CONTATO
antenas
ouvidos atentos rastreiam
universos no conhecido
espaço de quase nada
procuram seres
que se comuniquem
conosco
estamos aqui
e queremos entender vocês
não há resposta
além das ondas
regulares de rádio
estática
na pulsação das estrelas
e nas estradas estelares
a preocupação do humano egoísmo
preso em considerações terrenas
no esquecer o principal: sermos
merecedores da resposta
e do contato
FERRO
no trabalho os homens
usam suas forças
habilidades
malham o ferro
cortam o ferro
fazem com o ferro armações
do esqueleto posto em pé
entre tábuas e pregos
concretada sustentação
o prédio
o vento e a luz
o sombreamento
o ferro estaqueado pelo homem
introduz futuras paisagens
fosse nova a área oferecida
pela tragédia descortinada
vista e cansaço na prisão
reconfortante dos anos
homens trabalham rápidos
com suas máquinas de cortar o ferro
entortar o ferro
dar forma à disforme
montanha de onde o ferro é retirado.
CAPAZ
Capaz de irradiar
o fato no sacrilégio
do acontecimento em lance
rápido de ataque. A sistematização
da defesa no entorno da praça. O contorno
do pássaro em ares enjaulado. Imprimir
no verso o movimento lento das parábolas.
Imprimir no selo a marca da passagem.
Ter na capacidade adjetivada
do referendo o dogma não acontecido.
ANO NOVO
Fosse o bem-vindo ano da fartura
dos deuses acomodados em abóbadas
silenciosas e calmas. Tempos de calmaria
e sossego sem doenças e telúricos cantos
dos que sofrem os momentos
o vento forçando a janela
a vidraça impedindo a vista: olhos
descansados do trabalho. O início
no recomeço da solidez repetida
dos sapatos sobre o piso. O ano
esperado nas bodas entre o bem
e o sacrifício exigido na ressurreição
das ideias atordoadas em estrondos
fosse chegado o tempo do reencontro
na descontinuada forma de não irmos
embora.
TRADUZIR-ME
a tradução no ouvido atento
dos gestos e das falas
cala a palavra
mal dita
- seja a minha -
outra a sequência
em que as mãos revelam a tese
da solidão sofrida
não esqueço a leitura
amena
das flores em açucenas
o olhar moreno dos fogos
e das pedras o estilhaço
sobre a vidraça
repito a noite
de prazeres na linguagem
que acalma o palavrão nas lutas
em dias de raivas
e amores
traduzido no espírito de conta-gotas
nas frias manhãs de calendários
incompreendidos - sem o tempo
permaneço
na plenitude da palavra significante
das horas cheias em que alego
a confidência e me sufoco.
NASCER
Conhece do mar a correnteza
a força a cor e as ondas
restabelece com o ar relação de força
ao planar o objeto e contar o espaço
em velocidade no desfazer a terra
em pedaços loteados nos alicerces
das casas altas: reanima o corpo
sob o estupor da música
e se deixa ficar: a vida é a mesma
desde quando gerado.
ETERNO
O corpo desaparece
na imaterialidade
que conhecemos
como o todo
tolo espírito
não freado
na saudade
do diariamente
consumido
sem o corpo
- posto abaixo -
na lembrança e impossibilidade
do futuro: não há futuro
na eternidade.
VIDAS
Descendente da geração
perdida em experimentos
de foscas luzes
prisões primeiras
em esgarçados tecidos libertários
de ouvidos atentos aos chamados
na concretização dos gritos
de descoberta: a igualdade
se faz ao largo
e águas cobrem a face
no naufrágio provocado
em defesa. O rito permanece
no toque sutil do locutor
esportivo: jogo apresentado
ao transeunte distraído
em regras que resgatam o barco
na liberdade tardia e inconsequente
do preço cobrado na passagem.
