LÍRICA Nº 03
Para onde foste
depois que saíste dos meus braços,
se já conhecias todos os caminhos?...
Vais te perder à toa,
agora que eu já tinha te achado...
LÍRICA Nº 04
Consolo triste
este o de repetir inutilmente
que restará a lembrança
de que vivemos a eternidade
em algum tempo...
Consolo triste.
Chego a pensar que seria preferível
continuar a viver o efêmero
eternamente...
LÍRICA Nº 05
As vezes me surpreendo
a olhar minhas mãos vazias
como taças sem finalidade
depois que a festa acabou...
Que outras mãos tremulas e bêbadas,
deslumbradas de beleza e de prazer,
te tomarão, num brinde?
LÍRICA Nº 06
Falo em volta,
para iludir minha tristeza...
Como se enganam as crianças,
distraindo-as
à hora da morte sair...
LÍRICA Nº 07
Bem sei eu estou pagando caro,
em sofrimento,
a alegria que colhi.
Mas valeu.
Felizes os que ainda tem
a lembrança do sol
quando chega a invernia.
E porque o conheceram,
e o sabem além das nuvens,
ainda sonham e esperam
por um novo dia.
LÍRICA Nº 08
Antes
nos adivinhávamos.
E de súbito,
não nos vimos mais.
LÍRICA Nº 10
Sigo carregando este amor
dentro de mim...
Chorar por ele, quem há de ?
Tenho a impressão
de que hei de levá-lo assim
até onde eu for,
embalsamado em minha saudade...
- ...Amor
de eternidade.
LÍRICA Nº 12
Chorar, seria fraqueza,
apesar de não poder evitar
que os olhos se turvem.
Morrer, talvez fosse a solução.
Mas, e quando voltares?
Fonte:
J. G. de Araújo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. vol. 3. SP: Ed. Theor, 1965.
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