segunda-feira, 10 de março de 2014

Cida Micossi (Mar de Versos)


CHUVA NO ASFALTO

Se há algo que me fascina
Que ainda tenho na retina
É a chuva caindo ao chão
Naquele asfalto molhado
Lá na Avenida São João.

Ah, eu me lembro ainda
Era muito pequenina
Mas o amor que recebi
Deixou marcas indeléveis
Felizmente positivas
Belas lembranças infindas.

Lembro-me: era carnaval
E o compadre de meu pai
Apinhou-nos em seu auto
Um pequeno caminhão...
... e voltam as recordações
refletidas no asfalto:

Sentíamos muito orgulho
Por residir na capital
E o passeio na cidade
Trazia felicidade
A quem muito pouco tinha

Mas isso hoje são lembranças
De um feliz tempo de criança.

ALMAS GÊMEAS

Alma gêmea, quem disse
Que tem de ser namorado,
Ou se deve ser casado
Pra acontecer tal feitiço?

Almas gêmeas somos nós
Que ao nos sentimos tão sós
Juntamos as solidões
Compartilhando emoções.

E que então ao percebermos
Não só dois, mas um trio sermos
Trigêmeas almas em harmonia:
Amigos, saúde e alegria!

O HINO NACIONAL
 

Canta a flâmula, que ondeia
Nos mastros de norte a sul,
Colorindo o nosso azul
Do céu desta grande aldeia.

Canta as matas, canta a vida,
A beleza e a grandeza
Desta pátria altaneira,
Deste povo hospitaleiro.

Representa a identidade,
O símbolo da civilidade
Que deve ser respeitado
E sempre comemorado.

Ouvi-lo longe da Pátria
É motivo de emoção,
De auto-estima e de saudade
De nosso imenso rincão.

A esta terra abençoada
Pacífica e gloriosa
Foi feito o mais belo hino
Do qual somos orgulhosos!

LOUCO?

Louco? Não!
Apenas bebi um pouco
Das águas da cachoeira,
Do orvalho sobre a flor.
Do veneno dos teus lábios
Sonhei morrer de amor

 Sobrevivo entre a fronteira
Da sanidade e da loucura
Faço versos – na procura
De ser feliz a vida inteira

ONZE HORAS
(Saudação à entrada da primavera)

 Pra quem conhece as onze horas
Não é difícil explicar
Seus caprichos, suas manhas
Nas manhãs a vicejar
Preguiçosas, sonolentas
Hora certa pra acordar
Nos darão a recompensa
Logo que o sol as beijar

 Pequeninas, tão singelas
De variado colorido
Elas se abrem em tapete
Multicor em meio ao verde
Espalhando-se viçosas
Do amarelo à cor de rosa

 Mas desde que o sol se põe
Até que amanheça o dia
As britânicas florzinhas
Privam-nos de sua companhia
E sempre no mesmo horário
Nossos olhos vão sorrir
Presenteados pela beleza
Das onze horas a se abrir.

SETEMBRO

 Quando setembro chegar
Em Descalvado quero estar
Lembrar dos tempos felizes
Da infância inocente e livre

 Jabuticabas no pé apanhar
Ao desfile cívico assistir
Na festa da padroeira divertir
Velhos amigos encontrar

 E assim matando saudades
De um tempo bom, sem maldade
Em Descalvado quero estar
Quando setembro chegar.

MÃE TERRA

Compacto planeta
De mais denso corpo
No espaço sideral
Grande parte coberta
Por um lençol d’água.
É o único local
No imenso Universo
Onde a Vida existe.

Este “Pálido Ponto Azul”*
Do espaço foi visto
Desde o Norte até o Sul

Deusa da fertilidade
Mãe que dá e tira,
Sustenta e possibilita
A ordem no mundo.

Nutre, mas devora
Os seus próprios filhos
Quando eles perecem.

Filhos esses hoje
Que sem consciência
Dela tudo tiram
Sujam-na e aviltam
Perfuram, alteram
Toda a sua essência

Suas placas tectônicas
Remexem-se atônitas
Mandando o recado
Através de sinais
Por muitos ignorados.

Mas ao seu poder
Nada se compara
Quando a ira irrompe:

Pela força d’água...
Por febris tremores...
Por lágrimas de fogo...
Bradando por Amor!

A MUITAS MÃOS

Na casa da farinha
O branco ouro
Não brota só da terra;
Brota do suor
Da dura lida.
As mãos não param:
Descascam, ralam...
A moenda abafa
Os sonhos, os desejos...
O doce embalo...

Não há tempo.
Calejada a alma
Que só se acalma
Quando se entrega ao sono.

Não mais o ouro
Do branco leite
Jorrado das negras mãos.

Ao senhor os louros!

Às mãos escravas
A dura certeza
Que a lida é dura
Ao romper do dia.

Fonte:
http://cidasonhosefantasias.zip.net/arch2010-04-25_2010-05-01.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, fiquei surpresa ao ver meus poemas divulgados neste blog. Obrigada :)
Cida Micossi