PROVÍNCIAS
Pensou ser histeria
a província. Estava
olhando o espaço
errado. A província
incógnita contém
ideias indigestas
trazidas de fora. O cosmo
fechado em buracos atrai
a sede da permanência:
bom dia boa tarde boa noite.
FAMÍLIA
Pais e filhos distanciados
em compromissos
de escola e trabalho
desconhecidos no final do dia
secas cadeiras de altos espaldares
escondem corpos cansados
de frustrações
e raiva: poucas
esperanças de dias acalmados
nos finais de semana
tempo: erro humano de progresso
e regresso
em novos caminhos
de reis e rainhas
em troncos
no despetalar
de secas flores
pelas ruas a cidade perambula corpos
isentos de culpas na espera de trens
atrasados desde a infância.
PENSAMENTOS
observo a paisagem
além
a noite se aclara
pensamentos estrelam
a velocidade necessária
a paisagem cessa na nuvem
em que o pensar permanece
atento
tempos difíceis de descobertas
ensombrecem a vida em relações
vazias de interpretação única
retorno à luz das estrelas
no firmamento sem sombras
não encontro o significado
para estar aqui
meus olhos fixam o horizonte
no firmamento que desaparece
(serão) dias de difíceis ultrapassagens
pela paisagem fechada
SOLIDÃO
O carro diminui a marcha
sinaliza
sai da estrada
e para
nenhum envelope posto
sob a porta
o carro parado
na noite
suas luzes
indicam a ignição
ligada
nenhuma mão procura
sob a porta
algum envelope
o tiro ecoa
o corpo cai
sobre a direção
e as luzes se apagam.
VIDRAÇAS
A vidraça transcende defesas: mostra
aos olhos educados a graça da visão.
Determina a transparência e alucina
o corpo visto. Desconta as sombras
e alisa o rosto. Encontra o espaço
e se projeta no vazio da imagem.
Revista em séries inconcebíveis
a vidraça alonga a visão da casa
e a integra ao lado de fora.
Nada pretende além de ligar
o exposto e o imposto
ao silêncio.
MONTANHAS
Traz o sorriso
em olhos brilhantes
a música rápida e alta
montanhas aparentes
no presente
em que se apresentam
músicos
sorrisos de entrevistas vidas
além dos poucos rostos
que admiram a vista
montanhas e gritos
nos ecos de tempos
em planícies.
SONHOS
Por que não escrevo sobre sonhos
sofro tormentosos instantes
em que a cena desnuda desenredos
de náufragos sentimentos
na busca de longos desencontros
ávidas águas serpenteiam pecados
não acontecidos na comunhão do corpo
no esgarçar dos tecidos
no semi-brilho das alturas
e no não chegar
sou sombra sobra sobrado encantado
da esquina no caminhar retilíneo pela calçada
descoradas paredes liberam o corpo
de meu futuro passado e presente
momento na mumificação do corpo
em sorrisos e esgares
movimento protelatórios
em que o acordar se manifesta
e cessa.
Fonte:
O Autor
Pensou ser histeria
a província. Estava
olhando o espaço
errado. A província
incógnita contém
ideias indigestas
trazidas de fora. O cosmo
fechado em buracos atrai
a sede da permanência:
bom dia boa tarde boa noite.
FAMÍLIA
Pais e filhos distanciados
em compromissos
de escola e trabalho
desconhecidos no final do dia
secas cadeiras de altos espaldares
escondem corpos cansados
de frustrações
e raiva: poucas
esperanças de dias acalmados
nos finais de semana
tempo: erro humano de progresso
e regresso
em novos caminhos
de reis e rainhas
em troncos
no despetalar
de secas flores
pelas ruas a cidade perambula corpos
isentos de culpas na espera de trens
atrasados desde a infância.
PENSAMENTOS
observo a paisagem
além
a noite se aclara
pensamentos estrelam
a velocidade necessária
a paisagem cessa na nuvem
em que o pensar permanece
atento
tempos difíceis de descobertas
ensombrecem a vida em relações
vazias de interpretação única
retorno à luz das estrelas
no firmamento sem sombras
não encontro o significado
para estar aqui
meus olhos fixam o horizonte
no firmamento que desaparece
(serão) dias de difíceis ultrapassagens
pela paisagem fechada
SOLIDÃO
O carro diminui a marcha
sinaliza
sai da estrada
e para
nenhum envelope posto
sob a porta
o carro parado
na noite
suas luzes
indicam a ignição
ligada
nenhuma mão procura
sob a porta
algum envelope
o tiro ecoa
o corpo cai
sobre a direção
e as luzes se apagam.
VIDRAÇAS
A vidraça transcende defesas: mostra
aos olhos educados a graça da visão.
Determina a transparência e alucina
o corpo visto. Desconta as sombras
e alisa o rosto. Encontra o espaço
e se projeta no vazio da imagem.
Revista em séries inconcebíveis
a vidraça alonga a visão da casa
e a integra ao lado de fora.
Nada pretende além de ligar
o exposto e o imposto
ao silêncio.
MONTANHAS
Traz o sorriso
em olhos brilhantes
a música rápida e alta
montanhas aparentes
no presente
em que se apresentam
músicos
sorrisos de entrevistas vidas
além dos poucos rostos
que admiram a vista
montanhas e gritos
nos ecos de tempos
em planícies.
SONHOS
Por que não escrevo sobre sonhos
sofro tormentosos instantes
em que a cena desnuda desenredos
de náufragos sentimentos
na busca de longos desencontros
ávidas águas serpenteiam pecados
não acontecidos na comunhão do corpo
no esgarçar dos tecidos
no semi-brilho das alturas
e no não chegar
sou sombra sobra sobrado encantado
da esquina no caminhar retilíneo pela calçada
descoradas paredes liberam o corpo
de meu futuro passado e presente
momento na mumificação do corpo
em sorrisos e esgares
movimento protelatórios
em que o acordar se manifesta
e cessa.
Fonte:
O Autor
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