IMENSIDÃO
as dúvidas dos antepassados
complexas em desdobramentos
e no aprofundamento da ignorância
com que nos deparamos pelo tempo
ao longe a vista alcança calores
em que a imagem é traduzida
e se faz bela e conhecida
com a imaginamos
não é a resposta e a aposta
continua aberta ao desígnio
da imaginação abstrata
retratada em idiossincrasias
a vontade retorna ao tema
e o teorema se faz na imensidão
espacial que nos seduz
Fonte:
O Autor
antenas
ouvidos atentos rastreiam
universos no conhecido
espaço de quase nada
procuram seres
que se comuniquem
conosco
estamos aqui
e queremos entender vocês
não há resposta
além das ondas
regulares de rádio
estática
na pulsação das estrelas
e nas estradas estelares
a preocupação do humano egoísmo
preso em considerações terrenas
no esquecer o principal: sermos
merecedores da resposta
e do contato
FERRO
no trabalho os homens
usam suas forças
habilidades
malham o ferro
cortam o ferro
fazem com o ferro armações
do esqueleto posto em pé
entre tábuas e pregos
concretada sustentação
o prédio
o vento e a luz
o sombreamento
o ferro estaqueado pelo homem
introduz futuras paisagens
fosse nova a área oferecida
pela tragédia descortinada
vista e cansaço na prisão
reconfortante dos anos
homens trabalham rápidos
com suas máquinas de cortar o ferro
entortar o ferro
dar forma à disforme
montanha de onde o ferro é retirado.
CAPAZ
Capaz de irradiar
o fato no sacrilégio
do acontecimento em lance
rápido de ataque. A sistematização
da defesa no entorno da praça. O contorno
do pássaro em ares enjaulado. Imprimir
no verso o movimento lento das parábolas.
Imprimir no selo a marca da passagem.
Ter na capacidade adjetivada
do referendo o dogma não acontecido.
ANO NOVO
Fosse o bem-vindo ano da fartura
dos deuses acomodados em abóbadas
silenciosas e calmas. Tempos de calmaria
e sossego sem doenças e telúricos cantos
dos que sofrem os momentos
o vento forçando a janela
a vidraça impedindo a vista: olhos
descansados do trabalho. O início
no recomeço da solidez repetida
dos sapatos sobre o piso. O ano
esperado nas bodas entre o bem
e o sacrifício exigido na ressurreição
das ideias atordoadas em estrondos
fosse chegado o tempo do reencontro
na descontinuada forma de não irmos
embora.
TRADUZIR-ME
a tradução no ouvido atento
dos gestos e das falas
cala a palavra
mal dita
- seja a minha -
outra a sequência
em que as mãos revelam a tese
da solidão sofrida
não esqueço a leitura
amena
das flores em açucenas
o olhar moreno dos fogos
e das pedras o estilhaço
sobre a vidraça
repito a noite
de prazeres na linguagem
que acalma o palavrão nas lutas
em dias de raivas
e amores
traduzido no espírito de conta-gotas
nas frias manhãs de calendários
incompreendidos - sem o tempo
permaneço
na plenitude da palavra significante
das horas cheias em que alego
a confidência e me sufoco.
NASCER
Conhece do mar a correnteza
a força a cor e as ondas
restabelece com o ar relação de força
ao planar o objeto e contar o espaço
em velocidade no desfazer a terra
em pedaços loteados nos alicerces
das casas altas: reanima o corpo
sob o estupor da música
e se deixa ficar: a vida é a mesma
desde quando gerado.
ETERNO
O corpo desaparece
na imaterialidade
que conhecemos
como o todo
tolo espírito
não freado
na saudade
do diariamente
consumido
sem o corpo
- posto abaixo -
na lembrança e impossibilidade
do futuro: não há futuro
na eternidade.
VIDAS
Descendente da geração
perdida em experimentos
de foscas luzes
prisões primeiras
em esgarçados tecidos libertários
de ouvidos atentos aos chamados
na concretização dos gritos
de descoberta: a igualdade
se faz ao largo
e águas cobrem a face
no naufrágio provocado
em defesa. O rito permanece
no toque sutil do locutor
esportivo: jogo apresentado
ao transeunte distraído
em regras que resgatam o barco
na liberdade tardia e inconsequente
do preço cobrado na passagem.
IMENSIDÃO
as dúvidas dos antepassados
complexas em desdobramentos
e no aprofundamento da ignorância
com que nos deparamos pelo tempo
ao longe a vista alcança calores
em que a imagem é traduzida
e se faz bela e conhecida
com a imaginamos
não é a resposta e a aposta
continua aberta ao desígnio
da imaginação abstrata
retratada em idiossincrasias
a vontade retorna ao tema
e o teorema se faz na imensidão
espacial que nos seduz
Fonte:
O Autor
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