LÍRICA Nº 13
Afinal me surpreendo
de que ainda insista,
ainda tente.
O que? Se nada adianta.
Se tudo se desfigura
nem bem arranco do coração
e exponho em palavras...
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LÍRICA Nº 14
Exatamente neste instante, que farás? Estarei em ti,
envolvendo-te e conduzindo-te, como estás em mim
neste halo de angústia que é a tua falta ao meu redor?
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LÍRICA Nº 15
Ficaste nua em meus sentidos.
Lembro-me que eras friorenta
e sinto frio por ti.
Em vão tento cobrir-te com a saudade,
falta o amor.
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LÍRICA Nº 17
Se não mentes, como não minto
quando te tenho nos braços
- chega! Para que mais "por quês"?
Para que culpar a Deus
se do mesmo barro nos fez?
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LÍRICA Nº 18
Não. Não te entenderei. E na verdade
já nada mais importa.
A vida para mim é um intérmino solo...
Como poderei te entender, se me trazes agora
morto, nos braços,
o mesmo amor que há pouco, em beijos, embalavas,
e aconchegavas ao colo?
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LÍRICA Nº 21
I
Difícil compreender
como se acidulou o que era puro mel...
Tu que eras toda amor, ternura e sonho,
num momento te tornaste
fria, cruel.
II
(Em vão tento gritar ao sofrimento
que me suplicia: basta!)
Até hoje me pergunto a razão por que tu, que eras
a crente humilde e fiel,
de repente, te tornaste a iconoclasta?
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LÍRICA Nº 23
E quem diria, amor, que ao amanhecer
não nos reconheceríamos,
nós que até como cegos
antes nos encontrávamos…
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LÍRICA Nº 26
Não te desejo a felicidade.
Resta-me a inútil convicção
de que já a colhemos.
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LÍRICA Nº 27
Mereço tudo. Tinha de acontecer.
curvei-me tanto a este amor
que passaste por cima,
sobranceira,
e acabaste por nem me perceber...
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LÍRICA Nº 28
Desmemoriados, enterramos este amor
em que lugar?
E ainda bem. Era amor que nasceu só para se viver,
não, para se lembrar.
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LÍRICA Nº 29
No fundo, não acredito que nos despedimos.
Apenas nos afastamos um do outro
por algum tempo,
para darmos ao destino a alegria de nos reencontrar.
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LÍRICA Nº 30
Em vão tento vingar em outras
o amor perdido.
Só consigo ir multiplicando
a tua falta.
Fonte:
J. G. de Araújo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. vol. 3. SP: Ed. Theor, 1965.
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