na verdade, eram os outros aparelhos (que eu tanto desprezei), que traziam melhorias ao problema.
Pensei em argumentar, que se talvez utilizássemos algum tipo inovador de catalisador misturado ao gel, como por exemplo, o pó das tais pedras de criptonita descobertas recentemente, o TNS não poderia surtir efeitos mais milagrosos (lembro que no seriado SMALLVILLE, isto sempre dava certo). Caso isso acontecesse, ele poderia ser empregado em várias enfermidades, tais como a diarréia, a caspa, a gripe, o mau-olhado, a urucubaca entre outras moléstias que existem por aí. Quem sabe até atuar na cura de uma das maiores doenças da humanidade, a corrupção.
Mas preferi não arriscar este tipo de ideia. Afinal, pior do que ter uma dor no braço, é acabar sendo forçado a começar um outro tipo de tratamento, algo somente realizado em locais especiais, também conhecidos como clínicas psiquiátricas.
Fonte:
http://www.recantodasletras.com.br/humor/547350
Para se tratar de um braço com tendinite, um bom lugar é em uma clínica de fisioterapia. Um local parecido com uma academia de ginástica, pois conta com apetrechos para prática de exercícios, mas que dividem espaço com estranhos equipamentos eletrônicos. Outra diferença é que ao invés de instrutores vestidos em roupas esportivas, encontramos ali atendentes usando jalecos brancos. Para minha sorte, fui atendido por gente simpática e competente, como a jovem fisioterapeuta Berta e de seu fiel escudeiro e auxiliar Luciano. Eram eles que decidiam em qual máquina os pacientes deveriam padecer primeiro (para mim “padecer” significava ficar preso aos tais equipamentos, com os olhos livres para ler todas as revistas que eu pudesse arrebanhar da sala de espera).
De todas as máquinas utilizadas em meu tratamento, a que tinha mais botões, mais fios ligados ao meu braço (que era antes lambuzado com gel), e que demorava mais tempo presa ao corpo (uns vinte minutos), era uma belezinha chamada TNS. Sendo a única que demonstrava surtir algum efeito positivo, pois causava algo parecido com um formigamento (sem a necessidade de colocar o braço num formigueiro). Tal benefício suscitou à vontade de utilizá-la de uma forma mais prolongada. Um aparelho assim em casa poderia ser melhor do que muita aspirina. Bastaria deixá-lo ligado ao braço lesionado, posicionar uma caixa de isopor cheio de cervejas ao alcance do outro braço, adicionar a este cenário um confortável sofá, uma almofada e uma televisão, e o tratamento ficaria perfeito.
Para por essa ideia em prática, o primeiro passo foi verificar com a turma da fisioterapia se aquilo era viável. Mas, para minha tristeza, a explicação dada foi de que o aparelho não curava nada, atuando somente no combate a dor. Na verdade, eram os outros aparelhos (que eu tanto desprezei), que traziam melhorias ao problema.
Pensei em argumentar, que se talvez utilizássemos algum tipo inovador de catalisador misturado ao gel, como por exemplo, o pó das tais pedras de criptonita descobertas recentemente, o TNS não poderia surtir efeitos mais milagrosos (lembro que no seriado SMALLVILLE, isto sempre dava certo). Caso isso acontecesse, ele poderia ser empregado em várias enfermidades, tais como a diarréia, a caspa, a gripe, o mau-olhado, a urucubaca entre outras moléstias que existem por aí. Quem sabe até atuar na cura de uma das maiores doenças da humanidade, a corrupção.
Mas preferi não arriscar este tipo de ideia. Afinal, pior do que ter uma dor no braço, é acabar sendo forçado a começar um outro tipo de tratamento, algo somente realizado em locais especiais, também conhecidos como clínicas psiquiátricas.
Fonte:
http://www.recantodasletras.com.br/humor/547350
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