segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

J. G. de Araújo Jorge (Líricas) 1


LÍRICA Nº 03
  
Para onde foste
depois que saíste dos meus braços,
se já conhecias todos os caminhos?...

Vais te perder à toa,
agora que eu já tinha te achado...

LÍRICA Nº 04
   
Consolo triste
este o de repetir inutilmente
que restará a lembrança
de que vivemos a eternidade
em algum tempo...

Consolo triste.
Chego a pensar que seria preferível
continuar a viver o efêmero
eternamente...

LÍRICA Nº 05
   
As vezes me surpreendo
a olhar minhas mãos vazias
como taças sem finalidade
depois que a festa acabou...
Que outras mãos tremulas e bêbadas,
deslumbradas de beleza e de prazer,
te tomarão, num brinde?

LÍRICA Nº 06
   
Falo em volta,
para iludir minha tristeza...
Como se enganam as crianças,
distraindo-as
à hora da morte sair...

LÍRICA Nº 07


Bem sei eu estou pagando caro,
em sofrimento,
a alegria que colhi.

Mas valeu.

Felizes os que ainda tem
a lembrança do sol
quando chega a invernia.

E porque o conheceram,
e o sabem além das nuvens,
ainda sonham e esperam 
por um novo dia.

LÍRICA Nº 08

Antes
nos adivinhávamos.

E de súbito,
não nos vimos mais.

LÍRICA Nº 10

Sigo carregando este amor
dentro de mim...

Chorar por ele, quem há de ?

Tenho a impressão
de que hei de levá-lo assim
até onde eu for,
embalsamado em minha saudade...

- ...Amor
de eternidade.

LÍRICA Nº 12
   
Chorar, seria fraqueza,
apesar de não poder evitar
que os olhos se turvem.
Morrer, talvez fosse a solução.

Mas, e quando voltares?

Fonte:
J. G. de Araújo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. vol. 3. SP: Ed. Theor, 1965.

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