terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Gérson César Souza (Poemas Escolhidos)



ISABEL

Eu vejo teu ventre crescendo, menina,
Semente que a gente plantou.
Teu jeito de “mãe aprendendo”, menina,
me ensina que a vida mudou.

Eu vejo em teus olhos de espera, menina,
a paz de quem faz o depois,
e a flor que trará primavera, menina,
germina o amanhã de nós dois.

Menina, teus sonhos também são meus sonhos,
são teus o meu som, minha voz,
e com paciência tu geras a essência
do amor que se fez entre nós.

Ficar em teu colo dormindo, menina,
é um bem que não tem outro igual.
Teu rosto tão lindo sorrindo, menina,
termina de vez com o mal.

Menina, teus sonhos também são meus sonhos,
são teus o meu som, minha voz,
é lindo, te juro, menina, o futuro
do amor que se fez entre nós.
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QUIMICAMENTE FALANDO

Quimicamente falando
nós vivemos reagindo,
somos átomos se unindo,
compostos se combinando.
Falando quimicamente
somos soluto e solvente,
comburente e combustível.
Viver sem ti é impossível,
quimicamente falando.

Quimicamente falando
nós temos grande entalpia,
a nossa estequiometria
está sempre balanceando.
Falando quimicamente
o nosso calor latente,
mantém essa ebulição.
Somos dupla ligação,
quimicamente falando.

Quimicamente falando
Tu és a equação direta,
o íon que me completa,
o amor se catalisando.
Falando quimicamente
Esta paixão entre a gente
jamais será diluída
Eu te entrego a minha vida
quimicamente falando.
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DEUSA DA NOITE

Quando a noite se fez pela estrada
surgiste do nada, vieste da rua.
Uma deusa perfeita e formosa,
coberta de rosas, vestida de lua.

Como que compensando o sol posto,
a luz do teu rosto brilhou no caminho,
preenchendo o vazio do leito,
enchendo o meu peito de paz e carinho.

Tua boca sorriu, me tocou,
num beijo mandou para longe a saudade,
e, de amor, nossos corpos se uniram
e então descobriram a felicidade.

Vendo agora esta noite findando
fico te observando, com medo no olhar,
de que sejas um sonho somente,
e que, de repente, eu precise acordar...
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CIDADE AMADA

Nasci longe daqui, porém aconteceu
que a vida assim quisesse me ver perto de ti.
E então, Cidade Amada, cheguei... te conheci...
e este teu povo alegre logo me recebeu.

Provando a erva mate que o solo ofereceu,
amando o jeito alegre deste povo daqui,
na beira do Iguaçu, pescando um lambari,
depressa eu me senti igual a um filho teu.

Desejo, minha terra, toda a felicidade,
e que tu sigas sempre sendo a linda cidade
na qual eu vim morar, por vontade de Deus.

E que todos escutem o que o meu verso diz:
não há outro lugar para ser mais feliz
do que a cidade amada, chamada São Mateus!!!
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VEREI QUE É PRIMAVERA

Verei que é primavera se o poente
cobrir com raios rubros nosso leito,
e a flor do nosso amor (que era perfeito)
surgir desabrochando lentamente.

Verei que é primavera se meu peito
Sentir brotar o ardor que estava ausente,
e, então, tendo-te perto novamente,
unir as partes do que foi desfeito.

Verei que é primavera se chegares
e o teu perfume em todos os lugares
vier recompensar tão longa espera.

O inverno da saudade irá sumindo,
deixando, em seu lugar, o amor florindo,
e ao ser feliz verei que é primavera...

Poesia premiada no concurso de sonetos de Pouso Alegre/MG
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LEMBRANÇAS

Nas horas em que bate uma incerteza,
em que meus pés não pisam com firmeza,
eu busco, pai, a força dos teus passos.
Como se eu fosse ainda uma criança
que tenta caminhar... treme... balança...
mas sabe que ao cair, cai em teus braços.

Nas horas em que eu erro (e eu erro tanto)
para acalmar as dores do meu pranto
eu tento recordar cada lição...
E então, como num toque de magia,
eu volto a ver o olhar que corrigia
e a ouvir a voz que dava o teu perdão.

Nas horas em que eu busco mais coragem,
ao reencontrar, na mente, a tua imagem,
com ela, os meus temores eu reparto.
E eu sinto que tu segues ao meu lado
me protegendo, como no passado,
afugentando os monstros do meu quarto...

Pai, eu cresci... E o teu menino agora
não pode te chamar sempre que chora
e nem pedir teu colo quando cai.
Porém eu sou, no mundo das lembranças,
a mais feliz de todas as crianças
por ter um grande amigo, herói e pai!

Fonte: SOUZA, Gerson César. Dons DiVersos. Cachoeirinha/RS: Texto Certo, 2012.

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